Zinco e risco cardiovascular de pacientes nefropatas em tratamento de hemodiálise

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5020/18061230.2018.5803

Palavras-chave:

Insuficiência Renal Crônica, Zinco, Diálise Renal, Colesterol.

Resumo

Objetivo: Investigar a relação entre concentração de zinco e risco cardiovascular em pacientes com insuficiência renal crônica em hemodiálise. Métodos: Estudo analítico, retrospectivo e transversal, realizado em Fortaleza, Ceará, em 2012, do qual participaram 43 adultos com insuficiência renal crônica em hemodiálise (grupo HD) e 35 saudáveis (CO - controle). Coletaram-se dados socioeconômicos e bioquímicos (colesterol total - CT, lipoproteína de baixa densidade - LDL, lipoproteína de muito baixa densidade - VLDL, lipoproteína de alta densidade - HDL e triglicerídeos - TG); determinou-se zinco plasmático por espectrometria de emissão óptica com plasma acoplado; coletou-se perfil lipídico do grupo HD do prontuário e do grupo CO por meio de kit Bioclin®. Obteve-se colesterol não-HDL pela fórmula: não-HDL = CT – HDL-c. Calculou-se risco cardiovascular pela razão TG/HDL, considerando risco quando >3,8. Análises por meio de testes t de Student, Pearson ou Spearman. Resultados: O zinco do grupo HD encontrou-se abaixo da referência e menor (p<0,001) em relação ao controle (68,40µg/dL e 85,53µg/dL, respectivamente). HDL no grupo HD mostrou-se abaixo da recomendação (39,64±11,58). VLDL (29,02±14,03mg/dL) do grupo HD foi maior (p<0,001) que no CO (15,47±10,65mg/dL). LDL do grupo HD maior que no CO (p=0,05) e o TG no grupo HD (145,14±70,15mg/dL) maior (p<0,001) que no CO (77,35±53,25mg/dL). Encontrou-se razão TG/HDL no grupo HD de 4,02±2,60 (p=0,04), indicando maior risco cardiovascular. Pacientes com maior relação TG/HDL apresentaram menores níveis de zinco (p=0,011). Conclusão: Os pacientes em hemodiálise apresentaram deficiência de zinco e possuíam elevado risco cardiovascular, porém sem correlação entre zinco e perfil lipídico.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Ádila da Silva Castro, Universidade de Fortaleza

Nutricionista pela Universidade de Fortaleza (UNIFOR) e Mestre em Nutrição e Saúde pela Universidade Estadual do Ceará (UECE). Membro do Grupo de Estudo em Nutrição Oncológica (GENO), que desenvolve pesquisas na relação carcinogênese, obesidade e nutrição. Membro do grupo de estudos no Laboratório de Análise de alimentos e micronutrientes da UECE. Atualmente atua como nutricionista clínica e oncológica.

Priscila Pereira Pessoa, Faculdade Metropolitana da Grande Fortaleza

Mestre em Nutrição e Saúde pela Universidade Estadual do Ceará - UECE (2016), Especialista em Nutrição Clínica e Esportiva pelo Instituto de Pesquisas, Ensino e Gestão em Saúde - IPGS (2014), Graduada em Nutrição pela Universidade Estadual do Ceará - UECE (2013). Atualmente é Docente do Curso de Nutrição do Instituto Superior de Teologia Aplicada - INTA (2016.2). Possui ainda, experiência profissional em consultório particular atuando como Nutricionista Clínica e Esportiva e em Escola como Nutricionista. Participa do Grupo de Pesquisa Internacional Biodiversity for Food and Nutrition (BFN) com suporte da Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO). É também integrante do grupo Micronutrientes em Doenças Crônicas da UECE. Tem experiência em laboratório na área de Alimentos e Nutrição com ênfase em análise físico-química de alimentos e composição nutricional de alimentos.

Christielle Félix Barroso, Centro Universitário Estácio do Ceará

Docente do curso de Nutrição do Centro Universitário Estácio do Ceará. Mestre em Nutrição e Saúde pela Universidade Estadual do Ceará (UECE). Nutricionista clínica atuante na área de Nefrologia. Pesquisadora do estado nutricional de minerais em doenças crônicas como membro do grupo de pesquisa de Nutrição e Minerais da UECE, coordenado pela Profa Dra. Carla Soraya Costa Maia.

Gueyhsa Nobre de Araújo, Clínica PRONEFRON

Possui graduação em nutrição pela Universidade Estadual do Ceará (1994). Experiência na área Hospitalar e acompanhamento de pacientes renais crônicos em tratamento de Terapia Renal Substitutiva desde 2002. Atua como diretora administrativa da Nutrire Serviço de Nutrição.

Morgana Pinheiro Sousa, Universidade Estadual do Ceará

Possui graduação em ENGENHARIA DE ALIMENTOS pela Universidade Federal do Ceará (2006). Graduada em NUTRIÇÃO pelo Centro Universitário Estácio do Ceará (2014.2). Especialização em NUTRIÇÃO CLÍNICA E FUNCIONAL pelo Centro Universitário Estácio do Ceará (2015). Estagiou na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA). Foi bolsista do PIBIC/CNPQ, com pesquisa sobre levantamento e caracterização físico-química de produtos regionais derivados do leite produzidos nos estados do Ceará e Rio Grande do Norte. Atualmente é mestranda pela Universidade Estadual do Ceará, bolsista FUNCAP, integrante do Grupo de Estudo e Pesquisa do Laboratório de Análise de Alimentos e Micronutrientes em Doenças Crônicas, coordenado pela Profa Dra. Carla Soraya Costa Maia, e nutricionista extensionista do ambulatório de transtornos alimentares do Hospital Universitário Walter Cantídio (UFC).

Denise Lima de Oliveira, Universidade de Fortaleza

Possui graduação em Nutrição pela Universidade Estadual do Ceará (2011) e Mestrado em Nutrição e Saúde pela Universidade Estadual do Ceará (2015). Tem experiência na área de Saúde Coletiva e Nutrição Esportiva. Atua principalmente nos seguintes temas: Micronutrientes e Doenças Crônicas, Saúde da Mulher, Gestação de Risco, Políticas de Alimentação e Nutrição, Nutrição Esportiva.

Maria Luísa Pereira de Melo, Universidade Estadual do Ceará

Possui graduação em Nutrição pela Universidade Estadual do Ceará (1987), mestrado em Ciência e Tecnologia de Alimentos pela Universidade Federal do Ceará (1997) e doutorado em Farmacologia pela Universidade Federal do Ceará (2007). É docente (Professor Associado) da Universidade Estadual do Ceará, sendo do corpo docente do Cursos de Graduação em Nutrição desde 1993, e de Medicina a partir de 2008, do Curso de Mestrado Acadêmico em Nutrição e Saúde desde sua aprovação em 2011. Participa do grupo de pesquisa Nutrição e Doenças Crônico-Degenerativas, com maior enfoque em câncer, doenças cardiovasculares e doenças neurológicas. É nutricionista do Hospital Geral de Fortaleza-HGF, atuando na Unidade de Terapia Intensiva, no Centro de Atendimento aos Portadores de Esclerose Múltipla e no Comitê de Ética e Pesquisa.

Carla Soraya Costa Maia, Universidade Estadual do Ceará

Possui graduação em Nutrição pela Universidade Estadual do Ceará (1994) e mestrado e doutorado em Nutrição Humana Aplicada pela Universidade de São Paulo. Atualmente é professora associado da Universidade Estadual do Ceará. Tem experiência na área de Nutrição, com ênfase em Nutrição Clínica, atuando principalmente nos seguintes temas: avaliação nutricional, selênio aplicado a medicina, selênio e zinco: avaliação nutricional. Biologia molecular aplicada avaliação de selênio, doenças crônicas não transmissíveis.

Referências

Sesso RC, Lopes AA, Thomé FS, Lugon JR, Santos DR. Inquéritos brasileiros de diálise crônica 2013: análise das tendências entre 2011 e 2013. J Bras Nefrol. 2014;36(4):476-81.

Prasad AS. Impact of the discovery of human zinc deficiency on health. J Trace Elem Med Biol. 2014;28(4):357-63.

Guo CH, Wang CL. Effects of zinc supplementation on plasma copper/zinc ratios, oxidative stress, and immunological status in hemodialysis patients. Int J Med Sci. 2013;10(1):79-89.

Shahrestabaki MK, Ghasemi A, Rad A, Neghabadi EM. Zinc deficiency is associated with elevation of high sensitive c-reactive protein in hemodialysis patients. Global J Med Researches Studies. 2014;1(2):51-6.

Mafra D, Cozzolino SMF. Avaliação do estado nutricional relativo ao zinco em pacientes com insuficiência renal crônica [dissertação]. São Paulo: Universidade de São Paulo; 1999.

Reina de la Torre ML, Navarro-Alarcon M, del Moral LM, Lopez GdlSH, Palomares-Bayo M, Oliveras Lopez MJ, et al. Serum Zn levels and Cu/Zn ratios worsen in hemodialysis patients, implying increased cardiovascular risk: a 2-year longitudinal study. Biol Trace Elem Res. 2014;158(2):129-35.

Lobo JC, Stockler-Pinto MB, Farage NE, Faulin TE, Abdalla DS, Torres JP, et al. Reduced plasma zinc levels, lipid peroxidation, and inflammation biomarkers levels in hemodialysis patients: implications to cardiovascular mortality. Ren Fail. 2013;35(5):680-5.

Shoji T. Serum lipids and prevention of atherosclerotic cardiovascular events in hemodialysis patients. Clin Exp Nephrol. 2014;18(2):257-60.

Ranasinghe P, Wathurapatha WS, Ishara MH, Jayawardana R, Galappatthy P, Katulanda P, et al. Effects of Zinc supplementation on serum lipids: a systematic review and meta-analysis. Nutr Metab. 2015;12:26.

Meerarani P, Reiterer G, Toborek M, Hennig B. Zinc modulates PPARgamma signaling and activation of porcine endothelial cells. J Nutr. 2003;133(10):3058-64.

Reis NSC, Alencar JD, Hortegal E, Dias RSC, Calado IL. Risco cardiovascular em pacientes em tratamento hemodialítico: parâmetros antropométricos e razão triglicerídeo/HDL-colesterol. Rev Pesq Saúde. 2015;16(3):170-4.

Silva ARA, Dourado KF, Pereira PB, Lima DSC, Fernandes AO, Andrade AM, et al. Razão de TG/HDL-c e Indicadores antropométricos preditores de risco para doença cardiovascular. Rev Bras Cardiol. 2012;25(1):41-9.

Kruse-Jarres JD, Rukgauer M. Trace elements in diabetes mellitus. Peculiarities and clinical validity of determinations in blood cells. J Trace Elem Med Biol. 2000;14(1):21-7.

Gibson RS. Principles of nutritional assessment. New York: Oxford University; 1990.

Xavier HT, Izar MC, Faria JR Neto, Assad MH, Rocha VZ, Sposito A, et al. V Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose. Arq Bras Cardiol. 2013;101(4 Supl 1):1-22.

Hanak V, Munoz J, Teague J, Stanley A Jr., Bittner V. Accuracy of the triglyceride to high-density lipoprotein cholesterol ratio for prediction of the low-density lipoprotein phenotype B. Am J Cardiol. 2004;94(2):219-22.

Argani H, Mahdavi R, Ghorbani-haghjo A, Razzaghi R, Nikniaz L, Gaemmaghami SJ. Effects of zinc supplementation on serum zinc and leptin levels, BMI, and body composition in hemodialysis patients. J Trace Elem Med Biol. 2014;28(1):35-8.

Kamel AY, Dave NJ, Zhao VM, Griffith DP, Connor MJ Jr., Ziegler TR. Micronutrient Alterations During Continuous Renal Replacement Therapy in Critically Ill Adults: A Retrospective Study. Nutr Clin Pract. 201701:884533617716618.

Aranha LN, Lobo JC, Stockler-Pinto MB, Leal VO, Torres JP, Mafra D. Relationship between zinc levels and plasma leptin in hemodialysis patients. J Trace Elem Med Biol. 2012;26(4):238-42.

Araújo CGB, Magalhães RCN, Reis MA, Lima VBS, Nogueira NN, Marreiro DN. Parâmetros bioquímicos do zinco em pacientes renais crônicos sob hemodiálise [acesso em 2017 Maio 30]. Disponível em: http://leg.ufpi.br/20sic/Documentos/RESUMOS/Modalidade/Vida/d6723e7cd6735df68d1ce4c704c29a04.pdf

Batista LMB. Determinação do zinco, da proteína C reativa e da expressão de genes codificantes de proteínas transportadoras de zinco e metalotioneína em pacientes hemodialisados [dissertação]. Piauí: Universidade Federal do Piauí; 2009.

Riella MC. Nutritional evaluation of patients receiving dialysis for the management of protein-energy wasting: What is old and what is new? J Ren Nutr. 2013;23(3):195-8.

Kang SS, Chang JW, Park Y. Nutritional status predicts 10-year mortality in patients with end-stage renal disease on hemodialysis. Nutrients. 2017;9(4):E399.

Nicholas SB, Kalantar-Zadeh K, Norris KC. Socioeconomic disparities in chronic kidney disease. Adv Chronic Kidney Dis. 2015;2(1):6-15.

Luis D, Zlatkis K, Comenge B, García Z, Nacarro JF, Lorenzo V, et al. Dietary quality and adherence to dietary recommendations in patients undergoing hemodialysis. J Ren Nutr. 2016;26(3):190-5.

Mafra D. Revisão: Minerais e doença renal crônica. J Bras Nefrol. 2003;25(1):17-24.

Bossola M, Stasio ED, Viola A, Leo A, Carlomagno G, Monteburini T, et al. Dietary intake of trace elements, minerals, and vitamins of patients on chronic hemodialysis. Int Urol Nephrol. 2014;46(4):809-15.

Navarro-Alarcon M, Reyes-Perez A, Lopez-Garcia H, Palomares-Bayo M, Olalla-Herrera M, Lopez-Martinez MC. Longitudinal study of serum zinc and copper levels in hemodialysis patients and their relation to biochemical markers. Biol Trace Elem Res. 2006;113(3):209-22.

Barberato SH, Pecoits-Filho, R. Alterações ecocardiográficas em pacientes com insuficiência renal crônica em programa de hemodiálise. Arq Bras Cardiol. 2010;94(1):140-6.

Tsuruya K, Yoshida H, Nagata M, Kitazono T, Iseki K, Iseki C. Impact of the triglycerides to high-density lipoprotein cholesterol ratio on incidence and progression of CKD: a longitudinal study in large japanese population. Am J Kidney Dis. 2015;66(6):972-83.

Casas J, Rodrigues CIS, D’Avila R. Educação nutricional para pacientes renais crônicos em programa de hemodiálise. Nutrire. 2015;40(1):36-44.

Roozbeh J, Hedayati P, Sagheb MM, Sharifian M. Effect of zinc supplementation on triglyceride, cholesterol, LDL and HDL levels in zinc-deficient hemodialysis patients. Ren Fail. 2009, 31(9):798–801.

Ranasinghe P, Wathurapatha WS, Ishara MH, Jayawardana R, Galappatthy P, Katulanda P, et al. Effects of Zinc supplementation on serum lipids: a systematic review and meta-analysis. Nutr Metab. 2015;12:26.

Foster M, Petocz P, Samman S. Effects of zinc on plasma lipoprotein cholesterol concentrations in humans: a meta-analysis of randomised controlled trials. Atherosclerosis. 2010;210(2):344-52.

Mazani M, Argani H, Rashtchizadeh N, Ghorbanihaghjo A, Hamdi A, Estiar MA, et al. Effects of zinc supplementation on antioxidant status and lipid peroxidation in hemodialysis patients. J Renal Nutr. 2013;23(3):180-4.

Publicado

2018-02-28

Como Citar

Castro, Ádila da S., Pessoa, P. P., Barroso, C. F., de Araújo, G. N., Sousa, M. P., de Oliveira, D. L., de Melo, M. L. P., & Costa Maia, C. S. (2018). Zinco e risco cardiovascular de pacientes nefropatas em tratamento de hemodiálise. Revista Brasileira Em Promoção Da Saúde, 31(1). https://doi.org/10.5020/18061230.2018.5803

Edição

Seção

Artigos Originais