Corpo e responsabilidade: efeitos da psicanálise sobre portadores de doenças degenerativas
Palabras clave:
psicanálise, corpo, clínica do real, doença degenerativa, singularidade.Resumen
O presente trabalho toma como seu objeto os efeitos de quinze primeiras semanas de tratamento psicanalítico pautado na segunda clínica de Jacques Lacan gerados na vida de portadores de doenças degenerativas que tiveram sua condição confirmada no Centro de Estudos do Genoma Humano – USP. Apoia-se, portanto, na possibilidade do psicanalista incidir sobre o modo de gozo de um sujeito, levando-o a poder experimentar novas modalidades gozosas desvinculadas do prazer masoquista. Visa a responder a seguinte questão: quais transformações ocorrem quando o psicanalista é bem sucedido na operação de separar o sujeito do significante ao qual ele estava alienado? Para tal fim, foram analisados sete fragmentos de casos clínicos, escolhidos dentre um corpus composto por 51 casos, registrados parcialmente em vídeo e em relatórios escritos. Foi possível concluir principais efeitos obtidos: 1) A alteração da interpretação que o paciente dá para sua doença; 2) A convocação da singularidade de quem recebe uma resposta insólita frente à banalidade do modo como ele encara a própria vida; 3) A construção de uma ética pautada pelo princípio responsabilidade; 4) O estabelecimento de um estatuto ético ao corpo como resultado de um modo singular de interpretar as contingências da vida; e 5) A reinserção da dimensão do sexual, sem padrão, no dia a dia do paciente. Se, ao menos na esfera dos fenômenos passíveis de comprovação empírica, uma psicanálise não incide sobre a matéria orgânica, é digno de nota que portadores de doenças para as quais não há remédio estejam, mesmo assim, declarando se sentir mais felizes após um curto período de psicanálise. Parece-nos que este fato abre caminho para outras pesquisas que visem a estudar as correlações entre corpo e linguagem.Descargas
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