Reprovando o trágico: sociedade de consumo e poesia na escola
Palabras clave:
trágico, poesia, educação, discurso consumista, indústria cultural.Resumen
Este trabalho compara a presença de poemas trágicos em escolas brasileiras dos anos 1950 com seu relativo abandono nos anos posteriores, especialmente pela inserção do País nas sociedades de consumo cultural. Uma antologia poética usada por professoras das séries iniciais em 1957, em algumas escolas do Estado de Minas Gerais, é referida como exemplo de obra que assume o trágico junto aos alunos, como discurso relacionado à condição humana com seus impasses, dos quais se podia falar, ouvir, escrever e ler. Hoje esse discurso é reduzido em importância ou negado em diversas escolas para crianças como depressivo, patológico. Muitas escolas excluem textos trágicos, sob a alegação de que não fariam bem aos pequenos alunos. Trata-se de uma confusão entre arte trágica e abordagens midiáticas da violência, associadas ao espetáculo gratuito, num processo de banalização do trágico, apontada por Adorno, em sua denúncia da indústria cultural. A dimensão políticosocial dessa mudança é focalizada a partir da Teoria Crítica da Cultura e também dos poderes discursivos, segundo Charaudeau (político) e Maingueneau (literário). O Brasil tardiamente se torna uma sociedade de consumo, a partir dos anos 1950, explicando isso em parte a preferência crescente por livros infantilizados, em nome de um mercado específico. Embora tenha melhorado em qualidade e quantidade, nossa produção de livros para crianças chega aos nossos dias muitas vezes ameaçada por um repúdio ao trágico próprio da arte literária ocidental. A ordem do consumismo (Lipovetsky) cuja história se inicia no fim do século XIX no Ocidente, revela, desde a segunda metade do século XX, sua face mais cruel, ao levar os sujeitos à necessidade de serem sempre “felizes”, vivendo numa sociedade que nega a fala dos sofrimentos e faz do trágico um grande espetáculo midiático, aparentemente contrário a outras instituições, como algumas organizações culturais que escolhem para crianças textos amenos, e certa psiquiatria, que, ignorando o poder psicoterapêutico da palavra, continua receitando antidepressivos para quaisquer tristezas de seus pacientes.Descargas
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