Uso de psicofármacos na atenção primária à saúde

Autores

  • José Sandro de Araújo Medeiros Filho Escola Multicampi de Ciências Médicas, Universidade Federal do Rio Grande do Norte
  • Dulcian Medeiros de Azevedo Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, Campus Caicó http://orcid.org/0000-0002-4323-091X
  • Tiago Rocha Pinto Escola Multicampi de Ciências Médicas, Universidade Federal do Rio Grande do Norte
  • Glauber Weder dos Santos Silva Universidade Federal do Rio Grande do Norte http://orcid.org/0000-0002-0570-1944

DOI:

https://doi.org/10.5020/18061230.2018.7670

Palavras-chave:

Atenção Primária à Saúde, Psicotrópicos, Uso de Medicamentos

Resumo

Objetivo: Caracterizar a população em uso de psicofármacos da Estratégia Saúde da Família na Atenção Primária à Saúde. Métodos: Pesquisa transversal realizada com 203 usuários de psicofármacos em uma Unidade Básica de Saúde em Caicó, Rio Grande do Norte, Brasil, em 2017. Coletaram-se dados sociodemográficos e sobre o uso do(s) psicofármaco(s) através de um questionário, posteriormente analisados por meio do IBM SPSS Statistics, versão 20.0. Resultados: Encontrou-se média de psicofármacos prescritos de 1,52 ±0,746, tempo médio de uso de 6,52 ±7,350 anos, prevalência do sexo feminino (n=163; 80,3%), casados ou em união estável (n=90; 44,3%) e com baixa escolaridade (n=99; 48,8%). A maior proporção relatou ter moradia própria (n=132; 65%), ser de cor negra/parda (n=118; 58,1%), trabalhador do lar (n=58; 28,6%) e com renda individual de até um salário mínimo (n=101; 49,8%). Além disso, 35,5% (n=72) viviam com hipertensão arterial sistêmica como principal doença crônica. Houve prevalência da classe dos ansiolíticos (34%), do acesso caracterizado pela compra do medicamento (62%), e do psiquiatra como o principal prescritor das drogas psicotrópicas (49%). Conclusão: O uso de psicofármacos no serviço de saúde foi prevalente em mulheres pretas e/ou pardas, com baixa renda e escolaridade, que desempenham atividades laborais em casa, e com adoecimento crônico. Os ansiolíticos estão entre as drogas de maior consumo e o psiquiatra é o principal prescritor. Há dificuldades no acesso e na descontinuação desses medicamentos.

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Biografia do Autor

José Sandro de Araújo Medeiros Filho, Escola Multicampi de Ciências Médicas, Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Enfermeiro. Possui Residência em Atenção Básica pela Escola Multicampi de Ciências Médicas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (EMCM/UFRN).

Dulcian Medeiros de Azevedo, Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, Campus Caicó

Enfermeiro. Professor Assistente III do Curso de Graduação em Enfermagem, Campus Caicó da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN). Doutor em Ciências da Saúde (PPGCSa/UFRN).

Tiago Rocha Pinto, Escola Multicampi de Ciências Médicas, Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Psicólogo. Professor Adjunto da Escola Multicampi de Ciências Médicas do Rio Grande do Norte da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (EMCM/UFRN). Doutor em Saúde Coletiva pelo Departamento de Saúde Pública da Faculdade de Medicina de Botucatu/ Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (FMB/UNESP).

Glauber Weder dos Santos Silva, Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Enfermeiro. Mestre em Enfermagem. Doutorado em andamento em Enfermagem pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Bolsista CAPES/DS. http://lattes.cnpq.br/1988149903251815

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Publicado

2018-10-31

Como Citar

Medeiros Filho, J. S. de A., Azevedo, D. M. de, Pinto, T. R., & Silva, G. W. dos S. (2018). Uso de psicofármacos na atenção primária à saúde. Revista Brasileira Em Promoção Da Saúde, 31(3). https://doi.org/10.5020/18061230.2018.7670

Edição

Seção

Artigos Originais