Da Mediação Fálica ao Irrepresentável do Sexo Feminino
DOI:
https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v21i1.e10157Palavras-chave:
feminino, falo, gozo, histeria.Resumo
A intenção deste trabalho é compreender e articular, dentro da teoria psicanalítica, especialmente do ponto de vista de Freud e de Lacan, como se dá a constituição da feminilidade e sua articulação com a histeria e a subjetividade de nossa época. Partindo de conceitos básicos da teoria, iniciamos com o complexo de Édipo e como a operação subjetiva da constituição da sexualidade nasce com Freud baseada em uma solução fálica. A partir da situação edípica, a menina, ao se perceber desprovida do órgão genital masculino, seria, então, constituída por alguém que se sente prejudicada pela ausência do pênis. Essa desvantagem deixaria traços indeléveis em seu desenvolvimento e na formação do seu caráter, que Freud nomeia como inveja do pênis (penisneid). No entanto Freud conclui seus estudos sobre a feminilidade descrevendo-a insuficiente, já que o feminino ainda se apresentava como algo obscuro para ele. Em Lacan, alguns aspectos da concepção freudiana são enriquecidos, sobretudo no que se refere às vicissitudes de uma posição feminina. A partir dos caminhos transmitidos por Freud, ele se depara com algo do desejo que não é recoberto pela significação fálica e, a partir daí, dá outra direção para a posição feminina. Nos ensinos de Lacan, uma mulher está não toda inscrita na função fálica e, portanto, será marcada por algo que não se inscreve no campo simbólico, por um irrepresentável, pelo gozo Outro, não todo fálico e infinito. Buscamos na literatura algo que pudesse ilustrar este trabalho e, nessa procura, a crônica de Sidonie, “Desejos Secretas”, cujo nome verdadeiro é Margarethe Csonka, paciente de Freud, mostrou-se encantadora pela riqueza do seu conteúdo e por sua conexão direta com o desdobramento deste trabalho.Downloads
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