Desobediência civil e a objeção da consciência na vacinação contra o Covid-19
DOI:
https://doi.org/10.5020/2317-2150.2025.15308Palavras-chave:
Desobediência civil, Vacinação, COVID-19, Pandemia, Objeção de consciência.Resumo
A desobediência civil e a objeção de consciência são práticas sociais distintas, porém inter-relacionadas, que evidenciam a oposição dos indivíduos a leis, políticas, diretivas ou esquemas específicos. Nesse contexto, o presente estudo tem como objetivo analisar a desobediência civil no âmbito da vacinação contra a COVID-19. Para tal, foi realizada uma revisão bibliográfica nas bases de dados SciELO e Google Scholar, visando coletar dados sobre o tema proposto. Após a análise dos dados, constatou-se que, de modo geral, a desobediência civil é mais abertamente comunicativa e política do que a objeção de consciência. A desobediência civil é, quase por definição, uma violação da lei, na qual os indivíduos se engajam com o propósito de forçar mudanças nas práticas governamentais ou não governamentais. Tanto a desobediência civil quanto a objeção de consciência podem ser observadas nas atitudes daqueles que se recusam a tomar a vacina contra a COVID-19, gerando desafios normativos e políticos urgentes relacionados à natureza do estado de direito, ao respeito pelo estado de direito, às condições para a democracia deliberativa, à igualdade perante a lei, ao policiamento, ao julgamento e à punição. Conclui-se que é crucial alcançar um equilíbrio entre a autonomia individual e a responsabilidade coletiva na promoção da saúde pública.
Downloads
Referências
ALAMY, N. C. G. da C. A compulsoriedade da vacinação contra COVID-19 e a objeção de consciência e desobediência civil de John Rawls. Revista de Direito da Universidade Federal de Lavras, Lavras, v. 9, n. 2, p. 1291-1318, 2023. Disponível em: https://www.cidp.pt/publication/revista-juridica-lusobrasileira-ano-9-2023-n-2/289. Acesso em: 23 maio 2025.
ALVES, S. Levando a desobediência a sério. Caderno de Relações Internacionais, [s. l.], v. 6, n. 10, p. 5-31, jan./jun. 2015. Disponível em: https://revistas.faculdadedamas.edu.br/index.php/relacoesinternacionais/article/view/183. Acesso em: 23 maio 2025.
ARENDT, H. Crises da república. 2. ed. São Paulo: Perspectiva, 2004.
BADIOU, A. Sobre a situação epidêmica. In: DAVIS, M.; HARVEY, D.; BIHR, A.; ZIBECHI, R.; BADIOU, A.; ŽIŽEK, S. (org.). Coronavírus e a luta de classes. Brasília, DF: Terra Sem Amos, 2020. p. 35-42.
BRASIL. [Constituição (1998)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência da República, [2023]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 23 maio 2025.
BICKEL, A. M. The morality of consent. New Haven: Yale University Press, 1975.
BEDAU, H. A. Civil disobedience and personal responsibility for injustice. In: BEDAU, H. A. (org.). Civil disobedience in focus. London: Routledge, 1991. p. 49–67.
BORN, R. C. Objeção de consciência: restrições aos direitos políticos e fundamentais. Curitiba: Juruá, 2014.
DELMAS, C.; BROWNLEE, K. Civil disobedience. In: ZALTA, E. N.; NODELMAN, U. (org.). The Stanford encyclopedia of philosophy. Stanford: Spring, 2024. p. 1-15. Disponível em: https://plato.stanford.edu/entries/civil-disobedience/. Acesso em: 23 maio 2025.
CELIKATES, R. Rethinking civil disobedience as a practice of contestation: beyond the liberal paradigm. Constellations, [s. l.], v. 23, n. 1, p. 37-45, 2016. DOI: https://doi.org/10.1111/1467-8675.12216
CROCE, Y. D.; NICOLE-BERVA, O. Civil disobedience in times of pandemic: clarifying rights and duties. Criminal Law and Philosophy, [s. l.], v. 17, p. 155–174, 2023. Disponível em: https://link.springer.com/article/10.1007/s11572-021-09592-7. Acesso em: 23 maio 2025.
CRODA, J. H. R.; GARCIA, L. P. Resposta imediata da Vigilância em Saúde à epidemia da COVID-19. Epidemiologia e serviços de saúde, [s. l.], v. 29, n. 1, p. 1-3, 2020. DOI: https://doi.org/10.5123/S1679-49742020000100021
DAVIS, S. Lefkowitz, disobedience and political authority: North Carolina’s moral mondays as a paradigmatic case of civil disobedience. Politikon – the IAPSS Journal of Political Science, [s. l.], v. 26, p. 48-65, mar. 2015. DOI: https://doi.org/10.22151/politikon.26.4
DE CICCO, M. C. O dano social como nova tipologia de dano indenizável. Pensar - Revista de Ciências Jurídicas, Fortaleza, v. 29, n. 3, p. 1-14, jul./set. 2024. DOI: https://doi.org/10.5020/2317-2150.2024.15470
DINIZ, M. H. O estado atual do biodireito. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2014.
GUIMARÃES, C. Ser contra a vacinação é ser contra a vida. Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, Rio de Janeiro, 13 maio 2022. Disponível em: https://www.epsjv.fiocruz.br/noticias/entrevista/ser-contra-a-vacinacao-e-ser-contra-a-vida. Acesso em: 24 maio 2025.
HABERMAS, J. Civil disobedience: litmus test for the democratic constitutional state. Berkeley Journal of Sociology, [s. l.], v. 30, n. 2, p. 95–116, 1985. Disponível em: https://www.jstor.org/stable/41035345. Acesso em: 24 maio 2025.
KING, M. L. Letter from Birmingham city jail. In: BEDAU, H. A. (ed.). Civil disobedience in focus. London: Routledge, 1991. p. 68–84.
LEIGH, I. Vaccination, conscientious objection and human rights. Legal Studies, Cambridge, v. 43, n. 2, p. 201–220, 2023. DOI: https://doi.org/10.1017/lst.2022.27
LUCAS, D. C. A desobediência civil na teoria jurídica de Ronald Dworkin. Revista de Direitos Fundamentais e Democracia, Curitiba, v. 16, n. 16, p. 116-129, jul./dez. 2014.
Disponível em: https://revistaeletronicardfd.unibrasil.com.br/index.php/rdfd/article/view/591. Acesso em: 24 maio 2025.
MEDEIROS, M, X. L. de; FEITOSA, M. L. P. de A. M. Desafios do estado democrático de direito no Brasil: entre crises institucionais e a pandemia de COVID-19. Pensar - Revista de Ciências Jurídicas, Fortaleza, v. 28, n. 3, p. 1-13, jul./set. 2023. DOI: https://doi.org/10.5020/2317-2150.2023.12530
MILLIGAN, T. Civil disobedience: protest, justification, and the law. London: Bloomsbury Academic, 2013.
MONTEIRO FILHO, C. E. do R.; ROSENVALD, N.; DENSA, R. (coord.). Coronavírus e responsabilidade civil: impactos contratuais e extracontratuais. Indaiatuba: Editora Foco, 2020.
MORARO, P. Respecting autonomy through the use of force: the case of civil disobedience. Journal of Applied Philosophy, [s. l.], v. 31, n. 1, p. 63–76, 2014. Disponível em: https://www.jstor.org/stable/24356078. Acesso em: 24 maio 2025.
PIEROTH, B.; SCHLINK, B. Direitos fundamentais. 2. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2018. (Série IDP).
RAZ, J. The authority of law: essays on law and morality. Oxford: Oxford University Press, 1979.
RAWLS, J. A theory of justice. New Haven: Harvard University Press, 1999.
REPOLÊS, M. F. S. Habermas e a desobediência civil. Belo Horizonte: Mandamentos, 2003.
SEVCENKO, N. A Revolta da vacina: mentes insanas em corpos rebeldes. Rio de Janeiro: Cosac Naify, 2010.
SINGER, P. Democracy and disobedience. Oxford: Clarendon Press, 1973.
STRECK, L. L.; MORBACH, G. (Autonomia do) Direito e desacordos morais. Revista Brasileira de Estudos Políticos, [s. l.], v. 253, n. 119, p. 253–289, 2019. Disponível em: https://pos.direito.ufmg.br/rbep/index.php/rbep/article/view/739. Acesso em: 24 maio 2025.
WELCHMAN, J. Is ecosabotage civil disobedience? Philosophy and Geography, [s. l.], v. 4, n. 1, p. 97–107, 2001. DOI: https://doi.org/10.1080/10903770124815
WEINSTOCK, D. How democratic is civil disobedience? Criminal Law and Philosophy, [s. l.], v. 10, p. 707-720, 2016. DOI : https://doi.org/10.1007/s11572-015-9367-0
WILSON, K.; RUDGE, C. COVID-19 vaccine mandates: a coercive but justified public health necessity. UNSW Law Journal, [s. l.], v. 46, n. 2, p. 381–414, 2023. DOI : https://doi.org/10.53637/KXUL1406

Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Pensar - Revista de Ciências Jurídicas

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Este é um artigo publicado em acesso aberto sob a licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional (CC-BY 4.0), que permite uso, distribuição e reprodução em qualquer meio, desde que o trabalho original seja devidamente citado.
Para mais informações, consulte: https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/