Paradoxos e fragilidade na clínica médica

Autores/as

  • Preciliana Barreto de Morais

DOI:

https://doi.org/10.5020/23180714.2008.23.1.%25p

Resumen

O propósito deste trabalho é adentrar em uma área bastante conceituada e tradicionalmente respeitada pela sociedade: a Medicina Alopática. A intenção é de analisar sua estruturação como saber científico e sua atuação diante da vida e da morte, tendo como referência a literatura que trata da relação entre médico e paciente terminal na oncologia. Para compreender o fenômeno em questão, recorremos a produções científicas que nos respaldam nas discussões sobre os conceitos de saúde, doença, saber, poder, racionalidade, instituição médica e morte. Adotamos uma perspectiva genealógica no enfoque da Medicina, no que se refere a constituição histórica de tal saber e de como essa constituição é responsável pela definição de um metier profissional. As discussões teóricas sobre a constituição do saber médico e os desafios enfrentados na relação com os pacientes terminais de câncer, nos levaram as seguintes indagações que procuramos responder neste trabalho: o avanço da doença e a inexorabilidade da morte denunciariam um não saber? a ineficácia do tratamento seria um dos aspectos que apontaria uma falibilidade no campo da ciência médica? A complexidade e as contradições que envolvem a relação dos médicos com os pacientes de câncer foram percebidas na maioria da literatura que trata tal questão. Um dos pontos mais problemáticos, apontados por estes estudos, refere-se a formação médica. Ou seja, no processo de aprendizado da profissão, os acadêmicos de Medicina são formados com uma concepção filosófica que separa a natureza da cultura, fundada numa relação teórico-prática ortodoxa, que elege como foco a manutenção da vida. Esta concepção torna-se, ainda mais evidente, com a negação da inexorabilidade da morte e da incurabilidade da doença no campo da oncologia. Deste modo, os estudantes desenvolvem nos espaços profissionais uma compreensão bipolar do fenômeno saúde e doença, morte e vida, comprometendo e fragilizando suas práticas frente às situações limites. Nesse momento, os conhecimentos e as técnicas aprendidos são comprometidos, denunciando um não saber. Palavras chave: Saúde. Doença. Medicina Alopática. Racionalidade e morte.

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Biografía del autor/a

Preciliana Barreto de Morais

Socióloga, Doutora em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará, Professora e Coordenadora do Curso de Sociologia e Política da Universidade de Fortaleza

Publicado

2010-01-14

Cómo citar

de Morais, P. B. (2010). Paradoxos e fragilidade na clínica médica. Revista De Humanidades (Descontinuada), 23(1). https://doi.org/10.5020/23180714.2008.23.1.%p

Número

Sección

Artigos