Residência integrada em saúde mental: cuidado à rede de atenção psicossocial
DOI:
https://doi.org/10.5020/18061230.2018.8774Palavras-chave:
Educação Permanente, Internato e Residência, Saúde Mental, Serviços de Saúde Mental.Resumo
Objetivo: Compreender o contexto histórico e político-pedagógico da implementação da Residência Integrada em Saúde Mental Coletiva da Escola de Saúde Pública do Ceará (RISMC-ESP/CE) e a percepção dos atores sociais envolvidos na implementação desta sobre os seus reflexos na organização da atenção psicossocial de quatro municípios do Ceará, Brasil. Métodos: Estudo qualitativo descritivo, exploratório e analítico, com análise documental, entrevistas semiestruturadas e análise de conteúdo temática. Resultados: Quatro categorias emergiram, a saber, Contexto histórico e político-pedagógico da implementação da RISMC-ESP/CE; Educação permanente interprofissional em Saúde Mental (EPISM) nas redes de atenção e no território; Fortalecimento da participação popular e luta antimanicomial; e Desafios da saúde mental. Apesar do subfinanciamento do SUS e das políticas que favorecem o desmonte da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), houve promoção da saúde mental através da EPISM, gerando ações intersetoriais, utilização de tecnologias avançadas de cuidado e estímulo à participação social no território. Os principais desafios são o estigma social da loucura, a consolidação de estratégias de cuidado que superem as instituições asilares e invistam na redução de danos e a estabilidade das equipes de saúde para continuidade das ações construídas. Conclusão: A RISMC-ESP/CE é um dispositivo de resistência ao desmonte da RAPS e sua continuidade depende da apropriação técnico-científica e defesa da RAPS pelos trabalhadores e usuários.Downloads
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