A psicoterapia humanista, fenomenológica e existencial: Revisão sistemática qualitativa da literatura

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v24i3.e14159

Palavras-chave:

fenomenologia, fenomenologia-existencial, método fenomenológico, psicoterapia humanista

Resumo

Realizou-se uma revisão sistemática qualitativa da literatura sobre como as Psicoterapias Humanistas, Fenomenológicas e Existenciais têm lidado com o método fenomenológico com relação à pesquisa qualitativa em Psicologia e à prática clínica, visando averiguar como procedem. Selecionou-se artigos em português, completos e referentes ao período de 2011 a 2021, a partir de buscas nas bases de dados LILACS, PePSIC e SciELO-Brasil. Como palavras chave: (método fenomenológico) AND (psicoterapia OR clínica). O corpus foi constituído por 45 artigos, os quais foram analisados quanti (Distribuição de artigos publicados; Desempenho dos periódicos brasileiros; Ranque dos psicólogos com maior índice de publicação; Filiações institucionais dos autores e coautores) e qualitativamente em função das dimensões: (I) desenho metodológico empregado, (II) análise de dados, (III) método fenomenológico no fazer terapêutico. Os resultados apontam: maior produção de artigos em 2020; concentração de publicações em um periódico de orientação humanista; predominância de autores e universidades cearenses e predominância de produções empíricas. O instrumento mais utilizado para coleta de dados a entrevista semiestruturada; para análise de dados muito se recorreu ao proposto por Giorgi e Sousa (2010), sendo o método de análise mais citado nas pesquisas o fenomenológico existencial-hermenêutico, que se baseou em diferentes autores. Os conceitos filosóficos propostos por Husserl aparecem de forma diferente daquela explorada pelo filósofo, aparecendo como: postura (profissional), atitude de compreensão tomada pelo psicólogo, evidenciando seu modo de intervenção. Ainda, os autores tratam como sinônimos as ideias de epoché, redução, redução fenomenológica, com um significado geral de atitude/postura. Parece incoerente aplicar o método fenomenológico diretamente como recurso psicoterapêutico, tendo em vista sua elaboração e desenvolvimento como método de investigação e validação dos fenômenos, tarefa particularmente introspectiva, racional e reflexiva.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Bruna Alves Schievano, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, Minas Gerais, Brasil

Mestre em Processos Psicossociais em Saúde e Educação pelo Instituto de Psicologia da Universidade Federal de Uberlândia (2022) e graduada em Psicologia pela mesma instituição (2019). Especialização Lato Sensu em Psicologia Clínica Humanista, Fenomenológica e Existencial.

Tommy Akira Goto, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, Minas Gerais, Brasil

Doutor em Psicologia como Profissão e Ciência pela PUC-Campinas (2007), Mestre em Ciências da Religião pela Universidade Metodista de São Paulo (2002) e Graduado em Psicologia pela Universidade São Marcos (1998).

Referências

Akobeng, A. (2005). Understanding systematic reviews and meta-analysis. Archives of Disease in Childhood. London, 1(90), 845-848. https://doi.org/10.1136/adc.2004.058230

Amatuzzi M.M. (2010). Por uma psicologia humana. Alínea.

Amatuzzi, M. M. (2009). Psicologia Fenomenológica: Uma aproximação teórica humanista. Estudos de Psicologia, 26(1), 93-100. https://doi.org/10.1590/S0103-166X2009000100010

Andrade, C. C., & Holanda, A. F. (2010) Apontamentos sobre pesquisa qualitativa e pesquisa empírico-fenomenológica. Estudos de Psicologia, 27(2), 259-268. https://doi.org/10.1590/S0103-166X2010000200013

Batista, L. dos S., & Kumada, K. M. O. (2021). Análise metodológica sobre as diferentes configurações da pesquisa bibliográfica. Revista Brasileira de Iniciação Científica, 8, 1-17. https://periodicoscientificos.itp.ifsp.edu.br/index.php/rbic/article/view/113

Besora, M.V. (1986). La psicología humanista: História, concepto y metodo. Anuario de Psicologia, Número 34(1), 09-45. Universitat de Barcelona.

Bloc, L., Moreira, V., Chamond, J., & Wolf-Fédida. (2017). La relation d’implication (et non d’application) entre las phénoménologies philosophique et clinique: le point de vue d’Arthur Tatossian. Bulletin de Psychologie, 70(4), 301-309.

Breakwell, G. M., Hammond, S., Fife-Schaw, C., & Smith, J. A. (2010). Métodos de pesquisa em psicologia (3a ed.). Artmed.

Castelo-Branco, P. C. C. (2020). A Ideia da Consideração Positiva Incondicional como Epoché: Limites e Suspensão do Quê? Estudos e Pesquisas em Psicologia, 20(spe), 1088-1107. https://dx.doi.org/10.12957/epp.2020.56652

Castelo-Branco, P. C. C., & Farias, H. B. (2020). Cientometria E Bibliometria do Campo da Abordagem Centrada na Pessoa e Gestalt-Terapia no Brasil: Análise das Redes de Autoria e Produção. Phenomenology, Humanities and Sciences, 1(1), 18-43. https://phenomenology.com.br/index.php/phe/article/view/6

Castelo-Branco, P. C., & Cirino, S. D. (2017). Circulação de artigos brasileiros sobre Carl Rogers: Ascensão, renascimento ou declínio? Revista Subjetividades, 17(2), 1-11. http://dx.doi.org/10.5020/23590777.rs.v17i2.5789

Carvalho, L. B., Alves, A. M. F., Passos, C. A., Lopes, F. G., Holanda, R. B., & Moreira, V.. (2015). A ética do cuidado e o encontro com o outro no contexto de uma clínica-escola em fortaleza. Revista da Abordagem Gestáltica, 21(1), 1-12. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-68672015000100002&lng=pt&tlng=pt

DeCastro, T., & Gomes, W. (2011). Aplicações do método fenomenológico à pesquisa em psicologia: Tradições e tendências. Estudos de Psicologia, 28(2), 153-161. http://dx.doi.org/10.1590/S0103-166X2011000200003

Feijoo, A.M. L. C., & Mattar, C. M. (2014). A Fenomenologia como método de investigação nas filosofias da existência e na Psicologia. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 30(4), 417- 423. https://www.scielo.br/j/ptp/a/YPGVfdBZzVfsgXYKQtHyYcN/?lang=pt

Forghieri, Y. (1993). Psicologia fenomenológica: Fundamentos, método e pesquisas. Pioneira.

Giorgi, A. (2008). Sobre o método fenomenológico utilizado como modo de pesquisa qualitativa nas ciências humanas: Teoria, prática e avaliação. In J. Poupart, J. Deslauriers, L. Groulx, A. Laperrière, R. Mayer, A. P. Pires, M. Jaccoud, A. Cellard, G. Houle, & A. Giorgi (Orgs.). A pesquisa qualitativa: enfoques epistemológicos e metodológicos (A. Cristina Trad., pp. 386- 409). Vozes. (Originalmente publicado em 1997).

Giorgi, A., & Sousa, D. (2010). Método fenomenológico de investigação em psicologia. Editora Sociedade Unipessoal.

Gomes, W. B. (1997). A entrevista fenomenológica e o estudo da experiência consciente. Psicologia USP, 8(2), 305-336. https://doi.org/10.1590/S0103-65641997000200015

Goto, T. A., Costa, I. I. da, & Schievano, B. A. (2019). Vivências psicológicas de homens que buscam profissionais do sexo. Uma proposta de análise psicológico-fenomenológico. Revista de Psicologia, 10(1),90-104. http://www.periodicos.ufc.br/psicologiaufc/article/view/33703

Goto, T. A., Holanda, A. F., & Costa, I. I. da. (2018). Fenomenologia transcendental e a psicologia fenomenológica de Edmund Husserl. Revista do NUFEN, 10(3), 38-54. https://dx.doi.org/10.26823/RevistadoNUFEN.vol10.n03artigo35

Goto, T. A. (2015). Introdução à Psicologia Fenomenológica: A Nova Psicologia de Edmund Husserl. Paulus.

Holanda, A. (1997). Fenomenologia, psicoterapia e psicologia humanista. Estudos de Psicologia, 14(2), 33-46. https://doi.org/10.1590/S0103-166X1997000200004

Husserl, E. (2000). A ideia da fenomenologia (A. Morão Trad., pp.39-66) Ed. 70. (Original publicado em 1907).

Husserl, E. (2006). Ideias para uma fenomenologia pura e para uma filosofia fenomenológica. Introdução geral à fenomenologia pura (M Suzuki Trad.) Ideias & Letras. (Original publicado em 1913).

Husserl, E. (2012). A Crise das Ciências Europeias e a Fenomenologia Transcendental. Uma introdução à Filosofia Fenomenológica. Editora Forense Universitária (Publicado em 1954).

Krüger, H. (2014). Psicologia Humanista. In S. de F. Araújo, F. S. Caropreso, G. A. Castañon, & R. T. Simanke (Orgs.). Fundamentos filosóficos da Psicologia Contemporânea (pp. 165-198). Editora UFJF.

Martins, J., & Bicudo, M. A. V. (2005). A pesquisa qualitativa em psicologia: Fundamentos e recursos básicos (5a ed.). Centauro.

May, R. (1976). Psicologia Existencial. Globo.

May, R. (1977). Psicologia e dilema humano (3a ed.) Zahar Editor.

Menezes, K. J., Ovelar, S. O. de A., & Oliveira, E. D. F. (2014). Gestalt-terapia e orientação profissional: Um relato de experiência. Revista IGT na Rede, 11(21), 261-281. http://pepsic.bvsalud.org/pdf/igt/v11n21/v11n21a03.pdf

Merleau-Ponty, M. (2009). O visível e o invisível. Ed. Perspectiva (Original publicado em 1964).

Moreira, V. (2004) O método fenomenológico de Merleau-Ponty como ferramenta crítica na pesquisa em psicopatologia. Psicologia: Reflexão e Crítica, 17(3),447-456. https://doi.org/10.1590/S0102-79722004000300016

Moreira, V. (2009). Clínica humanista-fenomenológica: Estudos em psicopatologia e psicoterapia. Annablume.

Moustakas, C. (1994). Phenomenological research methods. Sage Publications.

Mucchielli, A. (1991). Les Méthodes Qualitatives. P.U.F.

Oliveira, T. C. A., & Borba, J. M. P. (2019). Contribuições da fenomenologia Husserliana para a Psicologia Clínica. Revista do NUFEN, 11(3), 154-169. https://dx.doi.org/10.26823/RevistadoNUFEN.vol11.nº03ensaio52

Orengo, F. V., Holanda, A. F., & Goto, T. A. (2020a). Fenomenologia e psicologia fenomenológica para psicólogos brasileiros: Uma compreensão empírica. Psicologia Em Estudo, 25, 1-16. https://doi.org/10.4025/psicolestud.v25i0.45065

Orengo, F. V., Holanda, A. F., & Goto, T. A. (2020b). “Psicologia Fenomenológica” de Husserl – a (In) compreensão de Psicólogos Brasileiros: Um Estudo Empírico. Estudos e Pesquisas em Psicologia, 20 (4), 1066–1087. https://doi.org/10.12957/epp.2020.56651

Rey, F.L. G. (2013). O que oculta o silêncio epistemológico da Psicologia? Pesquisas e Práticas Psicossociais, 8(1), 20-34. https://www.ufsj.edu.br/portal2-repositorio/File/revistalapip/Volume8_n1/PPP_Art__2.pdf

Ricoeur, P. (2009). Na escola da Fenomenologia. Vozes.

Rother, E. T. (2007). Revisão sistemática X revisão narrativa. Acta Paulista de Enfermagem, 20(2), 4-5. https://doi.org/10.1590/S0103-21002007000200001

Spiegelberg, H. (1982). The Phenomenological Movement: A historical introduction. Martinus Nihjhoff.

Van Manen, M. (1990). Hermeneutic Phenomenological Reflection. In M. V. Manen, Researching lived experience: Human science for an action sensitive pedagogy (pp. 77-109). State University of New York Press.

Downloads

Publicado

06.12.2024

Como Citar

Schievano, B. A., & Goto, T. A. (2024). A psicoterapia humanista, fenomenológica e existencial: Revisão sistemática qualitativa da literatura. Revista Subjetividades, 24(3), 1–14. https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v24i3.e14159

Edição

Seção

Estudos Teóricos