Psicanálise e Dissidências de Gênero: Questões para Além da Diferença Sexual
DOI :
https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v20i3.e9793Mots-clés :
psicanálise, gênero, dissidências de gênero, diferença sexual.Résumé
Este artigo busca, a partir de uma revisão da bibliografia mais recente no âmbito da psicanálise, discutir algumas questões relativas ao conceito de gênero e às dissidências de gênero em psicanálise, exercitando um pensamento crítico e situado e apontando algumas proposições. Inicialmente, realiza-se uma apresentação do debate sobre gênero e segue-se uma discussão crítica sobre a problemática da diferença sexual. Para tanto, utiliza-se a contribuição de diversas psicanalistas – como Arán, Pombo e Porchat – que, embora não desconsiderem a materialidade do corpo, problematizam a naturalização adquirida por essa noção em psicanálise. Autores como Judith Butler e Paul Preciado são resgatados, posteriormente, à medida que os psicanalistas citados também os mencionam e utilizam seus aportes, os quais servem como analisadores externos para pensar a própria psicanálise. Na última parte, é realizada uma discussão sobre a importância da análise da contratransferência e sua relação com a discussão de gênero.Téléchargements
Références
Ambra, P. E. S. (2017). Das fórmulas ao nome: Bases para uma teoria da sexuação em Lacan. Tese de Doutorado, Instituto de Psicologia, Universidade de São Paulo; Sorbonne Paris Cité - Université Paris Diderot, São Paulo.
Ambra, P. (2018). Gênero e epistemologia psicanalítica. In C. Françoia, P. Porchat & P. Corsetto (Orgs.), Psicanálise e gênero: narrativas feministas e queer no Brasil e na Argentina (pp. 81-93). Curitiba: Calligraphie.
Arán, M. (2009). A psicanálise e o dispositivo diferença sexual. Estudos Feministas, 17(3), 653-673.
Ayouch, T. (2015a). Psicanálise e homossexualidade: Teoria, clínica, biopolítica. Curitiba: CRV.
Ayouch, T. (2015b). Da transexualidade às transidentidades: Psicanálise e gêneros plurais. Percurso, 54(28), 23-32.
Ayouch, T. (2016). Quem tem medo dos saberes T.? Psicanálise, estudos transgêneros, saberes situados. Periódicus, 5(1), 3-6.
Birman, J. (2000). A derrota da intolerância? In P. Amarante (Org.). Ensaios: Subjetividade, saúde mental, sociedade (pp. 95-105). Rio de Janeiro: FIOCRUZ.
Bulamah L. C., & Kupermann, D. (2016). A psicanálise e a clínica de pacientes transexuais, Periódicus, 5(1), 73-86.
Butler, J. (1993). Bodies that matter. On the Discursive Limits of “Sex”. New York: Routledge.
Butler, J. (2004). Undoing gender. London: Routledge.
Butler, J. (2016). Problemas de Gênero: Feminismo e subversão da identidade (3a ed.). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira. (Originalmente publicado em 1990)
Butler, J. (2017). A vida psíquica do poder: Teorias da sujeição. Belo Horizonte: Autêntica. (Originalmente publicado em 1997)
Canelas Neto, J. (2017). O homem dos pesados. Percurso, (58). Recuperado a partir de http://revistapercurso.uol.com.br/index.php?apg=artigo_view&ida=1253&ori=autor&letra=G
Cavalheiro, R. (2019). Caos, norma e possibilidades de subversão: psicanálise nas encruzilhadas do gênero. Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-Graduação em Psicanálise: Clínica e Cultura, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre.
Cunha, E. L. (2013). Sexualidade e perversão entre o homossexual e o transgênero: Notas sobre psicanálise e teoria Queer. Revista EPOS, 4(2).
Cunha, E. L. (2016a). Para além da questão homossexual: A psicanálise em sociedade. Posfácio In: L. C. Bulamah, História de uma regra não escrita: A proscrição da homossexualidade masculina no movimento psicanalítico (pp. 203-210). São Paulo: Annablume.
Cunha, E. L. (2016b). A psicanálise e o perigo trans (ou: por que os psicanalistas têm medo de travestis?). Periódicus, 5(1), 7-22.
Cunha, E. L. (2017). Sexo, norma e verdade: a psicanálise entre sujeição e subjetivação. In: Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Org.), Anais da III Jornada do Programa de Pós-Graduação em Psicanálise: Clínica e Cultura. Porto Alegre: UFRGS.
Fiorini, L. (2015). Desconstruindo o conceito de função paterna: Um paradigma interpelado. Revista de Psicanálise da SPPA, 22(2), 479-491.
Fiorini, L. (2017). Subjetividades em transição, parentalidade contemporâneas: Diversidade e diferença. Revista Brasileira de Psicanálise, 51(2), 91-102.
Freud, S. (2010a). Sobre a sexualidade feminina. In S. Freud, Obras completas (Vol.18, pp. 371-398). São Paulo: Cia das Letras. (Originalmente publicado em 1931).
Freud, S. (2010b). Feminilidade, conf. 33. In S. Freud, Obras completas (Vol. 18, pp. 263-293). São Paulo: Cia das Letras. (Originalmente publicado em 1933).
Freud, S. (2011). Algumas consequências psíquicas da diferença anatômica entre os sexos. In S. Freud, Obras completas (Vol. 16, pp. 284-299). São Paulo: Companhia das Letras. (Originalmente Publicado em 1925).
Freud, S. (2015). Sobre as teorias sexuais infantis. In S. Freud, Obras completas (Vol.8, pp. 390-411). São Paulo: Companhia das Letras, 2015. (Originalmente publicado em 1908).
Gherovici, P. (2018). A psicanálise está preparada para a mudança de sexo? Trivium: Estudos Interdisciplinares, 10(2), 130-139.
Goldenberg, R. (2018). Desler Lacan. São Paulo: Instituto Langage.
Gondar, J. (2014). Sexualidades: Fronteiras, limites, limiares. Cadernos de Psicanálise, 36(31), 51-68.
Green, A. (1999). Las cadenas de eros. Buenos Aires: Amorrortu.
Gruman, P. (2018). L’abjection de la femme chez Freud et Lacan. Mémoire de Recherche, UFR D’etudes Psychanalytiques. Paris: Université Paris Diderot.
Laqueur, T. (1990). Making sex: Body and gender from the Greeks to Freud. Cambridge: Harvard Univeristy Press.
Martins, A. C. B. L., & Poli, M. C. (2018). Transexualidade e norma sexual: A psicanálise e os estudos queer. Subjetividades, 18(esp.), 55-67.
Pombo, M. (2016). Diferença sexual e função paterna na contemporaneidade: Novos possíveis. Tese de Doutorado, Programa de Pós-Graduação em Teoria Psicanalítica da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.
Pombo, M. (2018). Crise do patriarcado e função paterna: Um debate atual na psicanálise. Psicologia Clínica, 30(3), 447-470.
Pombo, M. (2019). Estrutura ou dispositivo: Como (re)pensar a diferença sexual hoje? Revista Estudos Feministas, 27(2), 1-11.
Pontalis, J. B. (2005). Entre o sonho e a dor. São Paulo: Ideias e Letras.
Porchat, P. (2014). Psicanálise e transexualismo: Desconstruindo gêneros e patologias com Judith Butler. Curitiba: Juruá Editora.
Porchat, P. (2018). Barulhos de gênero. In C. Françoia, P. Porchat & P. Corsetto (Orgs.). Psicanálise e gênero: Narrativas feministas e queer no Brasil e na Argentina (pp. 35-43). Curitiba: Calligraphie.
Preciado, B. (2011). Multidões queer: Notas para uma política dos “anormais”. Revista Estudos Feministas, 19(1), 11-20.
Preciado, P. B. (2014). Manifesto contrassexual (2a ed.). São Paulo: n-1 edições. (Originalmente publicado em 2004).
Preciado, P. B. (2018). Testo Junkie: Sexo, drogas e biopolítica na era farmacopornográfica. São Paulo: n-1 edições.
Preciado, P. B. (2019). Nossos corpos trans são um ato de dissidência do sistema sexo-gênero. Recuperado de https://resistaorp.blog/2019/03/26/nossos-corpos-trans-sao-um-ato-de-dissidencia-do-sistema-sexo-genero/?fbclid=IwAR2ed2znN4oC1ghrg4Ta7orweikrhacA1P1py2-aEN7o-K6zU8bEeC6DbiE
Rassial, J-J. (2004). Entrevista: Questões pós-modernas e psicanálise. Percurso, 31/32, 135-148.
Rodrigues, C. (2017). Outras hipóteses de escuta para o significante gênero. In Universidade de Campinas (Org.), XVII Jornada Corpolinguagem e IX Encontro Outrarte. Campinas, Unicamp.
Rubin, G, & Butler, J. (2003). Tráfico sexual: Entrevista. Cadernos Pagu, (21), 157-209.
Rubin, G. (1975). Políticas do Sexo. São Paulo: Ubu Editora, 2017.
Safatle, V. (2005). Uma clínica do sensível: A respeito da relação entre destituição subjetiva e primado do objeto. Interações, 10(19), 123-150.
Sodré, M., & Arán, M. (2012). Considerações contemporâneas sobre a noção psicanalítica de diferença sexual. Revista Mal Estar e Subjetividade, 12(1-2), 293-326.
Teixeira, M. R. (2017). Gênero, semblante e gozo ‒ aproximações e diferenças. Recuperado de http://www.agalma.com.br/wp-content/uploads/2017/12/G%C3%AAnero-semblante-e-gozo.pdf
Tietboehl, L., Cavalheiro, R., Kveller, D. (2018). Quem tem medo de criança queer? Alguns questionamentos às normatividades em Psicanálise. Periódicus, 9(1), 234-247.
Triska, V. H. C. (2020). Pai: obstáculo epistemológico? Psicologia USP, 31, 1-10.
Van Haute, P. & Geyskens, T. (2016). Psicanálise sem Édipo? Uma antropologia clínica da histeria em Freud e Lacan. Belo Horizonte: Autêntica.
Zambrano, E. (2018). Diálogos de uma psicanalista com a Antropologia: um relato pessoal. In C. Françoia, P. Porchat & P. Corsetto (Orgs.). Psicanálise e gênero: narrativas feministas e queer no Brasil e na Argentina. (pp. 17-33). Curitiba: Calligraphie.
Téléchargements
Publié-e
Comment citer
Numéro
Rubrique
Licence
Para autores: Cada manuscrito deverá ser acompanhado de uma “Carta de submissão” assinada, onde os autores deverão declarar que o trabalho é original e inédito, se responsabilizarão pelos aspectos éticos do trabalho, assim como por sua autoria, assegurando que o material não está tramitando ou foi enviado a outro periódico ou qualquer outro tipo de publicação.
Quando da aprovação do texto, os autores mantêm os direitos autorais do trabalho e concedem à Revista Subjetividades o direito de primeira publicação do trabalho sob uma licença Creative Commons de Atribuição (CC-BY), a qual permite que o trabalho seja compartilhado e adaptado com o reconhecimento da autoria e publicação inicial na Revista Subjetividades.
Os autores têm a possibilidade de firmar acordos contratuais adicionais e separados para a distribuição não exclusiva da versão publicada na Revista Subjetividades (por exemplo, publicá-la em um repositório institucional ou publicá-la em um livro), com o reconhecimento de sua publicação inicial na Revista Subjetividades.
Os autores concedem, ainda, à Revista Subjetividades uma licença não exclusiva para usar o trabalho da seguinte maneira: (1) vender e/ou distribuir o trabalho em cópias impressas ou em formato eletrônico; (2) distribuir partes ou o trabalho como um todo com o objetivo de promover a revista por meio da internet e outras mídias digitais e; (3) gravar e reproduzir o trabalho em qualquer formato, incluindo mídia digital.
Para leitores: Todo o conteúdo da Revista Subjetividades está registrado sob uma licença Creative Commons Atribuição (CC-BY) que permite compartilhar (copiar e redistribuir o material em qualquer suporte ou formato) e adaptar (remixar, transformar e criar a partir do material para qualquer fim) seu conteúdo, desde que seja reconhecida a autoria do trabalho e que esse foi originalmente publicado na Revista Subjetividades.