O Olhar do Agente Educador sobre a Constituição Psíquica de Crianças Acolhidas

Autores

  • Poliana Omizzollo Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
  • Milena da Rosa Silva Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

DOI:

https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v18i2.5198

Palavras-chave:

abrigo, constituição psíquica, relação mãe-bebê, privação.

Resumo

Este estudo visa compreender, através do olhar de agentes educadores de instituições que acolhem crianças separadas de suas mães, como aquelas se constituem psiquicamente, tendo em vista a relevância da função materna para o desenvolvimento emocional do bebê. A partir da perspectiva dos agentes, refletimos sobre as possibilidades de desenvolvimento que cada criança encontra ao deparar-se privada da convivência com sua família de origem e acolhida em uma instituição. Assim, foram realizadas entrevistas com quatro profissionais que atuam diretamente no cuidado de bebês e crianças pequenas que se encontram em abrigos de Porto Alegre, e analisadas vinhetas de um caso clínico que impulsionou este escrito. A abordagem realizada possibilitou a compreensão de diversos fatores implicados na árdua tarefa do vir a ser enquanto sujeito no âmbito de uma instituição de acolhimento, enfatizando as possibilidades que irrompem quando consideramos um espaço para a escuta clínica. Percebemos, assim, que um vínculo calcado na confiança e na confiabilidade é possível, mas que, geralmente, encontra-se emaranhado por entre as dificuldades inerentes à função.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Poliana Omizzollo, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

Possui graduação em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (2012). É Mestre em Psicanálise: Clínica e Cultura, pela UFRGS e especialista em Atendimento Clínico - ênfase Psicanálise pela Clínica de Atendimento Psicológico da UFRGS. Atualmente é psicóloga no Caps I de Veranópolis, psicóloga escolar da Escola de Educação Infantil Capela Navegantes e atua na clínica psicanalítica em consultório particular em Porto Alegre. Tem experiência em Clínica Psicanalítica, em políticas públicas e na área de Psicologia Escolar.

Milena da Rosa Silva, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

Orientadora de Mestrado no PPG Psicanálise: Clínica e Cultura, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Professora do Instituto de Psicologia da UFRGS, do Departamento de Psicanálise e Psicopatologia. Possui graduação em Psicologia pela UFRGS(1999), mestrado (2003) e doutorado (2007) em Psicologia pela mesma universidade. Co-coordenadora do Núcleo de Estudos em Psicanálise e Infâncias (NEPIs) da UFRGS. Co-coordenadora do Centro de Atendimento Pais-Bebê, que funciona no CIPAS-UFRGS. Tem trabalhado com Psicologia e Psicanálise, atuando principalmente nas seguintes áreas temáticas: psicanálise com bebês; educação infantil (berçário/creche); clínica da criança; paternidade.

Referências

Abadi, S. (2005). Transicionalidade e nevos paradigmas: Notas para um pensamento em rede. Revista de Psicanálise da SPPA, 14(3), 517-525.

Araújo, C. A. S. (2007). Uma abordagem teórica e clínica do ambiente a partir de Winnicott (Tese de Doutorado). Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

Bowlby, J. (2002). Cuidados maternos e saúde mental. São Paulo: Martins Fontes.

Constituição da República Federativa do Brasil. (1988). Retrieved from http://www.senado.gov.br/sf/legislacao/const/

Cruz, L. (2006). (Des)Articulando as políticas públicas no campo da infância: Implicações da abrigagem. Santa Cruz do Sul: EDUNISC.

Figueiredo, L. C. (2009). As diversas faces do cuidar: Novos ensaios de psicanálise contemporânea. São Paulo: Escuta.

Freud, S. (1996). Três ensaios sobre a teoria da sexualidade. In J. Strachey (Ed.), Edição Standard Brasileira das Obras Completas de Freud. Rio de Janeiro: Imago. (Originalmente publicado em 1905)

Gabeira, T. & Zornig, S. (2013). Os eixos do cuidado na primeira infância.Sonhos. Cadernos de Psicanálise – CPRJ, 35(29), 143-158. Link: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/cadpsi/v35n29/a09.pdf

IPEA/DISOC. (2003). Levantamento nacional de abrigos da rede SAC. Relatório de Pesquisa número 1. Brasília. Retrieved from http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/infanciahome_c/acolhimento_institucional/Doutrina_abrigos/IPEA._Levantamento_Nacional_de_abrigos_para_Criancas_e_Adolescentes_da_Rede_SAC.pdf .

Lei n. 8.609, de 13 de julho de 1990. (1990). Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Retrieved from http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/18069.htm

Moreira, M. I. C. (2014). Os impasses entre acolhimento institucional e o direito à convivência familiar. Psicologia & Sociedade, 26(2), 28-37. Link: https://doi.org/10.1590/S0102-71822014000600004

Nogueira, P., & Costa, L. (2005a). Mãe social: Profissão? Função materna?Estilos da clínica,10(19), 162-181. Link: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S1415-71282005000200010&script=sci_abstract

Nogueira, P., & Costa, L. (2005b). A criança, a mãe social e o abrigo: Limites e possibilidades. Revista Brasileira Crescimento e Desenvolvimento Humano, 15(3), 36-48. Link: https://doi.org/10.7322/jhgd.19769

Ogden, T. (2010). Esta arte da psicanálise. Sonhando sonhos não sonhados e gritos interrompidos. Porto Alegre: Artmed.

Omizzollo, P. (2017). Experiências de (des)continuidade e o vir a ser no abrigo: Desdobramentos a partir da teoria de D. Winnicott. (Dissertação de Mestrado). Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre. Retrieved from http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/158434

Silva, M. R., Martins, P. G., & Lisboa, R. (2017). A experiência de mutualidade no processo terapêutico de uma dupla mãe-bebê. Revista de Psicanálise da SPPA, 24(2), 255-278. Link: http://revista.sppa.org.br/index.php/RPdaSPPA/article/view/218

Winnicott, D. W. (1975a). Objetos transicionais e fenômenos transicionais. In D. W. Winnicott, O brincar e a realidade. Rio de Janeiro: Imago.

Winnicott, D. W. (1975b). O lugar em que vivemos. In D. W. Winnicott, O brincar e a realidade. Rio de Janeiro: Imago.

Winnicott, D. W. (1975c). O papel de espelho da mãe e da família no desenvolvimento infantil. In D. W. Winnicott, O brincar e a realidade. Rio de Janeiro: Imago.

Winnicott, D. W. (2000). Preocupação materna primária. In D. W. Winnicott, Da pediatria à psicanálise: Obras escolhidas.Rio de Janeiro: Imago.

Winnicott, D. W. (2005a). Crianças e suas mães. In D. W. Winnicott, Privação e delinquência. São Paulo: Martins Fontes.

Winnicott, D. W. (2005b). Evacuação de crianças pequenas. In D. W. Winnicott, Privação e delinquência. São Paulo: Martins Fontes.

Winnicott, D. W. (2005c). A criança desapossada e como pode ser compensada pela falta de vida familiar. In D. W. Winnicott, Privação e delinquência. São Paulo: Martins Fontes.

Winnicott, D. W. (2005d). Tratamento em regime residencial para crianças difíceis. In D. W. Winnicott, Privação e delinquência. São Paulo: Martins Fontes.

Winnicott, D. W. (2013a). O relacionamento inicial entre uma mãe e seu bebê. In D. W. Winnicott, A família e o desenvolvimento individual.São Paulo: Martins Fontes.

Winnicott, D. W. (2013b). A mãe dedicada comum. In D. W. Winnicott, Os bebês e suas mães.São Paulo: Martins Fontes.

Downloads

Publicado

30.12.2018

Como Citar

Omizzollo, P., & Silva, M. da R. (2018). O Olhar do Agente Educador sobre a Constituição Psíquica de Crianças Acolhidas. Revista Subjetividades, 18(2), 105–116. https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v18i2.5198

Edição

Seção

Relatos de Pesquisa

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)