Observação Psicanalítica da Relação Mãe-Bebê no Cárcere
DOI :
https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v20i1.e8856Mots-clés :
observação de bebês, prisão, relação mãe-bebê, método Bick.Résumé
Este artigo é o resultado de uma pesquisa de mestrado realizada com o método psicanalítico de observação da relação mãe-bebê criado por Esther Bick, e o contexto utilizado foi uma prisão feminina na região metropolitana de Belém do Pará. Os participantes foram três díades, cujos bebês eram nascidos no cárcere. O referido método recomenda que o tempo total de observação seja de dois anos, contudo houve uma adaptação quanto ao tempo devido se tratar de uma pesquisa de mestrado com prazo de dois anos. Desse modo, as observações foram realizadas durante cinco meses, com uma sessão semanal. As transcrições foram escritas logo após as observações, e foram supervisionadas na sequência. A teoria psicanalítica embasou o referencial teórico, mais especificamente autores clássicos do desenvolvimento humano, como Winnicott, Mahler, Klein e Spitz. Os resultados foram agrupados em três temas: a mãe e o seu bebê; o colo e o carrinho do bebê; e o tempo de brincar. As mães eram jovens, baixa escolaridade; multíparas, estavam detidas pela primeira vez, e dedicavam cuidado exclusivo ao recém-nascido. Quanto à questão jurídica, as três respondiam criminalmente pelo envolvimento com o tráfico de drogas. O estudo comprovou que o método Bick pode ser empregado em ambiente prisional com o propósito de compreender o desenvolvimento emocional do bebê.Téléchargements
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