Juventudes, trabalho e interseccionalidade: estudo com jovens aprendizes brasileiros

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5020/2318-0722.2024.30.e14670

Palavras-chave:

jovens trabalhadores, aprendizes, interseccionalidade, trajet´órias, Brasil

Resumo

Considerando que, no Brasil, o trabalho e as trajetórias profissionais têm cor, gênero, idade, região de origem, aparência e outros marcadores sociais de diferença, este estudo teve como objetivo analisar a percepção de jovens egressos de um Programa de Aprendizagem sobre a influência de marcadores interseccionais em suas trajetórias profissionais. Realizou-se uma pesquisa de abordagem qualitativa, descritiva, através de 15 entrevistas semiestruturadas com jovens aprendizes egressos do Programa de Aprendizagem, de diferentes regiões brasileiras. Os dados foram analisados conforme a técnica de análise temática e os resultados demonstraram que o Programa de Aprendizagem contribui para a inserção e a manutenção de jovens no mercado de trabalho. Ao vivenciarem experiências como aprendizes, certas situações de exclusão social podem ser mitigadas, possibilitando uma vida melhor do que a dos pais ou responsáveis. Entretanto, persistem os efeitos de desigualdades e violências interseccionais, que resultam em formas específicas de opressão, perpetuando ou levando à marginalização social, econômica e política.

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Biografia do Autor

Jane Kelly Dantas Barbosa, Universidade Federal de Itajubá, Itajubá, Minas Gerais, Brasil

Doutora e mestre em Administração pela Universidade Federal de Minas Gerais, na linha de Gestão de Pessoas e Comportamento Organizacional. Bacharela em Administração pela Universidade Federal de Ouro Preto. Professora substituta na Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI), na área de Gestão de Pessoas. Atuou como professora na Universidade Federal de Ouro Preto, na área de Teoria das Organizações.

Kely César Martins de Paiva, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil

Doutora, Mestre e Bacharel em Administração (UFMG, 2007, 1999, 1992). Professora Associada II e Pesquisadora, Departamento de Ciências Administrativas (CAD), Centro de Pós-graduação e Pesquisa em Administração (CEPEAD), Faculdade de Ciências Econômicas (FACE), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Coordenadora do Núcleo de Estudos sobre Comportamento, Pessoas e Organizações (NECOP, UFMG, desde 2014). Bolsista Produtividade 2 e parecerista ad hoc do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ)(2019-2022; 2022-2025). Temas de interesses em pesquisa: Comportamento Organizacional, Gestão de Pessoas e Relações de Trabalho; Competências profissionais; Educação a distância. Contextos e públicos de interesse em pesquisa: jovens trabalhadores; call center, organizações e instituições de ensino públicas e privadas.

Ana Flávia Rezende, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil

Doutora em Administração pela Universidade Federal de Minas Gerais (2022), na linha de pesquisa Estudos Organizacionais, Trabalho e Pessoas (EOTP). Mestre em Administração pela Universidade Federal de Lavras (2017), na linha de pesquisa Organizações, Gestão e Sociedade. Administradora de empresas graduada pela Universidade Federal de Ouro Preto (2014). Atua principalmente em pesquisas relacionadas à estudos organizacionais, diversidade e inclusão e relações étnico raciais. Já lecionou em programas voltados a educação executiva, os quais englobam desde Mestrado Profissional até soluções educacionais customizadas para organizações de grande e médio porte. Exemplos de organização para as quais já atuou incluem Globo, Sicredi e Petrobras. Associada à ABPN (Associação brasileira de pesquisadores/as negros/as).

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Publicado

19.08.2024

Como Citar

BARBOSA, J. K. D.; PAIVA, K. C. M. de; REZENDE, A. F. Juventudes, trabalho e interseccionalidade: estudo com jovens aprendizes brasileiros. Revista Ciências Administrativas, [S. l.], v. 30, p. 1–14, 2024. DOI: 10.5020/2318-0722.2024.30.e14670. Disponível em: https://ojs.unifor.br/rca/article/view/14670. Acesso em: 2 dez. 2024.

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Artigos