Práticas de cuidado de parteiras e mulheres quilombolas à luz da antropologia interpretativa

Autores

  • Joenilton Oliveira Bonfim Universidade Federal do Vale do São Francisco
  • Ivanete Fernandes do Prado Universidade do Estado da Bahia
  • Elionara Teixeira Boa Sorte Universidade do Estado da Bahia
  • Pablo Luiz Santos Couto Centro de Ensino Superior de Guanambi
  • Nanci Maria da França Universidade Católica de Brasília
  • Antônio Marcos Tosoli Gomes Universidade do Estado do Rio de Janeiro

DOI:

https://doi.org/10.5020/18061230.2018.7081

Palavras-chave:

Grupo com Ancestrais do Continente Africano, Saúde da Mulher, Cuidado Pré-Natal, Parto, Período Pós-Parto

Resumo

Objetivo: Analisar o conhecimento popular quilombola acerca das práticas de cuidado desenvolvidas no pré-natal, no parto e no puerpério sob a ótica de parteiras e mulheres quilombolas. Métodos: Trata-se de um estudo qualitativo realizado em uma comunidade tradicional de remanescentes quilombolas do Sertão Produtivo do estado da Bahia, localizado no interior do Nordeste Brasileiro, com 12 mulheres, sendo duas parteiras e dez mulheres que vivenciaram o parto assistidas por uma das duas parteiras da comunidade, aplicando-se um roteiro de entrevista semiestruturada em fevereiro de 2014. Os dados foram analisados com o auxílio da Antropologia Interpretativa. A análise explicitou três categorias: práticas de cuidado cultural no pré-natal, práticas de cuidado cultural no parto e práticas de cuidado cultural no pós-parto. Resultados: Na primeira e segunda categorias, evidenciou-se, tanto pelas mulheres que vivenciaram o parto quanto para as parteiras, que são utilizadas manobras manuais para estimular as contrações das gestantes e para ajudar no posicionamento adequado do feto para evitar complicações. Na terceira categoria, as entrevistadas relataram o estímulo aos banhos de acentos com plantas e ervas, além do uso de chás naturais para evitar infecções e hemorragias puerperais, como conduta das parteiras. Conclusão: Conclui-se que as práticas culturais (manobras no parto, chás, orações às divindades naturais, banhos de assento com ervas e folhas) evidenciadas pelas participantes do estudo, transmitidas de geração a geração, são importantes para a saúde das mulheres quilombolas que vivenciam o ciclo gravídico puerperal e devem ser valorizadas pela equipe de profissionais da saúde.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Joenilton Oliveira Bonfim, Universidade Federal do Vale do São Francisco

Especialista em Educação Permanente em Saúde

Ivanete Fernandes do Prado, Universidade do Estado da Bahia

Mestre em Educação Física

Elionara Teixeira Boa Sorte, Universidade do Estado da Bahia

Mestre em Enfermagem na Linha de Gênero, Mulher e Saúde

Pablo Luiz Santos Couto, Centro de Ensino Superior de Guanambi

Mestre em Enfermagem na linha de Gênero, Mulher e Saúde

Nanci Maria da França, Universidade Católica de Brasília

Doutora em Educação Fìsica

Antônio Marcos Tosoli Gomes, Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Doutor em Enfermagem.

Referências

Pimenta DG, Azevedo CM, Andrade TLB, Silva CSO, Gomes LMX. El parto realizado por matronas: una revisión integradora. Enferm Glob [Internet]. 2013 [acesso em 2017 Set 14];12(30):482-93. Disponível em: http://scielo.isciii.es/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1695-61412013000200023&lng=pt&nrm=iso&tlng=es

Pereira MS. Associação das Parteiras Tradicionais do Maranhão: relato da assistência ao parto. Saúde Soc (Online) 2016 [acesso em 2017 Set 14];25(3):589-601. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/s0104-129020162542

Gusman CR, Viana APAL, Miranda MAB, Pedrosa MV, Villela WV. Inclusão de parteiras tradicionais no Sistema Único de Saúde no Brasil: reflexão sobre desafios. Rev Panam Salud Pública [Internet]. 2015 [acesso em 2017 Set 14];37(4-5):365-70. Disponível em: https://www.scielosp.org/pdf/rpsp/v37n4-5/v37n4-5a26.pdf

Pedraza DF. Assistência ao pré-natal, parto e pós-parto no município de Campina Grande, Paraíba. Cad Saúde Coletiva [Internet]. 2016 [acesso em 2017 Set 14];24(4):460-7. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/1414-462x201600040092

Ministério da Saúde (BR), Secretaria de Atenção à Saúde. Parto e nascimento domiciliar assistidos por parteiras tradicionais o Programa Trabalhando com Parteiras Tradicionais e experiências exemplares [Internet]. Brasília: Ministério da Saúde, 2010 [acesso em 2017 Set 14]. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/parto_nascimento_domiciliar_parteiras.pdf

Ávila JVC, Mello AS, Beretta ME, Trevisan R, Fiaschi P, Hanazaki N. Agrobiodiversity and in situ conservation in quilombola home gardens with different intensities of urbanization. Acta Bot Bras [Internet]. 2017 [acesso em 2017 Dez 12];31(1):1-10. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/0102-33062016abb0299.

Viegas DP, Varga IVD. Promoção à saúde da mulher negra no povoado Castelo, Município de Alcântara, Maranhão, Brasil. Saúde Soc (Online). 2016 [acesso em 2017 Dez 12];25(3):619-30. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/s0104-129020162577

Fernandes MC, Rudek M, Solto AS. Recém-nascidos banhados em líquido amniótico meconial: atendimento em sala de parto e ocorrência de síndrome da aspiração meconial. Rev Arq Catarin Med [Internet]. 2015 [acesso em 2017 Set 14];44(4):48-56. Disponível em: http://www.acm.org.br/acm/seer/index.php/arquivos/article/view/47

Siqueira SMC, Jesus VS, Camargo CL. Itinerário terapêutico em situações de urgência e emergência pediátrica em uma comunidade quilombola. Ciênc Saúde Coletiva [Internet]. 2016 [acesso em 2017 Set 14];21(1):179-89. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/1413-81232015211.20472014

Minayo MC. Pesquisa social: teoria, método e criatividade. Petrópolis: Vozes; 2012.

Ministério da Saúde (BR). Saúde da Família: uma estratégia para a reorientação do modelo assistencial. Brasília: Ministério da Saúde; 1997 [acesso em 2016 Nov 21]. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cd09_16.pdf

Richardson RJ, organizador. Pesquisa social: métodos e técnicas. São Paulo: Atlas; 1999.

Fontanella BJB, Luchesi BM, Saidel MGB, Ricas J, Turato ER, Melo DG. Amostragem em pesquisas qualitativas: proposta de procedimento para constatar saturação dos resultados. Cad Saúde Pública. 2011;27(2):389-94.

Geertz C. Thick description: toward an interpretive theory of culture. In: Geertz C. The interpretation of cultures. New York: Basic Books, 1973. p.03-32.

Van der Sand ICP, Monticelli M, Ressel LB, Bretas ACP, Schirmer J. Antropologia da saúde: contribuições teóricas para a interpretação do processo do nascimento. Rev Enferm UFPE Online. 2014 [acesso em 2016 Nov 21];8(8):2896-906. Disponível em: https://doi.org/10.5205/1981-8963-v8i8a9999p2896-2906-2014

Santos ME. Um “entendimento do entendimento”: olhar sobre o saber local. Espaço Currículo [Internet]. 2014 [acesso em 2016 Nov 21];7(2):350-5. Disponível em: http://dx.doi.org/10.15687/rec.2014.v7n2.350355

Ministério da Saúde (BR), Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Livro da parteira tradicional [Internet]. 2. ed. rev. ampl. Brasília: Ministério da Saúde; 2012 [acesso em 2016 Nov 21]. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/livro_parteira_tradicional.pdf

Rezende FM. Obstetrícia fundamental. 11ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2010.

Vásquez CL, Ruiz de Cárdenas CH. El saber de la partera tradicional del valle del río Cimitarra: cuidando la vida. Av Enferm [Internet]. 2009 [acesso em 2016 Nov 21];27(2):113-26. Disponível em: https://revistas.unal.edu.co/index.php/avenferm/article/view/12973

Durkheim E. As formas elementares da vida religiosa. Pereira J Neto, tradutor. São Paulo: Paulinas; 1989.

Lévi-Strauss C. Antropologia estrutural. Pandolfo MCC, tradutora. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro; 1996.

Silva TSS, Bomfim CA, Leite TCR, Moura CS, Belo NO, Tomazi L. Hipertensão arterial e fatores associados em uma comunidade quilombola da Bahia, Brasil. Cad Saúde Coletiva (Online). 2016 [acesso em 2017 Set 14];24(3):376-83. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/1414-462x201600030068.

Nishikawa M, Sakakibara H. Effect of nursing intervention program using abdominal palpation of Leopold’s maneuvers on maternal-fetal attachment. Reprod Health [Internet]. 2013 [acesso em 2017 Set 14];10:12. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23421578

Nascimento KC, Santos EKA, Erdmann AL, Nascimento HJ Júnior, Carvalho JN. A arte de partejar: experiência de cuidado das parteiras tradicionais de Envira/AM. Rev Esc Anna Nery Enferm [Internet]. 2009 [acesso em 2016 Nov 21];13(2):319-27. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/S1414-81452009000200012

Menezes PFA, Portella SDC, Bispo TCF. A situação do parto domiciliar no Brasil. Rev Enferm Contemporânea [Internet]. 2012 [acesso em 2016 Nov 21];1(1):3-43. Disponível em: http://dx.doi.org/10.17267/2317-3378rec.v1i1.38

Mantler T, Wolf B. A rural shelter in Ontario adapting to address the changing needs of women who have experienced intimate partner violence: a qualitative case study. Rural Remote Health [Internet]. 2017 [acesso em 2017 Dez 12];17(1):3987. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/28298129

Aguiar JM, D´Oliveira AFPL, Schraiber LB. Violência institucional, autoridade e poder em maternidades. Cad Saúde Pública [Internet]. 2013 [acesso em 2016 Nov 21];29(11):2287-96. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/0102-311x00074912

Publicado

2018-10-31

Como Citar

Bonfim, J. O., Prado, I. F. do, Boa Sorte, E. T., Couto, P. L. S., França, N. M. da, & Gomes, A. M. T. (2018). Práticas de cuidado de parteiras e mulheres quilombolas à luz da antropologia interpretativa. Revista Brasileira Em Promoção Da Saúde, 31(3). https://doi.org/10.5020/18061230.2018.7081

Edição

Seção

Artigos Originais