Apatridia Oriunda da Discriminação de Gênero: Atributo da “Existência” dos Direitos de Personalidade

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5020/2317-2150.2025.15271

Palavras-chave:

Apátridas, discriminação de gênero, direitos da personalidade, nacionalidade, reconhecimento da personalidade jurídica

Resumo

O objeto de estudo deste artigo é a análise do instituto jurídico da apatridia em decorrência da impossibilidade de transmissão da nacionalidade pela mãe. Apátrida, designa a pessoa que não é considerada como nacional por nenhum Estado. A nacionalidade é laço jurídico e político que une uma pessoa ao Estado, garantindo aos indivíduos o reconhecimento da personalidade jurídica e dos direitos que dela decorrem. O problema ao qual a pesquisa procura responder é se a apatridia atinge algum grupo de pessoas de forma mais acentuada, em razão da discriminação por motivo de gênero. A hipótese é que o predomínio da cultura patriarcal conduziu a produção de leis que tratam as mulheres de forma desigual no que tange a atribuição do vínculo jurídico entre o indivíduo e o Estado. Ao se valer do raciocínio dedutivo, por meio da revisão de literatura, adotando uma revisão descritiva e exploratória, o estudo confirma a hipótese levantada e demonstra que a discriminação de gênero nas leis representa parte significativa das situações de apatridia em diversos países no mundo.

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Biografia do Autor

Lorenzo Pazini Scipioni, Universidade Cesumar, Maringá, Paraná, Brasil,Universidade Cesumar, Maringá, Paraná, Brasil

Mestrando do Programa de Pós Graduação em Ciências Jurídicas da UniCesumar. Pesquisador com enfoque em temas relacionados a migrantes forçados. Advogado com ênfase nas áreas de contratos, imobiliário, direito internacional, migração e refúgio. Voluntário da causa animal, professor de migrantes, e palestrante sobre migração internacional na contemporaneidade.

Daniela Menengoti Gonçalves Ribeiro, Universidade Cesumar, Maringá, Paraná, Brasil,Universidade Cesumar, Maringá, Paraná, Brasil

Doutora em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP) com período de pesquisa (doutorado sanduíche) na Université Paris 1 - Panthéon-Sorbonne, França. Mestre em Direito-Relações Internacionais, pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), com período de pesquisa no Mestrado em Integrazione Europea da Università Degli Studi Padova, Itália. Pesquisadora no Grupo de pesquisa CRISIS do Programa de Pós-Graduação em Filosofia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE). Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/0704785648361421. E-mail: daniela.menengoti@gmail.com

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Publicado

2025-08-18

Edição

Seção

Eixo Temático 1 – Direito, Democracia e Justiça Social