Entre o nascer e o morrer: cuidados paliativos na experiência dos profissionais de saúde
DOI:
https://doi.org/10.5020/18061230.2018.6712Palavras-chave:
Unidades de Terapia Intensiva Neonatal, Pessoal de Saúde, Cuidados Paliativos.Resumo
Objetivo: Compreender como os profissionais de saúde de uma unidade de terapia intensiva neonatal (UTIN), em um hospital-maternidade de alto risco, experienciam os cuidados paliativos neonatais. Métodos: Estudo qualitativo, realizado com método fenomenológico crítico, tendo como instrumento uma entrevista não estruturada, realizada no período de outubro a dezembro de 2015, do qual participaram oito profissionais de saúde da referida UTIN. Surgiram quatro categorias: Experienciando cuidados paliativos; Significando o bebê sem prognóstico; As famílias dos bebês e a afetação dos profissionais; e O atravessamento da morte na experiência vivida dos profissionais. Resultados: Os principais achados do estudo indicaram que os cuidados paliativos para os profissionais podem ser retratados a partir de diferentes aspectos. Para eles, o olhar e o cuidar dos bebês sem prognóstico estão entrelaçados ao surgimento do envolvimento afetivo; a experiência de contato com a família também aparece como uma forma de serem afetados, pois surgem sentimentos não antes emergentes; e o momento da morte do bebê é um desafio cheio de dificuldades para enfrentar. Conclusão: Percebe-se que, mesmo sem o programa de cuidados paliativos na instituição, existe a iniciativa de realizar uma prática que se aproxima desses cuidados, principalmente ao buscar conforto para esse bebê e maior inclusão da família, o que já mostra sensibilização para tal perspectiva.Downloads
Referências
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