Relações entre espiritualidade e comportamentos saudáveis em idosos atendidos na Atenção Primária à Saúde
DOI:
https://doi.org/10.5020/18061230.2022.11697Palavras-chave:
Espiritualidade, Qualidade de Vida, Saúde do Idoso, Saúde PúblicaResumo
Objetivo: Avaliar as relações entre espiritualidade e comportamentos saudáveis em idosos atendidos na atenção primária à saúde. Métodos: Estudo transversal realizado com amostra de 201 idosos atendidos em três Unidades Matriciais de Saúde (UMS) selecionadas aleatoriamente, em Uberaba, Minas Gerais, Brasil. Avaliou-se a espiritualidade pela Escala de Espiritualidade com cinco itens, cuja pontuação varia de 5 (menor espiritualidade) a 20 (maior espiritualidade). Os comportamentos de saúde incluíram tabagismo, consumo de bebidas alcoólicas, água, frutas e vegetais, satisfação com o sono, relações sociais e prática de atividade física. Os indicadores sociodemográficos englobaram sexo (masculino/feminino), faixa etária (60-74/75+) e escolaridade (até 4 anos/5 anos ou mais). Realizaram-se análises descritivas, teste t Student e regressão linear múltipla, adotando-se o intervalo de confiança de 95%. Resultados: Encontrou-se a média do escore na Escala de Espiritualidade de 16,02±2,71. Observaram[1]se as pontuações maiores entre os idosos que não fumavam (p=0,014); que consumiam frutas (p=0,003), vegetais (p=0,002) e água (p=0,017) em quantidades adequadas; entre aqueles classificados como fisicamente ativos (p<0,001); e entre aqueles que estavam satisfeitos com o sono (p=0,032) e com as relações sociais (p<0,001). Prática de atividade física (β:0,225; IC=0,507-2,131) e satisfação com as relações sociais (β:0,190; IC=0,360-2,351) apresentaram-se relacionadas à espiritualidade mais elevada, mesmo após controle por indicadores sociodemográficos. Conclusão: A espiritualidade relaciona-se com comportamentos saudáveis nos idosos investigados atendidos na atenção primária à saúde.
Downloads
Referências
OMS- Organizção Mundial de Saúde. Controle de doenças crônicas não transmissíveis gera retornos financeiros e de saúde. Brasília (DF); 2018. Disponível em: <https://nacoesunidas.org/oms-controle-de-doencas-cronicas-nao-transmissiveis-gera-retornos-financeiros-e-de-saude/>.
OPAS- Organização Pan-Americana da Saúde. Doenças crônicas não transmissíveis causam 16 milhões de mortes prematuras todos os anos. 2015. Disponível em: < https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=4766:doencas-cronicas-nao-transmissiveis-causam-16-milhoes-de-mortes-prematuras-todos-os-anos&Itemid=839>.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Principais causas de morte. Brasília (DF); 2016. Disponível em: < http://svs.aids.gov.br/dantps/centrais-de-conteudos/paineis-de-monitoramento/mortalidade/gbd-brasil/principais-causas/>.
OPAS- Organização Pan-Americana da Saúde. Doenças crônico-degenerativas e obesidade: estratégia mundial sobre a alimentação saudável, atividade física e saúde. Brasília (DF); 2003. Disponível em: < http://www.opas.org.br/ publicmo.cfm?codigo=66>
Janssen-Niemeijer AJ, Visse M, Van Leeuwen R, Leget C, Cusveller BS. The role of spirituality in lifestyle changing among patients with chronic cardiovascular diseases: A Literature Review of Qualitative Studies. J Relig Health. 2017;56(4):1460-77. doi:10.1007/s10943-017-0384-2
Triaca LM, Franca MTA, Guttier MC, Tejada CAO. Estilos de vida saudável e autoavaliação de saúde como boa: uma análise dos dados da PNS/2013. J Bras Econ Saúde. 2017; 9(3): 260-266. doi: 10.21115/JBES.v9.n3.p260-66.
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Núcleo de Apoio à Saúde da Família / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília: Ministério da Saúde, 2014. 116 p.: il. – (Cadernos de Atenção Básica, n. 39)
Buettner D, Skemp S. Blue Zones: Lessons From the World's Longest Lived. Am J Lifestyle Med. 2016;10(5):318-321. doi:10.1177/1559827616637066
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Portaria no 2608, de 28 de dezembro de 2005.
Rabelo DF, Neri AL. Recursos psicológicos e ajustamento pessoal frente à incapacidade funcional na velhice. Psicologia em Estudo. Maringá: 2005; 10(3): 403-412. doi: 10.1590/S1413-73722005000300008.
Gutz L, Camargo BV. Espiritualidade entre idosos mais velhos: um estudo de representações sociais. Rev. Bras. Geriatr. Gerontol. São Paulo: 2013; 16(4): 793-804. http://dx.doi.org/10.1590/S1809-98232013000400013.
Lucchetti G, Lucchetti ALG, Avezum, AJ. Religiosidade, Espiritualidade e Doenças Cardiovasculares. Rev Bras Cardiol. 2011; 24(1):55-57.
Koenig HG. Medicina, Religião e Saúde. Porto Alegre RS: L&PM; 2012. Religião e Saúde; p. 54-67 e Os Sistemas Imunológico e Endócrino; p. 82-95.
McCullough ME, Hoyt WT, Larson DB, Koenig HG, Thoresen C. Religious involvement and mortality: a meta-analytic review. Health Psychol. 2000;19(3):211-222. doi:10.1037//0278-6133.19.3.211
Lucchetti G, Lucchetti ALG, Bassi RM, Nasri F, Nacif SAP. O idoso e sua espiritualidade: impacto sobre diferentes aspectos do envelhecimento. Rev. Bras. Geriatr. Gerontol. 2011; 14(1): 159-167. doi: 10.1590/S1809-98232011000100016
Farinasso ALC. A vivência do luto em viúvas idosas e sua interface com a religiosidade e espiritualidade: um estudo clínico-qualitativo [tese]. Ribeirão Preto: Universidade de São Paulo; 2011.
Garces SBB, Figueiró MF, Hansen D, Rosa CB, Brunelli AV, Bianchi PDA, Rosa PV, Nascimento BB. Resiliência entre mulheres idosas e sua associação com o bem-estar espiritual e o apoio social. Estud. interdiscipl. envelhec., Porto Alegre: 2017; 22(1): 9-30.
Firmo JOA, Peixoto SV, Loyola Filho A I, Souza-Júnior PRB, Andrade FB, Lima- Costa MF, Mambrini JVM. Comportamentos em saúde e o controle da hipertensão arterial: resultados do ELSI-BRASIL. Cad. Saúde Pública. 2019; 35(7): e00091018. doi: 10.1590/0102-311X00091018
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Política nacional de práticas integrativas e complementares no SUS : atitude de ampliação de acesso/Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. – 2. ed. – Brasília: Ministério da Saúde, 2015. 96 p. Disponível em: <https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_praticas_integrativas_complementares_2ed.pdf>
Brasil. Ministério da Saúde. (2006). Portaria nº 971, de 3 de maio. Política nacional de Práticas integrativas e Complementares (PnPiC) no Sistema Único de Saúde, Departamento de Atenção Básica. Brasília, DF: Autor. Disponível em : <https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2006/prt0971_03_05_2006.html>
Pinto C, Pais-Ribeiro JL. Construção de uma escala de avaliação da espiritualidade em contextos de saúde. Arq. med. 2007; 21(2): 47-53.
O’Keefe JH, Bhatti SK, Bajwa A, DiNicolan¬tonio JJ, Lavie CJ. Alcohol and cardiovascular health: the dose makes the poison...or the rem¬edy. Mayo Clin Proc 2014; 89:382-93.
Firmo JOA, Peixoto SV, Loyola Filho A I, Souza-Júnior PRB, Andrade FB, Lima- Costa MF, Mambrini JVM. Comportamentos em saúde e o controle da hipertensão arterial: resultados do ELSI-BRASIL. Cad. Saúde Pública. 2019; 35(7): e00091018. doi: 10.1590/0102-311X00091018
World Health Organization. Global recom¬mendations on physical activity for health. http://www.who.int/dietphysicalactivity/fact¬sheet_recommendations/en/
Koenig HG, McCullough M, Larson DB. Handbook of religion and health: a century of research reviewed. New York: Oxford University Press. 2001
Inoue TM, Vecina MV. Spirituality and/or religiosity and health: a literature review. J Health Sci Inst. 2017; 35(2): 127-30
Palmer JA, Howard EP, Bryan M, Mitchell SL. Physiological and psychosocial factors in spiritual needs attainment for community-dwelling older adults. Archives of Gerontology and Geriatrics. 2018.76: 1-5. DOI: 10.1016/j.archger.2018.01.007.
Liu CY, Wei CC, Lo PC. Variation analysis of sphygmogram to assess cardiovascular system under meditation. Evid Based Complement Alternat Med. 2009; 6(1): 107–12. doi: 10.1093/ecam/nem065.
Vandana B, Vaidyanathan K, Saraswathy LA, Sundaram KR, Kumar H. Impact of integrated amrita meditation technique on adrenaline and cortisol levels in healthy volunteers. Evid Based Complement Alternat Med. 2011; 2011: 379645. doi: 10.1155/2011/379645
Barnes VA, Treiber FA, Turner JR, Davis H, Strong WB. Acute effects of transcendental meditation on hemodynamic functioning in middle-aged adults. Psychosom Med. 1999; 61(4): 525-31. doi: 10.1097/00006842-199907000-00017.
Schneider RH, Alexander CN, Staggers F, Orme-Johnson DW, Rainforth M, Salerno JW, Sheppard W, Castillo-Richmond A, Barnes VA, Nidich SI. A randomized controlled trial of stress reduction in African Americans treated for hypertension for over one year. Am J Hypertens. 2005; 18(1): 88-98. doi: 10.1016/j.amjhyper.2004.08.027.
Walton KG, Schneider RH, Nidich SI, Salerno JW, Nordstrom CK, Bairey Merz CN. Psychosocial stress and cardiovascular disease part 2: effectiveness of the transcendental meditation program in treatment and prevention. Behav Med. 2002; 28(3):106-23. doi: 10.1080/08964280209596049
Seybold KS. Physiological mechanisms involved in religiosity/spirituality and health. J Behav Med. 2007; 30(4): 303-309. doi:10.1007/s10865-007-9115-6
Lindberg DA. Integrative review of research related to meditation, spirituality, and the elderly. Geriatr Nurs. 2005;26(6):372-7. doi:10.1016/j.gerinurse.2005.09.013
Cordain L, Eaton SB, Sebastian A, Mann N, Lindeberg S, Watkins BA, O’Keefe JH, Brand-Miller J. Origins and Evolution of the Western diet: health implications for the 21st century. Am J Clin Nutr. 2005; 81(2):341-54. doi:10.1093/ajcn.81.2.341.
Esposito K, Maiorino MI, Bellastella G, Chiodini P, Panagiotakos D, Giugliano D. A journey into a Mediterranean diet and type 2 diabetes: a systematic review with meta-analyses. BMJ Open. 2015;5(8):e008222. doi: 10.1136/bmjopen-2015-008222.
Widmer RJ, Flammer AJ, Lerman LO, Lerman A. The Mediterranean diet, its components, and cardiovascular disease. Am J Med. 2015;128(3):229–238. doi: 10.1016/j.amjmed.2014.10.014.
Schwingshackl L, Hoffmann G. Adherence to Mediterranean diet and risk of cancer: an updated systematic review and meta-analysis of observational studies. Cancer Med. 2015;4(12):1933–47. doi: 10.1002/cam4.539.
Gutierrez J, Devia C, Weiss L, Chantarat T, Ruddock C, Linnell J, Golub M, Godfrey L, Rosen R, Calman N. Health, community, and spirituality: evaluation of a multicultural faith-based diabetes prevention program. Diabetes Educ. 2014; 40(2): 214-222. doi:10.1177/0145721714521872.
Santos EL, Navarine TCRR, Costa MML. O idoso e a espiritualidade: considerações para o cuidado holístico de enfermagem. Revista Nursing, 2018; 21 (244): 2342-2344.
Margaça C, Rodrigues D. Espiritualidade e resiliência na adultez e velhice: uma revisão. Fractal: Rev. Psicol. 2019; 31(2): 150-157. doi:10.22409/1984-0292/v31i2/5690
Abdala GA, Kimura M, Duarte YAO, Lebrão ML, Santos B. Religiosidade e qualidade de vida relacionada à saúde do idoso. Rev Saúde Pública. 2015; 49:55. doi:10.1590/s0034-8910.2015049005416
Neuger CC. Does gender influence late-life spiritual potentials? In: Kimble MA, McFadden SH. Aging, spirituality, and religion: a handbook. Fortress Press. 2003; 2: 59-73.
Nunes MGS, Leal MCC, Marques APO, Mendonça SS. Idosos longevos: avaliação da qualidade de vida no domínio da espiritualidade, da religiosidade e de crenças pessoais. Saúde Debate, Rio De Janeiro, 41(115): 1102-1115. 2017. doi: 10.1590/0103-1104201711509
Silva ATM, Tavares DMS, Molina NPFM, Assunção LM, Rodrigues LR. Religiosidade e espiritualidade relacionadas às variáveis sociodemográficas, econômicas e de saúde entre idosos. REME – Rev Min Enferm. 2019; 23:e-1221. doi: 10.5935/1415-2762.20190069.
Moreira-Almeida A, Lotufo Neto F, Koenig HG. Religiousness and mental health: a review. Rev Bras Psiquiatr. 2006; 28(3): 242-50. doi: 10.1590/S1516-44462006005000006.
Silva RP, Souza P, Nogueira DA, Moreira DS, Chaves ECL. Relação entre bem-estar espiritual, características sociodemográficas e consumo de álcool e outras drogas por estudantes. Rev Bras Psiquiatr. 2013;62(3):191-8. doi: 10.1590/S0047-20852013000300003.
Cres MR, Abdala GA, Meira MDD, Teixeira CA, Ninahuaman MFML, Moraes MCL. Religiosidade e estilo de vida de uma população adulta. Rev Bras Promoç Saúde, Fortaleza. 2015; 28(2): 240-250.
Sanchez ZVDM, Nappo SA (org). Intervenção religiosa na recuperação de dependentes de drogas. Rev Saúde Publica, São Paulo. 2008; 42(2): 265-272. doi: 10.1590/S0034-89102008000200011
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2022 Revista Brasileira em Promoção da Saúde
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Os manuscritos apresentados devem destinar-se exclusivamente à RBPS, não sendo permitida sua apresentação a outro periódico. Junto ao envio do manuscrito, autores devem encaminhar a Declaração de Responsabilidade e de Direitos Autorais assinada por todos os autores, bem como, sua contribuição individual na confecção do mesmo e deverá ser enviada no formato pdf.
O autor poderá depositar a versão final do artigo, com revisão por pares “postprint” em qualquer repositório ou website de acordo com a Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional.