A Ferida Narcísica de Desempregados e a Construção de Imagens de Si nas Redes Sociais
DOI:
https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v20i2.e9272Palabras clave:
pós-modernidade, internet, mídias sociais, desemprego, narcisismo.Resumen
Na dinâmica pós-moderna, segundo uma leitura lacaniana, o desejo de reconhecimento, por parte dos sujeitos, é elemento fundamental na relação com o outro. São estimulados a gozar narcisicamente e impelidos a vender-se constantemente para conquistar seu lugar nesta sociedade do espetáculo. As redes sociais virtuais são um dos palcos pós-modernos em que isso se dá. O presente estudo visava responder à questão de como tal dinâmica seria, no Facebook e no LinkedIn, para indivíduos em situação de desemprego. Dado que essa condição é socialmente desvalorizada, representando uma ferida narcísica para muitos sujeitos, o objetivo foi apreender que discursos manifestos e inconscientes eles produzem nessas redes sociais virtuais. A abordagem adotada foi qualitativa e o método utilizado foi a netnografia. A principal conclusão é a de que alguns sujeitos desempregados usam o Facebook e o LinkedIn de forma a tentar tamponar a ferida narcísica, na sua imagem para o outro, que o desemprego representa. Fazem isso pela construção de imagens de si, selecionando o que publicam e elidindo, no geral, seu sofrimento.Descargas
Citas
Appel, H., Gerlach, A. L., & Crusius, J. (2016). The interplay between Facebook use, social comparison, envy, and depression. Current Opinion in Psychology, 9, 44-49.
Aubert, N. (2006). Un individu paradoxal. Em N. Aubert (Ed.), L’individu hypermoderne - sociologie clinique (pp. 13-38). Paris, France: Érès.
Bauman, Z. (2008). Vida para consumo: a transformação das pessoas em mercadorias. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.
Bazarova, N. N., Taft, J. G., Choi, Y. H., & Cosley, D. (2013). Managing impressions and relationships on Facebook: Self-presentational and relational concerns revealed through the analysis of language style. Journal of Language and Social Psychology, 32(2), 121-141.
Burke, M. & Kraut, R. (2013). Using Facebook after losing a job: Differential benefits of strong and weak ties. In Proceedings of the 2013 Conference on Computer Supported Cooperative Work (pp.1419-1430). New York, NY: ACM.
Castells, M. (2011). A sociedade em rede – a era da informação: economia, sociedade e cultura (6ª. ed., Vol. 1). São Paulo, SP: Paz e Terra.
Chua, T. H. H., & Chang, L. (2016). Follow me and like my beautiful selfies: Singapore teenage girls’ engagement in self-presentation and peer comparison on social media. Computers in Human Behavior, 55, 190-197.
CONEP (Comissão Nacional de Ética em Pesquisa com Seres Humanos) (1996). Resolução 196/96: diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos. Recuperado de http://www.ufrgs.br/bioetica/res19696.htm.
Debord, G. (1992). La société du spectacle (3a ed.). Paris: Gallimard. (Originalmente publicado em 1967).
Feuls, M., Fieseler, C., & Suphan, A. (2014). A social net? Internet and social media use during unemployment. Work, employment and society, 28(4), 551-570.
Fontanella, B. J. B. et al., Luchesi, B. M., Saidel, M. G. B., Ricas, J., Turato, E. R. e Melo, D. G. (2011). Amostragem em pesquisas qualitativas: proposta de procedimentos para constatar saturação teórica. Cadernos de Saúde Pública, 27(2), 389-394.
Fox, J., & Vendemia, M. A. (2016). Selective self-presentation and social comparison through photographs on social networking sites. Cyberpsychology, behavior, and social networking, 19(10), 593-600.
Freud, S. (1981a). Introducción al narcisismo. En S. Freud, Obras Completas (4ª ed.). Madrid: Editorial Biblioteca Nueva. (Originalmente publicado em 1914).
Freud, S. (1981b). Psicopatología de la vida cotidiana. En S. Freud, Obras Completas (4ª ed.). Madrid: Editorial Biblioteca Nueva. (Originalmente publicado em 1901).
Freud, S. (1981c). La negación. En S. Freud, Obras Completas (4ª ed.). Madrid: Editorial Biblioteca Nueva. (Originalmente publicado em 1925).
Guo, Y. (2015). Constructing, presenting, and expressing self on social network sites: an exploratory study in Chinese university students’ social media engagement. Master's Thesis, Faculty of Graduate and Postdoctoral Studies (Educational Studies). University of British Columbia, Vancouver.
Hall, S. (2006). A identidade cultural na pós-modernidade (11ª ed.). Rio de Janeiro: DP&A.
Hogue, J. V., & Mills, J. S. (2019). The effects of active social media engagement with peers on body image in young women. Body image, 28, 1-5.
Kozinets, R. V. (2010). Netnography: Doing ethnographic research online. London: Sage.
Lacan, J. (1966a). Fonction et champ de la parole et du langage. En J. Lacan, Ecrits (pp. 237-322). Paris: Editions du Seuil.
Lacan, J. (1966b). La direction de la cure et les principes de son pouvoir. En J. Lacan, Ecrits (pp. 585-645). Paris: Editions du Seuil.
Lacan, J. (1966c). Le stade du miroir comme formateur de la fonction du Je telle qu’elle nous est révélée dans l’expérience psychanalytique. En J. Lacan, Ecrits (pp. 93-100). Paris: Editions du Seuil.
Lacan, J. (1985). O Seminário livro 2: o eu na teoria de Freud e na técnica da psicanálise (1954-55). Rio de Janeiro: Jorge Zahar.
Lacan, J. (1999). O Seminário livro 5: as formações do inconsciente (1957-58). Rio de Janeiro: Jorge Zahar.
Lacan, J. (2004). Le Séminaire livre X: L’angoisse (1962-63). Paris: Editions du Seuil.
Lasch. C. (1991). The culture of narcissism – American life in an age of diminishing expectations. New York, NY: Norton. (Originalmente publicado em 1979).
Maingueneau, D. (2000). Aula - Sobre o Discurso e a Análise do Discurso. Em M. Guirado (Org.), A clínica psicanalítica na sombra do discurso: diálogos com aulas de Dominique Maingueneau (pp. 21-31). São Paulo: Casa do Psicólogo.
Marder, B., Joinson, A., Shankar, A., & Thirlaway, K. (2016). Strength matters: Self-presentation to the strongest audience rather than lowest common denominator when faced with multiple audiences in social network sites. Computers in Human Behavior, 61, 56-62.
Mehdizadeh, S. (2010). Self-presentation 2.0: Narcissism and self-esteem on Facebook. Cyberpsychology, Behavior, and Social Networking, 13(4), 357-364.
Olivier, B. (2011). Facebook, cyberspace and identity. Psychology in Society, 41, 40-58.
Riesman, D. (1995). A multidão solitária (2ª ed.). São Paulo, SP: Perspectiva. (Originalmente publicado em 1950).
Rosa, G. A. M. (2012). Facebook: negociação de identidades, medo de expor e subjetividade. Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Psicologia. Universidade Católica de Brasília, Brasília.
Roudinesco, E. & Plon, M. (1998). Dicionário de psicanálise. Rio de Janeiro: Zahar.
Santos, J. A. F. (2005). Uma classificação socioeconômica para o Brasil. Revista Brasileira de Ciências Sociais (RBCS), 20(58), 27-45.
Suphan, A., Feuls, M., Fieseler, C. & Meckel, M. (2013). The Supportive Role of Social Media Networks for those Out of Work. System Sciences (HICSS), 2013 46th Hawaii International Conference on System Sciences, pp.3312-3321.
Turato, E. R. (2003). Tratado da metodologia da pesquisa clínico-qualitativa. Petrópolis, RJ: Vozes.
Uski, S., & Lampinen, A. (2016). Social norms and self-presentation on social network sites: Profile work in action. New media & society, 18(3), 447-464.
Utz, S. (2015). The function of self-disclosure on social network sites: Not only intimate, but also positive and entertaining self-disclosures increase the feeling of connection. Computers in Human Behavior, 45, 1-10.
Zhao, S., Grasmuck, S. & Martin, J. (2008). Identity construction on Facebook: Digital empowerment in anchored relationships. Computers in Human Behavior, 24(5), 1816-1836.
Descargas
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
Para autores: Cada manuscrito deverá ser acompanhado de uma “Carta de submissão” assinada, onde os autores deverão declarar que o trabalho é original e inédito, se responsabilizarão pelos aspectos éticos do trabalho, assim como por sua autoria, assegurando que o material não está tramitando ou foi enviado a outro periódico ou qualquer outro tipo de publicação.
Quando da aprovação do texto, os autores mantêm os direitos autorais do trabalho e concedem à Revista Subjetividades o direito de primeira publicação do trabalho sob uma licença Creative Commons de Atribuição (CC-BY), a qual permite que o trabalho seja compartilhado e adaptado com o reconhecimento da autoria e publicação inicial na Revista Subjetividades.
Os autores têm a possibilidade de firmar acordos contratuais adicionais e separados para a distribuição não exclusiva da versão publicada na Revista Subjetividades (por exemplo, publicá-la em um repositório institucional ou publicá-la em um livro), com o reconhecimento de sua publicação inicial na Revista Subjetividades.
Os autores concedem, ainda, à Revista Subjetividades uma licença não exclusiva para usar o trabalho da seguinte maneira: (1) vender e/ou distribuir o trabalho em cópias impressas ou em formato eletrônico; (2) distribuir partes ou o trabalho como um todo com o objetivo de promover a revista por meio da internet e outras mídias digitais e; (3) gravar e reproduzir o trabalho em qualquer formato, incluindo mídia digital.
Para leitores: Todo o conteúdo da Revista Subjetividades está registrado sob uma licença Creative Commons Atribuição (CC-BY) que permite compartilhar (copiar e redistribuir o material em qualquer suporte ou formato) e adaptar (remixar, transformar e criar a partir do material para qualquer fim) seu conteúdo, desde que seja reconhecida a autoria do trabalho e que esse foi originalmente publicado na Revista Subjetividades.