A Depressão como Posição Subjetiva: Contribuições Lacanianas
DOI:
https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v18i2.7264Palavras-chave:
depressão, desejo, diagnóstico diferencial, melancoliaResumo
A depressão é atualmente um dos assuntos mais difundidos na sociedade. Trata-se de um quadro clínico que acomete milhões de pessoas no mundo inteiro todos os anos e seu diagnóstico é cada vez mais frequente. Nessa perspectiva, ela é tratada como um problema do campo médico e sua etiologia estaria associada à uma desordem neuroquímica. A psicanálise propõe outra alternativa que vai além da perspectiva biomédica. Nesse sentido, nos amparamos no ensino de Lacan e realizamos uma articulação precisa entre a tristeza e o desejo. Dessa maneira os estados depressivos seriam na verdade uma consequência da desorientação do sujeito em relação ao seu desejo. Essa direção se mostra precisa, pois nos fornece elementos para pensarmos o diagnóstico diferencial de melancolia e os estados depressivos que se apresentam sob esse quadro. Trata-se de uma situação em que ocorre o apagamento do desejo do sujeito em função da sua identificação com o objeto perdido. Essa perspectiva também nos permite pensar a depressão neurótica e situá-la como um recuo do sujeito diante do seu desejo que é suscitado pelo Outro. Por fim, a psicanálise nos mostra que a depressão enquanto entidade clínica não existe. Nessas coordenadas, os estados depressivos traduzem sempre uma posição do sujeito diante do objeto, que deve sempre ser analisada a partir da lógica pulsional.
Downloads
Referências
Alberti, S. (2002). Os quadros nosológicos: Depressão, melancolia e neurose obsessiva. In A. Quinet (Org). Extraviosdodesejo-depressãoemelancolia (pp.155-162). Rio de Janeiro: Rios Ambiciosos.
Almeida, C. P. (2002). Depressão: Doença do discurso. In A. Quinet (Org.), Extravios do desejo- depressão e melancolia (pp. 119-121). Rio de Janeiro: Rios Ambiciosos.
Alvarez, J. M., Esteban, R., & Sauvagnat, F. (2004). Fundamentos de psicopatologia psicoanalítica. Madrid: Editorial Sintesis.
Barroso, S. F. (2014). As psicoses na infância: Um corpo sem a ajuda de um discurso estabelecido. Belo Horizonte: Scriptum.
Berlinck, M. T., & Fédida, P. (2000). A clínica da depressão: Questões atuais. Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, 3(2), 9-25. doi: https://dx.doi.org/10.1590/1415-47142000002002
Calazans, R. (2015). Sobre a psicopatologia dos atos. Psicologia Clínica, 27(1), 123-136. doi: http://dx.doi.org/10.1590/0103-56652015000100007
Estadão. (2017). Brasil é o país mais depressivo da América Latina. Link: https://saude.estadao.com.br/noticias/geral,brasil-e-o-pais-que-mais-sofre-com-depressao-na-america-latina,70001676638
Ferrari, I. F. (2006). Melancolia: De Freud a Lacan, a dor de existir. LatinAmerican Journal of Fundamental Psychopathology, 6(1), 105-115. Retrieved from http://pt.fundamentalpsychopathology.org/uploads/files/latin_american/v3_n1/melancolia_de_freud_a_lacan.pdf
Freud, S. (1926/2010). Inibição, Sintoma e Angústia. In Obras Completas, Inibição, sintoma e angústia, O futuro de uma ilusão e outros textos (Vol. 17, pp. 9-98) São Paulo: Cia das Letras.
Freud, S. (1914/2010). Introdução ao narcisismo. In Obras Completas, Introdução ao narcisismo, ensaios de metapsicologia e outros textos (Vol. 12, pp. 9-37). São Paulo: Companhia das Letras.
Freud, S. (1915/2010). Luto e Melancolia. In Obras Completas, Introdução ao narcisismo, ensaios de metapsicologia e outros textos (Vol. 12, pp. 127-144). São Paulo: Companhia das Letras.
Freud, S. (1924/2011). Neurose e Psicose. In Obras completas, O eu e o id, autobiografia e outros textos (Vol. 16, pp. 158-164). São Paulo: Companhia das Letras.
Huffpost Brasil. (2016). Uso de contraceptivos hormonais pode estar associado ao risco de depressão. Link: http://www.huffpostbrasil.com/2016/10/24/uso-de-contraceptivos-hormonais-pode-estar-associado-ao-risco-de_a_21699592/?utm_hp_ref-br-emocoes
Julien, P. (2004). Psicose, perversão, neurose: A leitura de Jacques Lacan. Rio de Janeiro: Companhia de Freud.
Kehl, M. R. (2002). Sobre Ética e Psicanálise. São Paulo: Companhia das Letras.
Kehl, M. R. (2009). O tempo e o cão. São Paulo: Boitempo.
Lacan, J. (1976) Conférences et entretiens dans des universités nord-américaines. In Scilicet (Vol. 6). Paris: Seuil.
Lacan, J. (1962/2005). O Seminário, livro 10: A angústia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor.
Lacan, J. (1964/2008). O Seminário, livro 11: Os quatro conceitos fundamentais da psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.
Lacan, J. (1974/2003). Televisão. In Outros Escritos (pp. 508-543). Rio de Janeiro: Jorge Zahar.
Lambotte, M-C. (2001). A deserção do Outro. Revista da Associação Psicanalítica de Porto Alegre, (20), 84-101. Link: http://www.appoa.com.br/uploads/arquivos/revistas/revista20.pdf
Lambotte, M-C. (1997). O discurso melancólico. Rio de Janeiro: Companhia de Freud.
Leader, D. (2015). Simplesmente Bipolar. Rio de Janeiro: Zahar.
Martins, F. M. M. C. (2010). Entre os abismos da melancolia e depressão: O eu abismado e o campo das timopatias. Tempo psicanalitico, 42(1), 171-181. Link: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-48382010000100009&lng=pt&tlng=pt
Moreira, J. O. (2008). Da melancolia dos dias cinzentos à depressão das noites sem fim. Arquivos Brasileiros de Psicologia, 60(3), 32-39. Link: http://seer.psicologia.ufrj.br/index.php/abp/article/view/260/262
Organização Mundial de Saúde. (2002). Relatório Mundial de Saúde: Saúde mental: Nova
concepção, nova esperança. Lisboa: Climepsi.
Peres, U. T. (2003). Melancolia e Depressão - Coleção psicanálise passo-a-passo. Zahar:
Rio de Janeiro.
Pinheiro, T., & Vertzman, J. S. (2003). As novas subjetividades, a melancolia e as doenças auto- imunes. In T. Pinheiro (Org). Psicanálise e formas de subjetivação contemporâneas (pp. 77- 104). Rio de Janeiro: Contra Capa.
Pinheiro, M. T. S., Quintella, R. R., & Verztman, J. S. (2010). Distinção teórico-clínica entre depressão, luto e melancolia. Psicologia Clínica, 22(2), 147-168. doi: https://dx.doi.org/10.1590/S0103-56652010000200010
Quinet, A. (2002). Atualidade da depressão e a dor de existir. In A. Quinet (Org). Extravios do desejo - depressão e melancolia. (pp. 89-96). Rio de Janeiro: Rios Ambiciosos.
Quinet, A. (2013). Psicose e Laço Social: Esquizofrenia, paranóia e melancolia (2ª ed.). Rio de Janeiro: Zahar.
Regnault, F. (2003). Passions dantesques. La cause freudienne, (58), 128-143. Link: http://www.lacan.com/lacinkXXXIV6.html
Rodrigues, M. J. S. F. (2000). O diagnóstico de depressão. Psicologia USP, 11(1), 155-187. doi: https://dx.doi.org/10.1590/S0103-65642000000100010
Roudinesco, E., & Plon, M. (1998). Dicionário de psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.
Siqueira, E. S. E. (2007). A depressão e o desejo na psicanálise. Estudos e Pesquisa em Psicologia, 7(1), 68-77. Retrieved from http://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/revispsi/article/view/10949/8663
Soler, C. (2002). Um mais de melancolia. In A. Quinet (Org.), Extravios do desejo - depressão e melancolia (pp. 94-114). Rio de Janeiro: Rios Ambiciosos.
Teixeira, A. (2008). Depressão ou lassidão do pensamento? Reflexões sobre o Spinoza de Lacan. Psicologia Clínica, 20(1), 27-41. doi: http://dx.doi.org/10.1590/S0103-56652008000100002
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Para autores: Cada manuscrito deverá ser acompanhado de uma “Carta de submissão” assinada, onde os autores deverão declarar que o trabalho é original e inédito, se responsabilizarão pelos aspectos éticos do trabalho, assim como por sua autoria, assegurando que o material não está tramitando ou foi enviado a outro periódico ou qualquer outro tipo de publicação.
Quando da aprovação do texto, os autores mantêm os direitos autorais do trabalho e concedem à Revista Subjetividades o direito de primeira publicação do trabalho sob uma licença Creative Commons de Atribuição (CC-BY), a qual permite que o trabalho seja compartilhado e adaptado com o reconhecimento da autoria e publicação inicial na Revista Subjetividades.
Os autores têm a possibilidade de firmar acordos contratuais adicionais e separados para a distribuição não exclusiva da versão publicada na Revista Subjetividades (por exemplo, publicá-la em um repositório institucional ou publicá-la em um livro), com o reconhecimento de sua publicação inicial na Revista Subjetividades.
Os autores concedem, ainda, à Revista Subjetividades uma licença não exclusiva para usar o trabalho da seguinte maneira: (1) vender e/ou distribuir o trabalho em cópias impressas ou em formato eletrônico; (2) distribuir partes ou o trabalho como um todo com o objetivo de promover a revista por meio da internet e outras mídias digitais e; (3) gravar e reproduzir o trabalho em qualquer formato, incluindo mídia digital.
Para leitores: Todo o conteúdo da Revista Subjetividades está registrado sob uma licença Creative Commons Atribuição (CC-BY) que permite compartilhar (copiar e redistribuir o material em qualquer suporte ou formato) e adaptar (remixar, transformar e criar a partir do material para qualquer fim) seu conteúdo, desde que seja reconhecida a autoria do trabalho e que esse foi originalmente publicado na Revista Subjetividades.