Pode uma Análise Prescindir do Dinheiro? Considerações sobre o Pagamento na Psicanálise
DOI:
https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v21i1.e8819Keywords:
Freud, Lacan, pagamento, psicanálise aplicada.Abstract
Este trabalho tem por objetivo discutir a possibilidade de oferecer tratamento psicanalítico para pessoas que não podem pagar monetariamente por uma análise. Para tal, utilizou-se textos de Freud, Lacan e outros autores da psicanálise que discorrem sobre a problemática do dinheiro e do pagamento em uma análise como referencial bibliográfico. Na história do movimento psicanalítico, retoma-se a criação da primeira instituição a oferecer atendimentos gratuitos para pessoas com baixa renda - a Policlínica Psicanalítica de Berlim, fundada por Max Eitingon, engajado pelas ideias de Freud de uma psicanálise aplicada ao social. Focalizando o manejo da questão do pagamento nas instituições psicanalíticas pós-freudianas, discutem-se as normas estabelecidas pela International Psychoanalitic Association (IPA) e pelo Centro Psicanalítico de Consultas e Tratamento (CPCT) em Paris, o qual inicialmente era conduzido pelo psicanalista Hugo Freda, no âmbito da Associação Mundial de Psicanálise (AMP), como um modo de posicionamento da psicanálise de orientação lacaniana diante do movimento pela regulamentação das psicoterapias na França. Além disso, buscou-se, na elaboração deste trabalho, uma reflexão sobre a função do pagamento e suas relações com o sintoma e o gozo na direção de um tratamento psicanalítico. Por fim, verificou-se que a questão do pagamento é uma variável fundamental a ser considerada na aposta sobre a efetividade da psicanálise aplicada às instituições.Downloads
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