Práticas de cuidado de parteiras e mulheres quilombolas à luz da antropologia interpretativa
DOI:
https://doi.org/10.5020/18061230.2018.7081Palavras-chave:
Grupo com Ancestrais do Continente Africano, Saúde da Mulher, Cuidado Pré-Natal, Parto, Período Pós-PartoResumo
Objetivo: Analisar o conhecimento popular quilombola acerca das práticas de cuidado desenvolvidas no pré-natal, no parto e no puerpério sob a ótica de parteiras e mulheres quilombolas. Métodos: Trata-se de um estudo qualitativo realizado em uma comunidade tradicional de remanescentes quilombolas do Sertão Produtivo do estado da Bahia, localizado no interior do Nordeste Brasileiro, com 12 mulheres, sendo duas parteiras e dez mulheres que vivenciaram o parto assistidas por uma das duas parteiras da comunidade, aplicando-se um roteiro de entrevista semiestruturada em fevereiro de 2014. Os dados foram analisados com o auxílio da Antropologia Interpretativa. A análise explicitou três categorias: práticas de cuidado cultural no pré-natal, práticas de cuidado cultural no parto e práticas de cuidado cultural no pós-parto. Resultados: Na primeira e segunda categorias, evidenciou-se, tanto pelas mulheres que vivenciaram o parto quanto para as parteiras, que são utilizadas manobras manuais para estimular as contrações das gestantes e para ajudar no posicionamento adequado do feto para evitar complicações. Na terceira categoria, as entrevistadas relataram o estímulo aos banhos de acentos com plantas e ervas, além do uso de chás naturais para evitar infecções e hemorragias puerperais, como conduta das parteiras. Conclusão: Conclui-se que as práticas culturais (manobras no parto, chás, orações às divindades naturais, banhos de assento com ervas e folhas) evidenciadas pelas participantes do estudo, transmitidas de geração a geração, são importantes para a saúde das mulheres quilombolas que vivenciam o ciclo gravídico puerperal e devem ser valorizadas pela equipe de profissionais da saúde.Downloads
Referências
Pimenta DG, Azevedo CM, Andrade TLB, Silva CSO, Gomes LMX. El parto realizado por matronas: una revisión integradora. Enferm Glob [Internet]. 2013 [acesso em 2017 Set 14];12(30):482-93. Disponível em: http://scielo.isciii.es/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1695-61412013000200023&lng=pt&nrm=iso&tlng=es
Pereira MS. Associação das Parteiras Tradicionais do Maranhão: relato da assistência ao parto. Saúde Soc (Online) 2016 [acesso em 2017 Set 14];25(3):589-601. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/s0104-129020162542
Gusman CR, Viana APAL, Miranda MAB, Pedrosa MV, Villela WV. Inclusão de parteiras tradicionais no Sistema Único de Saúde no Brasil: reflexão sobre desafios. Rev Panam Salud Pública [Internet]. 2015 [acesso em 2017 Set 14];37(4-5):365-70. Disponível em: https://www.scielosp.org/pdf/rpsp/v37n4-5/v37n4-5a26.pdf
Pedraza DF. Assistência ao pré-natal, parto e pós-parto no município de Campina Grande, Paraíba. Cad Saúde Coletiva [Internet]. 2016 [acesso em 2017 Set 14];24(4):460-7. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/1414-462x201600040092
Ministério da Saúde (BR), Secretaria de Atenção à Saúde. Parto e nascimento domiciliar assistidos por parteiras tradicionais o Programa Trabalhando com Parteiras Tradicionais e experiências exemplares [Internet]. Brasília: Ministério da Saúde, 2010 [acesso em 2017 Set 14]. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/parto_nascimento_domiciliar_parteiras.pdf
Ávila JVC, Mello AS, Beretta ME, Trevisan R, Fiaschi P, Hanazaki N. Agrobiodiversity and in situ conservation in quilombola home gardens with different intensities of urbanization. Acta Bot Bras [Internet]. 2017 [acesso em 2017 Dez 12];31(1):1-10. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/0102-33062016abb0299.
Viegas DP, Varga IVD. Promoção à saúde da mulher negra no povoado Castelo, Município de Alcântara, Maranhão, Brasil. Saúde Soc (Online). 2016 [acesso em 2017 Dez 12];25(3):619-30. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/s0104-129020162577
Fernandes MC, Rudek M, Solto AS. Recém-nascidos banhados em líquido amniótico meconial: atendimento em sala de parto e ocorrência de síndrome da aspiração meconial. Rev Arq Catarin Med [Internet]. 2015 [acesso em 2017 Set 14];44(4):48-56. Disponível em: http://www.acm.org.br/acm/seer/index.php/arquivos/article/view/47
Siqueira SMC, Jesus VS, Camargo CL. Itinerário terapêutico em situações de urgência e emergência pediátrica em uma comunidade quilombola. Ciênc Saúde Coletiva [Internet]. 2016 [acesso em 2017 Set 14];21(1):179-89. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/1413-81232015211.20472014
Minayo MC. Pesquisa social: teoria, método e criatividade. Petrópolis: Vozes; 2012.
Ministério da Saúde (BR). Saúde da Família: uma estratégia para a reorientação do modelo assistencial. Brasília: Ministério da Saúde; 1997 [acesso em 2016 Nov 21]. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cd09_16.pdf
Richardson RJ, organizador. Pesquisa social: métodos e técnicas. São Paulo: Atlas; 1999.
Fontanella BJB, Luchesi BM, Saidel MGB, Ricas J, Turato ER, Melo DG. Amostragem em pesquisas qualitativas: proposta de procedimento para constatar saturação dos resultados. Cad Saúde Pública. 2011;27(2):389-94.
Geertz C. Thick description: toward an interpretive theory of culture. In: Geertz C. The interpretation of cultures. New York: Basic Books, 1973. p.03-32.
Van der Sand ICP, Monticelli M, Ressel LB, Bretas ACP, Schirmer J. Antropologia da saúde: contribuições teóricas para a interpretação do processo do nascimento. Rev Enferm UFPE Online. 2014 [acesso em 2016 Nov 21];8(8):2896-906. Disponível em: https://doi.org/10.5205/1981-8963-v8i8a9999p2896-2906-2014
Santos ME. Um “entendimento do entendimento”: olhar sobre o saber local. Espaço Currículo [Internet]. 2014 [acesso em 2016 Nov 21];7(2):350-5. Disponível em: http://dx.doi.org/10.15687/rec.2014.v7n2.350355
Ministério da Saúde (BR), Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Livro da parteira tradicional [Internet]. 2. ed. rev. ampl. Brasília: Ministério da Saúde; 2012 [acesso em 2016 Nov 21]. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/livro_parteira_tradicional.pdf
Rezende FM. Obstetrícia fundamental. 11ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2010.
Vásquez CL, Ruiz de Cárdenas CH. El saber de la partera tradicional del valle del río Cimitarra: cuidando la vida. Av Enferm [Internet]. 2009 [acesso em 2016 Nov 21];27(2):113-26. Disponível em: https://revistas.unal.edu.co/index.php/avenferm/article/view/12973
Durkheim E. As formas elementares da vida religiosa. Pereira J Neto, tradutor. São Paulo: Paulinas; 1989.
Lévi-Strauss C. Antropologia estrutural. Pandolfo MCC, tradutora. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro; 1996.
Silva TSS, Bomfim CA, Leite TCR, Moura CS, Belo NO, Tomazi L. Hipertensão arterial e fatores associados em uma comunidade quilombola da Bahia, Brasil. Cad Saúde Coletiva (Online). 2016 [acesso em 2017 Set 14];24(3):376-83. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/1414-462x201600030068.
Nishikawa M, Sakakibara H. Effect of nursing intervention program using abdominal palpation of Leopold’s maneuvers on maternal-fetal attachment. Reprod Health [Internet]. 2013 [acesso em 2017 Set 14];10:12. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23421578
Nascimento KC, Santos EKA, Erdmann AL, Nascimento HJ Júnior, Carvalho JN. A arte de partejar: experiência de cuidado das parteiras tradicionais de Envira/AM. Rev Esc Anna Nery Enferm [Internet]. 2009 [acesso em 2016 Nov 21];13(2):319-27. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/S1414-81452009000200012
Menezes PFA, Portella SDC, Bispo TCF. A situação do parto domiciliar no Brasil. Rev Enferm Contemporânea [Internet]. 2012 [acesso em 2016 Nov 21];1(1):3-43. Disponível em: http://dx.doi.org/10.17267/2317-3378rec.v1i1.38
Mantler T, Wolf B. A rural shelter in Ontario adapting to address the changing needs of women who have experienced intimate partner violence: a qualitative case study. Rural Remote Health [Internet]. 2017 [acesso em 2017 Dez 12];17(1):3987. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/28298129
Aguiar JM, D´Oliveira AFPL, Schraiber LB. Violência institucional, autoridade e poder em maternidades. Cad Saúde Pública [Internet]. 2013 [acesso em 2016 Nov 21];29(11):2287-96. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/0102-311x00074912
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Os manuscritos apresentados devem destinar-se exclusivamente à RBPS, não sendo permitida sua apresentação a outro periódico. Junto ao envio do manuscrito, autores devem encaminhar a Declaração de Responsabilidade e de Direitos Autorais assinada por todos os autores, bem como, sua contribuição individual na confecção do mesmo e deverá ser enviada no formato pdf.
O autor poderá depositar a versão final do artigo, com revisão por pares “postprint” em qualquer repositório ou website de acordo com a Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional.