Guerra, Tempo e Memória: Duas Notas sobre a Mortalidade Juvenil Brasileira
DOI:
https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v17i3.5540Palavras-chave:
Psicanálise, Política, Antropologia, Juventude, MortalidadeResumo
O artigo propõe duas notas para analisar a guerra entre os jovens no microtráfico ilícito de drogas numa interface entre psicanálise e antropologia, a partir da noção entre tempo e memória. Na primeira nota, trabalhamos a hipótese de que a guerra teria a função de conectar passado e futuro, pois através da vingança haveria uma inscrição no tempo e uma marca cunhada na história, que se perpetua através da memória. A segunda nota trabalha o circuito das mortes no microtráfico incluindo o saber que o jovem lança mão para lidar com o mecanismo de exclusão a que estão submetidos. Neste sentido, trabalhamos a hipótese de que a morte desempenha uma função estrutural no sistema de vida destes jovens e comporta uma positividade, na medida em que escreve a presença destes sujeitos na cidade, ainda que pelas avessas. Ao serem nomeados pelos registros oficiais dos dispositivos de poder, os jovens ganham inscrição, ao mesmo tempo em que se apagam na escrita de um nome na história dos homens. Assim, correndo risco de vida na guerra do tráfico, os jovens parecem almejar não a morte, mas a inscrição de uma escrita marginal, que não ganha registro na língua do Outro social.Downloads
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