Uma perspectiva relacional para a etiologia dos casos-limite

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v23i3.e12386

Palavras-chave:

Personalidade esquizoide, falso-self, falha básica, trauma psíquico, casos-limite.

Resumo

Este trabalho visa a discutir as relações etiológicas existentes entre as falhas ambientais do início da vida e os processos de subjetivação nos casos-limite. Partindo de uma metapsicologia relacional, compreendemos essas falhas como desencontros psicobiológicos entre o bebê e o ambiente de cuidados, incluindo nesses desencontros, tanto as expectativas do sujeito em constituição quanto a capacidade do ambiente em atendê-las. Esses desencontros são compreendidos como portadores de intensa carga traumática na medida em que enfatizo o aspecto da assimetria que caracteriza as relações de objeto iniciais, e por isso atribuo ao ambiente de cuidados um papel de protagonismo nos processos de constituição psíquica e seus possíveis desdobramentos psicopatológicos. Essa discussão transcorre sobre alguns conceitos psicanalíticos que fundamentam a metapsicologia relacional a partir de um diálogo sobre a noção de trauma e suas diferentes nuances no âmbito das teorias psicanalíticas sobre a personalidade esquizoide, o falso-self e a falha básica.

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Biografia do Autor

Cristiana Aguiar Pondé, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil

Psicanalista, mestre e doutora em psicologia clínica pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro - Puc-Rio, com período de doutorado sanduíche na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto.

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Publicado

15.09.2023

Como Citar

Pondé, C. A. (2023). Uma perspectiva relacional para a etiologia dos casos-limite. Revista Subjetividades, 23(3). https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v23i3.e12386

Edição

Seção

Estudos Teóricos