Doença de Chagas: serviço de referência e epidemiologia
DOI:
https://doi.org/10.5020/18061230.2019.9364Palavras-chave:
Doença de Chagas, Doença Crônica, Perfil de Saúde, Monitoramento Epidemiológico, Atenção à Saúde, Pesquisa sobre Serviços de SaúdeResumo
Objetivo: Descrever o serviço de referência de doença de Chagas e o perfil clínico e epidemiológico dos usuários. Métodos: Estudo transversal de dados secundários realizado no serviço de referência dos casos crônicos de doença de Chagas, localizado em uma região endêmica do estado de Pernambuco, no período de 2017 a 2018. Obtiveram-se dados provenientes de dezenove usuários com sorologia reagente por meio de dois métodos de princípios distintos ou com diferentes preparações antigênicas. Analisaram-se variáveis sociodemográficas, clínicas, diagnósticas e terapêuticas, além de fluxo de atendimento e oferta assistencial. A análise descritiva utilizou média, desvio padrão e frequência absoluta. Resultados: A média de idade dos casos é de 55 anos, com desvio padrão de ±14, sexo feminino, procedente da zona urbana. Todos os usuários residem ou residiram em casa de taipa. A hipertensão arterial sistêmica caracterizou-se como sendo a comorbidade prevalente, assim como o estágio B1 da forma cardíaca. Os usuários apresentaram megaesôfago, fatores predisponentes à insuficiência cardíaca e familiares com doença de Chagas. Apenas um caso fez tratamento com o benznidazol, com uma média de 2,7±2,2 de medicações para as comorbidades por usuário. Conclusão: Os usuários estiveram inseridos em um contexto de vulnerabilidade socioambiental por residirem em casas de taipa, pela predominância do comprometimento cardíaco e agravamento das condições clínicas pela presença das comorbidades e uso de tabaco. Além disso, os usuários enfrentam dificuldade na marcação de consultas e exames, bem como no acesso a medicações.Downloads
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