O Adolescente Infrator e o Outro Social: Reflexões Psicanalíticas sobre a Indiferença

Autores

  • Andréa Máris Campos Guerra Universidade Federal de Minas Gerais
  • Marina de Melo Silva Soares Otoni Universidade Federal de Minas Gerais

DOI:

https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v18i3.5182

Palavras-chave:

adolescente em conflito com a lei, indiferença, psicanálise, medida socioeducativa, pulsão.adolescente em conflito com a lei, pulsão.

Resumo

Este artigo tem como objetivo analisar a indiferença, a partir da experiência com adolescentes em conflito com a lei, focando-se na relação com o técnico responsável pelo seu acompanhamento na medida socioeducativa em meio aberto, com o intuito de compreender como é possível operar com esses jovens na medida. Para realizá-la, elegemos a psicanálise como referencial teórico. Como a indiferença não é um conceito psicanalítico, mas um termo recolhido da experiência com esses jovens, a fim de proceder à investigação dessa experiência, recorremos ao conceito de pulsão, em Freud, para definir a indiferença. Balizamos a discussão com a noção de transferência. Utilizamos um fragmento de caso de adolescente que cumpriu a medida de Prestação de Serviço à Comunidade, no qual a indiferença se apresentava como um obstáculo para a realização do trabalho proposto. Localizamos, ao final dessa investigação, a retificação do Outro como estratégia para operar com jovens indiferentes na medida.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Andréa Máris Campos Guerra, Universidade Federal de Minas Gerais

Possui graduação em Direito pela Universidade Federal de Juiz de Fora (1994), graduação em Psicologia pelo Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora (1995), mestrado em Psicologia Social pela Universidade Federal de Minas Gerais (2000) e doutorado em Teoria Psicanalítica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, com período de estudos aprofundados na Université de Rennes II (2007) e pós-doutorado em andamento da Université Paris 8 (2018), sendo atualmente professora adjunta do Departamento e do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da UFMG. Ênfase da produção acadêmica e profissional junto aos temas de Psicanálise e Política; Adolescência e Infração; Clínica psicanalítica.

Marina de Melo Silva Soares Otoni, Universidade Federal de Minas Gerais

Possui graduação em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (2002), pós- graduação em Teoria Psicanalítica pela Universidade Federal de Minas Gerais (2008) e mestrado em psicologia pela Universidade Federal de Minas Gerais (2015). Atuou como psicóloga no Serviço de Execução das Medidas Socioeducativas em Meio Aberto da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, de 2004 á 2013, acompanhando adolescentes em conflito com a lei no cumprimento das medidas de Liberdade Assistida e Prestação de Serviço à Comunidade . Desde 2003, atua como psicóloga clínica atendendo crianças, adolescentes e adultos. Em 2013, fundou a Clínica Base, na qual trabalha com psicologia clínica e presta consultoria para escolas e empresas sobre temas relacionados a infância e adolescência, realizando palestras e ministrando cursos. Desde 2015, coordena o Núcleo Interfaces de Direito e Psicanálise do PSILACS-UFMG, realizando cursos de extensão na universidade sobre temas relacionados a adolescência, violência, psicanálise na instituição, dentre outros, coordenando uma pesquisa histórica sobre o encontro do direito com a psicanálise e seminários sobre as temáticas abordadas nos cursos e na pesquisa em andamento.

Referências

Alberti, S. (2009). Esse sujeito adolescente. Rio de Janeiro: Contra Capa.

Caniato, A. M. P., & Nascimento, M. L. V. (2010). O mal estar na contemporaneidade: Desamparo, indiferença e sofrimento narcísico. XIII Encontro Regional Sul da Associação Brasileira de Psicologia Social, Maringá, Paraná.

Cottet, S. (1996). Estrutura e romance familiar na adolescência. In H. C. Ribeiro, & V. Pollo (Orgs.), Adolescência: O despertar Kalimeros (pp. 35-40). Rio de Janeiro: Contra Capa Livraria.

Freud, S. (1969a). Formulações sobre os dois princípios do funcionamento mental. In James Strachey. Edição Standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud (Vol. 12). Rio de Janeiro: Imago. (Originalmente publicado em 1911).

Freud, S. (1969b). Recomendações aos médicos que exercem a psicanálise. In James Strachey. Edição Standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud (Vol. 12). Rio de Janeiro: Imago. (Originalmente publicado em 1912).

Freud, S. (1969c). Recordar, repetir e elaborar novas recomendações sobre a técnica da psicanálise II. In James Strachey. Edição Standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud (Vol. 12). Rio de Janeiro: Imago. (Originalmente publicado em 1914).

Freud, S. (1972). Três ensaios sobre a teoria da sexualidade. In James Strachey. Edição Standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud (Vol. 7). Rio de Janeiro: Imago. (Originalmente publicado em 1905).

Freud, S. (1974a). Análise terminável e interminável. In James Strachey. Edição Standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud (Vol. 23). Rio de Janeiro: Imago. (Originalmente publicado em 1937).

Freud, S. (1974b). Construção em análise. In James Strachey. Edição Standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud (Vol. 23). Rio de Janeiro: Imago. (Originalmente publicado em 1937).

Freud, S. (1974c). Esboço de psicanálise. In James Strachey. Edição Standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud (Vol. 23). Rio de Janeiro: Imago. (Originalmente publicado em 1938).

Freud, S. (1974d). O Mal-estar na civilização. In James Strachey. Edição Standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud (Vol. Rio de Janeiro: Imago. (Originalmente publicado em 1929-1930).

Freud, S. (1974e). Os instintos e suas vicissitudes. In James Strachey. Edição Standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud (Vol. 14). Rio de Janeiro: Imago. (Originalmente publicado em 1915).

Freud, S. (1974f). Sobre o narcisismo: uma introdução. In James Strachey. Edição Standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud (Vol. 14). Rio de Janeiro: Imago. (Originalmente publicado em 1914).

Freud, S. (1976a). Além do princípio de prazer. In James Strachey. Edição Standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud (Vol. 18). Rio de Janeiro: Imago. (Originalmente publicado em 1920).

Freud, S. (1976b). O Ego e o Id. In James Strachey. Edição Standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud (Vol. 19). Rio de Janeiro: Imago. (Originalmente publicado em 1923).

Garcia, C. (2001). Em conflito com a lei. Curinga, 15(16), 122-129.

Green, A. (1988). Narcisismo de vida, narcisismo de morte. São Paulo: Escuta.

Koltai, C. (1999). Violência e indiferença: Duas formas de mal-estar na cultura. São Paulo em Perspectiva, 13(3), 76-80.

Laia, S. (2014). A violência nas cidades e o enxame que emaranha a vida: uma leitura referenciada na psicanálise de orientação lacaniana. In T. C. Santos, J. Santiago, & A. Martello (Orgs.), Os corpos falantes e a normatividade do supersocial (281-303). Rio de Janeiro: CIA de Freud.

Lacadée, P. (2011). O despertar e o exílio ensinamentos psicanalíticos da mais delicada das transições, a adolescência. Rio de Janeiro: Contra Capa Livraria.

Lacan, J. (n.d). R.S.I. Ornicar? In J. Lacan. O seminário 22: R.S.I. Ornicar? (pp.1974-1975). Rio de Janeiro: Zahar.

Lacan, J. (1992). Produção dos quatro discursos. In J. Lacan. O seminário 17: O avesso da psicanálise (pp.1969-1970). Rio de Janeiro: Zahar. (Originalmente publicado em 1969-1970).

Lacan, J. (1998). A direção do tratamento e os princípios de seu poder. In J. Lacan. Escritos (p. 1958). Rio de Janeiro: Zahar. (Originalmente publicado em 1958).

Lacan, J. (2003). Prefácio O despertar da primavera. In J. Lacan. Outros escritos (p.1974). Rio de Janeiro: Zahar. (Originalmente publicado em 1974).

Lacan, J. (2008). Do Sujeito Suposto Saber, da díade primeira e do bem. In J. Lacan. O seminário 11: Os quatro conceitos fundamentais da psicanálise (p. 1964). Rio de Janeiro: Zahar. (Originalmente publicado em 1964).

Lei nº 8069, de 13 de julho de 1990. (1990). Estabelece as medidas concretas para a garantia dos direitos de crianças e adolescentes. Brasília. Retrieved from http://ww.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm.

Lei nº 17.943-A, de 12 de outubro de 1927. (1927). Estabelece a 1º legislação voltada para a proteção das crianças e adolescentes. Retrieved from http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1910-1929/d17943a.htm.

Lei nº 12.594, de 18 de janeiro de 2012. (2012). Institui o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo que regulamenta a execução das medidas socioeducativas destinadas a adolescentes que pratique ato infracional. Brasília, DF. Retrieved from http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12594.htm.

Miller, J.A. (1987). Percurso de Lacan: Uma introdução. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.

Nassau, C. (2011). A contribuição do conceito de transferência para as medidas socioeducativas. Clinicaps: Impasses da clínica, 5(15), 61-72.

Recalcati, M. (2004). A questão preliminar na época do Outro que não existe. Latusa Digital, n. 7, ano 1, julho de 2004. Disponível em http://www.latusa.com.br/pdf_latusa_digital_7_a2.pdf

Salum, M, J, G. (2012). O adolescente, o ECA e a responsabilidade. Revista Brasileira Adolescência e Conflitualidade, 1(6), 162-176.

Santiago, J. (2006). A clínica da pai-versão: um adeus ao pai morto. Revista Latusa, 11, 73-89.

Zeitoune, C. (2008). O ato infracional adolescente- Um apelo ao pai. In III Congresso Internacional de Psicopatologia Fundamental e IX Congresso Brasileiro de Psicopatologia Fundamental. Niterói, RJ. Pathos: Violência e poder.

Zenoni, A. (2007). Versões do pai na psicanálise lacaniana: O percurso do ensinamento de Lacan sobre a questão do pai. Psicologia em revista, 13(1), 15-26.

Downloads

Publicado

26.02.2019

Como Citar

Guerra, A. M. C., & Otoni, M. de M. S. S. (2019). O Adolescente Infrator e o Outro Social: Reflexões Psicanalíticas sobre a Indiferença. Revista Subjetividades, 18(3), 1–12. https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v18i3.5182

Edição

Seção

Estudos Teóricos

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)