Raízes metapsicológicas da compaixão

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v24i2.e13902

Palavras-chave:

Psicanálise, compaixão, empatia, narcisismo, vínculo

Resumo

A partir de distinções conceituais entre compaixão, simpatia, empatia e piedade, propormos uma compreensão teórica psicanalítica sobre os significados contidos na capacidade de compadecer-se com o sofrimento do outro. As reflexões nos levaram a indagar: como podemos compreender a compaixão do ponto de vista psicanalítico? Para articular teoricamente essa questão, recorremos ao arcabouço conceitual freudiano em busca do enraizamento histórico e filosófico da compaixão, recuperando sentidos, domínios semânticos, valores, afetos e sensibilidades. Empreendemos um percurso que identifica as vicissitudes da transformação do aparelho psíquico no lidar com as ameaças da pulsão de morte. Nessa vertente, inserimos o trabalho da compaixão, definida como possibilidade de partilhar do sofrimento do outro, potencializando condições que podem fortalecer a costura dos contornos narcísicos em bases mais amadurecidas, dignificando o trabalho de Eros e colocando o narcisismo a serviço da vida. Concluímos que a compreensão psicanalítica da compaixão requer atitude de disponibilidade para acolher e escutar aquele que enfrenta um momento disruptivo, considerando sentimentos decorrentes dessa situação. As implicações e desdobramentos para pensarmos as respostas da clínica psicanalítica face às fontes contemporâneas de sofrimento são abordadas.

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Biografia do Autor

Manoel Antônio dos Santos, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil

Professor Titular do Departamento de Psicologia e do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP), Universidade de São Paulo (USP), São Paulo, Brasil. Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq nível 1A. Psicólogo pelo Instituto de Psicologia (IP) da Universidade de São Paulo (USP). Mestre e Doutor pelo Programa de Pós-Graduação em Psicologia Clínica do IP-USP. Livre-docente em Psicoterapia Psicanalítica pela FFCLRP-USP. Especialista em Terapia Familiar e de Casal pelo Instituto Familae (Ribeirão Preto); especialista em Psicologia Clínica e Psicologia Hospitalar (Conselho Federal de Psicologia). Coordenador do Laboratório de Ensino e Pesquisa em Psicologia da Saúde - LEPPS (FFCLRP-USP-CNPq). Membro Titular da Academia Paulista de Psicologia, cadeira 33. Editor Chefe do periódico Paidéia (Ribeirão Preto). Suas pesquisas concentram-se no campo da Psicologia da Saúde, nas interfaces enfrentamento do processo saúde-doença, diversidade de orientações sexuais e identidades de gênero.

Mary Yoko Okamoto, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, São Paulo, Brasil

Professora Assistente Doutora do Departamento de Psicologia Clínica, Faculdade de Ciências e Letras de Assis da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP, campus de Assis), São Paulo, Brasil. Psicóloga pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, mestrado em Psicologia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho e doutorado em Psicologia (Psicologia Clínica) pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2007). Co-coordenadora do Laboratório de Estudos e Pesquisas em Psicanálise Vincularidade - LaPsiVi. Tem experiência na área de Psicologia, com ênfase em Psicologia, atuando principalmente nos seguintes temas: desenvolvimento infantil, famílias, psicanálise, imigração japonesa e educação.

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Publicado

28.05.2024

Como Citar

Santos, M. A. dos, & Okamoto, M. Y. (2024). Raízes metapsicológicas da compaixão. Revista Subjetividades, 24(2). https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v24i2.e13902

Edição

Seção

Estudos Teóricos