Fatores de risco e proteção para imigrantes venezuelanos: papel das políticas públicas

Resumo

O presente estudo teve como objetivo investigar os fatores de risco e proteção do processo migratório de famílias venezuelanas residentes no sul do Brasil sob o olhar das políticas públicas. Realizou-se uma entrevista semiestruturada com nove famílias venezuelanas. Para a interpretação dos dados, foi utilizada a análise de conteúdo categorial proposta por Bardin (2011). Constatou-se como fatores de risco pré-migratórios a carência de alimentos, a falta de medicamentos e de itens de uso pessoal. Os fatores de proteção na Venezuela estiveram associados ao amparo de familiares e amigos e por meio do lazer. Os fatores de risco no Brasil, relacionaram-se a falta de moradia ou a condições precárias existentes nessa, a dificuldades com o idioma, a saudade de familiares, problemáticas associadas a inserção escolar da criança, ao retrocesso no ano escolar e a barreiras experienciadas relacionadas a cultura. Como fatores de proteção pós-migratórios cita-se o papel das organizações independentes no acolhimento ao imigrante, juntamente com a solidariedade da população brasileira, o lazer e o auxílio advindo da escola. Embora nos últimos anos tenha ocorrido modificações no contexto das políticas públicas brasileiras, as famílias que imigram ainda vivenciam fatores de risco significativos a saúde mental e física dos membros. Torna-se necessário a reflexão e debate do Estado em como está ocorrendo essas políticas a fim de preencher as lacunas existentes nesse contexto. Essa pesquisa traz consigo informações que poderão servir como um meio de orientação para futuras intervenções, com enfoque para a promoção da saúde dos imigrantes.