Angústia e desamparo
Résumé
Entre os deuses, Amor é o mais amigo dos homens, pois cura-os de um mal imputado por Zeus: a separação de cada ser em duas metades, diz Platão, no Banquete. Nesse mito de origem da natureza humana, o amor é o que desfaz a divisão promovida por um Pai que, insatisfeito com seus filhos, torna-os incompletos. Então, os homens, obrigados a buscar um parceiro, voltam a prestar homenagens ao deus maior. Eis uma figuração da conjugação entre o amor e o desamparo, onde o segundo aparece como condição necessária para o primeiro. Na clínica, o sinal de angústia desvela, por vezes, a situação de desamparo na qual a perda do amor mergulha o sujeito. Frente ao mal-estar na civilização, “amar e ser amado” é um dos métodos ao alcance do ser humano em sua busca pela felicidade. Um método cuja eficácia é limitada, pois a ausência do objeto amado ou de seu amor deixa o sujeito na infelicidade e no desamparo. Nesse sentido, a proposta da psicanálise, baseada na presença do analista, contraria o desígnio de Eros, que é converter o múltiplo em uno. “Eu e você somos um”, diz o apaixonado, imerso na ilusão promovida pelo amor. Trata-se, em psicanálise, de um percurso que parte do amor, valendo-se da alienação do sujeito, suposição, para conduzi-lo à separação, dos significantes-mestres que o submentem e de uma posição de fixação na satisfação pulsional. Nesse sentido, é de um novo amor que se trata, um amor que separa. Assim, para além de sua dimensão de sujeito-suposto-saber, solidária do amor, colocando em ato a realidade do inconsciente, a transferência atualiza a certeza do que não engana, pela via da angústia. Palavras-chave: angústia, desamparo, amor, transferência, malestarTéléchargements
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