Coaching e a produção nacional no século XXI: Manifestações e práticas da organização neoliberal
DOI:
https://doi.org/10.5020/2318-0722.2024.30.e14737Palavras-chave:
coaching executivo, coaching, neoliberalismo, subjetividade, estudos organizacionaisResumo
Este artigo propõe-se a analisar a produção acadêmica sobre o coaching no Brasil neste século. Sob a égide do neoliberalismo global, o referencial teórico procura conhecer as intersecções entre os imperativos economicistas e a prática do coaching nas organizações. Neste sentido, buscou-se investigar o conflito entre a racionalidade econômica e a subjetividade humana, assim como exemplificar as construções dos Estudos Organizacionais frente aos cenários contemporâneos. Em relação à abordagem metodológica, este estudo utilizou a bibliometria para levantamento da publicação nacional sobre o tema do coaching no país e, posteriormente, analisou os artigos de acordo com a metodologia de Bardin (2011), tendo como categorias os cinco elementos identificados no referencial teórico: as políticas de recursos humanos, a burocracia, a dominação psicológica, a quantofrenia e a flexibilização do trabalho. A partir do entendimento dos conceitos de organização neoliberal, identificou-se que os estudos do tema confirmam o caráter funcionalista de normatizar e condicionar a existência humana de acordo com os padrões instrumentais do sistema econômico, avessos à condição social e dialógica humana. A prática do coaching no Brasil é idealizada para o desenvolvimento humano de acordo com os padrões neoliberais, ou seja, de acordo com a concepção do homem unidimensional, o ser humano empresa, pois a objetividade organizacional coloniza a subjetividade pessoal de forma a adquirir primazia sobre o agir social.
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