Narrativas Processuais sobre Violência no Trabalho Bancário: Uma Abordagem Sócioconstrucionista
DOI:
https://doi.org/10.5020/23590777.15.1.84-94Palavras-chave:
violência, trabalho bancário, sofrimento no trabalho, construcionismo social, análise de narrativas.Resumo
Com este artigo tem-se por objetivo analisar como os diferentes atores envolvidos em um processo tramitado no âmbito da justiça do trabalho interpretam os sentidos atribuídos à violência. Para tanto, optou-se pela abordagem teórico-metodológica sócioconstrucionista e tomaram-se como objeto de análise as narrativas processuais registradas pelo processo trabalhista em foco. Para fins deste trabalho, considerou-se como atores do processo a trabalhadora (reclamante nominada de modo fictício de Maria) e seu advogado de defesa, o juiz do trabalho que julgava o processo e o advogado que representava os interesses do Banco H, considerado no processo como reclamado. O protocolo de análise das narrativas contidas no processo seguiu o seguinte percurso metodológico: descrição sintética das especificidades do processo trabalhista, destacando as experiências de violência vividas pela reclamante; seleção de extratos das narrativas que expressavam as “vozes” e interpretações dos atores envolvidos no processo, sobre os atos de violência retratados pelo processo trabalhista; e agrupamento das narrativas registradas no processo em três categorias que abrigam as produções discursivas dos atores, ou seja, Acusação, Defesa e Juiz do trabalho. Finalmente, foram identificadas diferentes subcategorias que pudessem revelar os sentidos da violência sob a ótica dos atores acima mencionados. A releitura e análise das práticas discursivas registradas pelo processo evidenciaram que Maria vivenciou, ao longo de sete anos de trabalho em uma organização bancária, diversos eventos cotidianos que foram reconhecidos pela justiça do trabalho como atos de violência. As análises das práticas discursivas registradas no processo judicial em foco revelaram que os atos de violência vivenciados por Maria foram interpretados de modo diferente pelos diferentes atores envolvidos. A interpretação e compreensão desses diferentes sentidos sinalizam que, dependendo dos interesses e do processo de subjetivação em jogo, a violência pode ser naturalizada, banalizada, repudiada e até mesmo admitida no contexto do trabalho.Downloads
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