Promoção de Resiliência e Tratamento Psicológico para Crianças e Adolescentes com Deficiência Vítimas de Violência Sexual
DOI:
https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v21i3.e11569Palavras-chave:
Violência Sexual, Crianças e Adolescentes, Deficiência, Resiliência, Tratamento Psicológico.Resumo
A violência sexual contra crianças e adolescentes é um problema de saúde pública que configura uma grave violação dos direitos humanos e que pode desencadear uma série de consequências de curto, médio e longo prazo nas esferas cognitiva, emocional e física da vítima. Ainda, crianças e adolescentes com deficiências apresentam maior risco de sofrer violências interpessoais que a população geral, incluindo violência sexual. Compreende-se, então, que o tratamento psicológico pode ser importante para a promoção de resiliência nessa população, de modo a auxiliar no enfrentamento da violência. O objetivo deste artigo de revisão narrativa de literatura é discutir quais são as principais evidências científicas relacionadas ao tratamento psicológico para promoção de resiliência em crianças e adolescentes com deficiência que sofreram violência sexual. Como principais resultados, encontrou-se que a maior parte dos protocolos de tratamento para crianças e adolescentes vítimas de violência sexual excluem da sua amostra pessoas com deficiências, de modo que estudos voltados para essa população são escassos na literatura. Diante desse cenário, ressalta-se a importância do desenvolvimento de estudos empíricos que forneçam evidências científicas e diretrizes de tratamento para crianças e adolescentes com deficiência vítimas de violência sexual, bem como o investimento em capacitações para profissionais da área.
Downloads
Referências
Angst, R. (2009). Psicologia e resiliência: uma revisão de literatura. Psicologia Argumento, 27(58), 253-260. DOI: 10.7213/rpa.v27i58.20225
Antaki, C., Richardson, E., Stokoe, E., & Willott, S. (2015). Dealing with the distress of people with intellectual disabilities reporting sexual assault and rape. Discourse Studies, 17, 415-432. Link
Barreira, D. D., & Nakamura, A. P. (2006). Resiliência e a auto-eficácia percebida: Articulação entre conceitos. Aletheia, 23, 75-80.
Björnsdóttir, K., & Stefánsdóttir, G. V. (2020). Double Sexual Standards: Sexuality and People with Intellectual Disabilities Who Require Intensive Support. Sexuality and Disability, 38, 1-18. DOI: 10.1007/s11195-020-09643-2
Byrne, G. (2018). Prevalence and psychological sequelae of sexual abuse among individuals with an intellectual disability: A review of the recent literature. Journal of Intellectual Disabilities, 22(3), 294-310. DOI: 10.1177/1744629517698844
Cénat, J. M., Derivois, D., & Merisier, G. G. (2013). Ecole et résilience chez les enfants et adolescents dans l’Haïti post-séisme. Revue Québécoise de Psychologie, 34(2), 189-201.
Centers for Disease Control and Prevention [CDC]. (2019). Disability and Health Overview. Link
Cohen, J. A., Deblinger, E., & Mannarino, A. P. (2018). Trauma-focused cognitive behavioral therapy for children and families. Psychotherapy Research, 28(1), 47–57. DOI: 10.1016/j.chc.2015.02.005
Cohen, J. A., Mannarino, A. P., Jankowski, K., Rosenberg, S., Kodya, S., & Wolford, G. L. (2015). A randomized implementation study of trauma-focused cognitive behavioral therapy for adjudicated teens in residential treatment facilities. Child Maltreatment, 21(2), 156–167. DOI: 10.1177/1077559515624775
Conder, J. A., Mirfin‐Veitch, B. F., & Gates, S. (2015). Risk and resilience factors in the mental health and well‐being of women with intellectual disability. Journal of Applied Research in Intellectual Disabilities, 28(6), 572-583. DOI: 10.1111/jar.12153
Habigzang, L. F., Corte, F. D., Hatzenberger, R., Stroeher, F., & Koller, S. H. (2008). Avaliação psicológica em casos de abuso sexual na infância e adolescência. Psicologia: Reflexão e Crítica, 21(2), 338-344. DOI: 10.1590/S0102-79722008000200021
Hébert, M., Langevin, R., & Daigneault, I. (2016). The association between peer victimization, PTSD, and dissociation in child victims of sexual abuse. Journal of Affective Disorders, 193, 227-232. DOI: 10.1016/j.jad.2015.12.080
Hickson, L., Khemka, I., Golden, H., & Chatzistyli, A. (2008). Profiles of women with mental retardation with and without a documented history of abuse. American Journal on Mental Retardation, 113(2), 133-142. DOI: 10.1352/0895-8017(2008)113[133:POWWHM]2.0.CO;2
Hohendorff, J. V., & Patias, N. D. (2017). Violência Sexual Contra Crianças e Adolescentes: Identificação, Consequências e Indicações de Manejo. Barbarói, 49, 239-257. DOI: 10.17058/barbaroi.v0i49.9474
Holstead, J., & Dalton, J. (2013). Utilization of Trauma-Focused Cognitive Behavioral Therapy (TF-CBT) for children with cognitive disabilities. Journal of Public Child Welfare, 7(5), 536-548. DOI: 10.1080/15548732.2013.843495
Hughes, R. B., Robinson-Whelen, S., Davis, L. A., Meadours, J., Kincaid, O., Howard, L., ... Safety Project Consortium. (2020). Evaluation of a safety awareness group program for adults with intellectual disability. American journal on intellectual and developmental disabilities, 125(4), 304-317. DOI: 10.1352/1944-7558-125.4.304
Hughes, R. B., Robinson-Whelen, S., Goe, R., Schwartz, M., Cesal, L., Garner, K. B., ... & McDonald, K. E. (2018). “I really want people to use our work to be safe”… Using participatory research to develop a safety intervention for adults with intellectual disability. Journal of intellectual disabilities, 24(3), 309-325. DOI: 10.1177/1744629518793466
Iudici, A., Antonello, A., & Turchi, G. (2019). Intimate partner violence against disabled persons: Clinical and health impact, intersections, issues and intervention strategies. Sexuality & Culture, 23(2), 684-704. DOI: 10.1007/s12119-018-9570-y
Khemka, I., & Hickson, L. (2017). Empowering women with intellectual and developmental disabilities to resist abuse in interpersonal relationships: Promising interventions and practices. In A. J. Johnson, J. R. Nelson & E. M. Lund (Eds.), Religion, disability, and interpersonal violence (pp. 67–86). Springer Publishing.
Krenkel, S., More, C. L. O. O., & Motta, C. C. L. (2015). The significant social networks of women who have resided in shelters. Paidéia, 25(60), 125-133. DOI: 10.1590/1982-43272560201515
Lamberg, D. T., & Oliveira, G. (2017). Mulheres surdas e a violência de gênero. Anais do décimo primeiro Seminário Internacional Fazendo Gênero e décimo terceiro Women’s Worlds Congress, Florianópolis, Brasil.
Libório, R. M. C., & Ungar, M. (2013). Resilience as protagonism: Interpersonal relationships, cultural practices, and personal agency among working adolescents in Brazil. Journal of Youth Studies, 17(5), 682-696. DOI: 10.1080/13676261.2013.834313
Lund, E. M. (2011). Community-based services and interventions for adults with disabilities who have experienced interpersonal violence: A review of the literature. Trauma, Violence, & Abuse, 12(4), 171-182. DOI: 10.1177/1524838011416377
Martinez, G. T. (2006). Modelo de intervención psicológica en personas enfrentadas a psicotraumas. Revista de la Facultad de Medicina Colômbia, 54(5), 330-337.
Mavranezouli, I., Megnin-Viggars, O., Daly, C., Dias, S., Stockton, S., Meiser-Stedman, R., ...Pilling, S. (2020). Research Review: Psychological and psychosocial treatments for children and young people with post-traumatic stress disorder: a network meta-analysis. Journal of child psychology and psychiatry, and allied disciplines, 61(1), 18-29. DOI: 10.1111/jcpp.13094
Mevissen, L., & De Jongh, A. (2010). PTSD and its treatment in people with intellectual disabilities: A review of the literature. Clinical Psychology Review, 30(3), 308-316. DOI: 10.1016/j.cpr.2009.12.005
McDonald, K. E., & Raymaker, D. M. (2013). Paradigm shifts in disability and health: Toward more ethical public health research. American journal of public health, 103(12), 2165-2173. DOI: 10.2105/AJPH.2013.301286
McGuire, B., & Bayley, A. A. (2011). Relationships, sexuality and decision-making capacity in people with an intellectual disability. Current Opinion in Psychiatry 24, 398-402. DOI: 10.1097/YCO.0b013e328349bbcb
Mikton, C., Maguire, H., & Shakespeare, T. (2014). A systematic review of the effectiveness of interventions to prevent and respond to violence against persons with disabilities. Journal of interpersonal violence, 29(17), 3207-3226. DOI: 10.1177/0886260514534530
Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. (2020). Balanço - Disque 100. Link
Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde. (2018). Análise epidemiológica da violência sexual contra crianças e adolescentes no Brasil, 2011 a 2017. Boletim Epidemiológico, 27. Link
Moring, N. S., Parish, S. L., Mitra, M., & Alterio, N. A. (2019). After disclosure: A research protocol to respond to disclosures of abuse and sexual violence in research with adults with intellectual disabilities. Journal of Policy and Practice in Intellectual Disabilities, 16(4), 254-263. DOI: 10.1111/jppi.12292
Müller, M. B. C., da Silva, D. R. Q., & Yunes, M. A. M. (2016). Gênero e sexualidade: reflexões acerca do imaginário social docente na educação de surdos. Criar Educação, 1-13. DOI: 10.18616/ce.v0i0.2898
Oliveira, K., & Nakano, T. (2018). Avaliação da resiliência em Psicologia: revisão do cenário científico brasileiro. Revista Psicologia em Pesquisa, 12(1), 1-11. Link
Passos, R. L., Telles, F. S. P., & Oliveira, M. H. B. D. (2020). Da violência sexual e outras ofensas contra a mulher com deficiência. Saúde em Debate, 43, 154-164. DOI: 10.1590/0103-11042019S413
Peckham, N. G., Howlett, S., & Corbett, A. (2007). Evaluating a survivors group pilot for women with significant intellectual disabilities who have been sexually abused. Journal of Applied Research in Intellectual Disabilities, 20(4), 308-322. DOI: 10.1111/j.1468-3148.2006.00347.x
Poletto, M., & Koller, S. H. (2008). Contextos ecológicos: Promotores de resiliência, fatores de risco e de proteção. Estudos de Psicologia, 25(3), 405-16. DOI: 10.1590/S0103-166X2008000300009
Shah, S., Tsitsou, L., & Woodin, S. (2016). Hidden voices: Disabled women’s experiences of violence and support over the life course. Violence against women, 22(10), 1189-1210. DOI: 10.1177/1077801215622577
Thiara, R. K., Hague, G., & Mullender, A. (2011). Losing out on both counts: disabled women and domestic violence. Disability & Society, 26(6), 757-771. DOI: 10.1080/09687599.2011.602867
Trask, E. V., Walsh, K., & DiLillo, D. (2011). Treatment effects for common outcomes of child sexual abuse: A current meta-analysis. Aggression and Violent Behavior, 16(1), 6-19. DOI: 10.1016/j.avb.2010.10.001
Ungar, M. (2016). The Child and Youth Resilience Measure (CYRM): Youth Version: User’s Manual. Resilience Research Center.
Vigilância de Violências e Acidentes [VIVA]. (2011). Distribuição na linha por faixa etária e ciclos de vida segundo a classificação: Possui algum tipo deficiência. Link
Wilczynski, S. M., Connolly, S., Dubard, M., Henderson, A., & Mcintosh, D. (2015). Assessment, prevention, and intervention for abuse among individuals with disabilities. Psychology in the Schools, 52(1), 9-21. DOI: 10.1002/pits.21808
World Health Organization [WHO]. (2003). Guidelines for medico-legal care of victims of sexual violence. Link
World Health Organization [WHO]. (2011). World report on disability. Link
World Health Organization [WHO]. (2012). Understanding and addressing violence against women: Sexual violence. Link
World Health Organization [WHO]. (2020). Sexual and reproductive health: Sexual violence. Link
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2021 Revista Subjetividades
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.
Para autores: Cada manuscrito deverá ser acompanhado de uma “Carta de submissão” assinada, onde os autores deverão declarar que o trabalho é original e inédito, se responsabilizarão pelos aspectos éticos do trabalho, assim como por sua autoria, assegurando que o material não está tramitando ou foi enviado a outro periódico ou qualquer outro tipo de publicação.
Quando da aprovação do texto, os autores mantêm os direitos autorais do trabalho e concedem à Revista Subjetividades o direito de primeira publicação do trabalho sob uma licença Creative Commons de Atribuição (CC-BY), a qual permite que o trabalho seja compartilhado e adaptado com o reconhecimento da autoria e publicação inicial na Revista Subjetividades.
Os autores têm a possibilidade de firmar acordos contratuais adicionais e separados para a distribuição não exclusiva da versão publicada na Revista Subjetividades (por exemplo, publicá-la em um repositório institucional ou publicá-la em um livro), com o reconhecimento de sua publicação inicial na Revista Subjetividades.
Os autores concedem, ainda, à Revista Subjetividades uma licença não exclusiva para usar o trabalho da seguinte maneira: (1) vender e/ou distribuir o trabalho em cópias impressas ou em formato eletrônico; (2) distribuir partes ou o trabalho como um todo com o objetivo de promover a revista por meio da internet e outras mídias digitais e; (3) gravar e reproduzir o trabalho em qualquer formato, incluindo mídia digital.
Para leitores: Todo o conteúdo da Revista Subjetividades está registrado sob uma licença Creative Commons Atribuição (CC-BY) que permite compartilhar (copiar e redistribuir o material em qualquer suporte ou formato) e adaptar (remixar, transformar e criar a partir do material para qualquer fim) seu conteúdo, desde que seja reconhecida a autoria do trabalho e que esse foi originalmente publicado na Revista Subjetividades.