A prisão feminina e seus afetos: Gênero, cuidado e família
DOI:
https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v24i2.e13997Palavras-chave:
prisão, mulheres, famílias, afetos, cuidado, gêneroResumo
A política de encarceramento em massa é uma realidade que vem sendo cada vez mais reiterada. Em se tratando do encarceramento feminino especificamente, o Brasil ocupa o terceiro lugar no ranking mundial. Neste trabalho discutimos, a partir de uma pesquisa cartográfica, como o sistema punitivo de privação e restrição de liberdade incide sobre as mulheres que são sujeitas ao aprisionamento, bem como afetam suas redes de apoio familiares. A partir do que emergiu de um trabalho realizado em uma unidade prisional feminina no Rio de Janeiro, em rodas de conversa com mulheres presas, tecemos considerações acerca do que elas trouxeram a respeito dos afetos construídos e reconstruídos dentro e fora da prisão, em geral no formato de vínculos familiares. Nesse sentido, a partir das narrativas dessas mulheres, buscamos dar visibilidade às conformações e manutenções das relações afetivas como meio essencial de preservação de suas vidas. Permeadas por angústias, violações e faltas latentes da privação ou restrição de liberdade essas relações intra e extramuros são apontadas como estratégias de sobrevivência e como linhas de fuga, como possibilidade de criarem fissuras na rígida instituição prisional e estarem na prisão de outras formas.
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