Narrativas fora do armário: a identidade sexual de homens gays na cidade

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v19i2.e9253

Palavras-chave:

homossexualidade masculina, minorias sexuais e de gênero, homofobia

Resumo

Este estudo visa investigar os processos de reconhecimento da identidade gay numa capital brasileira com base em entrevistas narrativas com quatro participantes entre 21 e 42 anos. As entrevistas foram analisadas conforme a teoria da interpretação e da narratividade de Ricoeur. Os relatos mostram que a “saída do armário” possui algumas similitudes, como as primeiras percepções de “ser diferente” na infância e a elaboração da identidade sexual a partir da adolescência. Entretanto, as muitas singularidades indicam que as trajetórias para “sair do armário” consistem em processos de reconhecimento subjetivo e intersubjetivo, os quais dependem de fatores contextuais para produzir bem-estar ou sofrimento psíquico.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Rafael Zanata Albertini, UCDB

Licenciado em Filosofia (UCDB - 2005) e bacharel em Teologia (UNISAL - 2011). Pós-graduado (lato sensu) em Counseling/Aconselhamento (IATES - 2010) e em Gestão Escolar (UCDB - 2014). Experiência na Educação Básica (direção escolar e docência em Filosofia e Sociologia). Mestre em Psicologia (UCDB - 2018).

Márcio Luís Costa, UCDB

Cursou a graduação em Filosofia (1988) na FUCMT, hoje UCDB. Cursou o Mestrado (1996) e o Doutorado (2000) em Filosofia na Facultad de Filosofía y Letras da Universidad Nacional Autónoma de México, México, DF. Durante a estadia doutoral no México, foi Professor de Filosofia e Decano de Estúdios no Instituto Franciscano de Filosofía y Teología e professor na Maestría en Educación da Universidad La Salle, com experiência na Orientação de Projeto de Pesquisa e Dissertação de Mestrado. No Curso de Graduação em Filosofia da UCDB colabora como professor de ética e ontologia, integra o NDE. No Programa de Mestrado e Doutorado em Psicologia da UCDB colabora transversalmente, desde a Filosofia, com a discussão e o aprofundamento dos temas relativos às condições epistemológicas e fenomenológicas para a construção do conhecimento científico na pesquisa no campo da Psicologia. Coordena o Grupo de Pesquisa Modelos Histórico-epistemológicos e Produção de Saúde, com registro no CNPQ e Certificação da UCDB. Coordena o Grupo de Estudos Ética e Cuidado, vinculado ao Laboratório de Psicologia da Saúde, políticas da cognição e da subjetividade do Mestrado e Doutorado em Psicologia. Desenvolve pesquisas e orienta em Fenomenologia e Ética orientada ao cuidado na atenção em saúde mental, no Mestrado e Doutorado em Psicologia da UCDB. Foi Coordenador do Programa de Mestrado e Doutorado em Psicologia da UCDB de 2014 a 2017. Integrou e presidiu o CEP da UCDB por dois mandatos consecutivos, de 2013 a 2018. Colabora como Professor convidado na disciplina de Epistemologia no Doutorado em Educação da UCDB.

Rodrigo Lopes Miranda, UCDB

Professor do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), coordenador do Grupo de Estudos e Pesquisas em História da Psicologia (GEPeHP) e do corpo diretor do Núcleo de Análise do Comportamento e Neurociências da UCDB (NACNeuro). Coordenador do Grupo de Trabalho em História da Psicologia da ANPEPP e vice-presidente da Sociedade Brasileira de História da Psicologia (SBHP). Editor da Revista Psicologia e Saúde (UCDB) e coordenador da Pós-Graduação Lato Sensu em Terapia Analítico-Comportamental (UCDB). Responsável pelos acordos de cooperação internacional UCDB com a University of Akron (EUA), Université de Lausanne (Suíça) e a Universidad de San Buenaventura (Colômbia), vinculados ao PPG Psicologia UCDB. Pós-doutoramento na Universidade de São Paulo (USP), Campus Ribeirão Preto. Doutor e Mestre em Educação pelo Programa de Pós-graduação em Educação da Faculdade de Educação da UFMG (FaE-UFMG). Estágio doutorado sanduíche no Cummings Center for the History of Psychology da University of Akron (CCHP-UA). Membro do Review Committee da Cheiron - The International Society for the History of Behavioral and Social Sciences (2015-2018). Psicólogo formado pela UFMG. Tem interesse nas áreas de Psicologia e Educação, com ênfase em: História da Psicologia; Formação de Professores; Ensino de Psicologia e Análise do Comportamento.

Referências

Adams, T. E. (2011). Narrating the closet: An autoethnography of same-sex attraction. Walnut Creek: Le Coast.

Ali, S., & Barden, S.M. (2015). Considering the cycle of coming out: Sexual minority identity development. The Professional Counselor, 5(4), 501-515. doi:10.15241/sa.5.4.501.

Almeida, J., Johnson, R. M., Corliss, H. L., Molnar, B. E., & Azrael, D. (2009). Emotional distress among LGBT youth. Journal of Youth & Adolescence, 38, 1001–1014. doi: 10.1007/s10964-009-9397-9.

APA, Task Force on Appropriate Therapeutic Responses to Sexual Orientation. (2009). Report of the American Psychological Association Task Force on Appropriate Therapeutic Responses to Sexual Orientation. Retrieved from http://www.apa.org/pi/lgbc/publications/therapeutic-resp.html.

Birke, L. (2007). Unusual fingers. Scientific studies on sexual orientation. In D. Richardson & S. Seidman, Handbook of lesbian and gay studies (pp. 55-71). London: Sage.

Bourdieu, P. (2012). A dominação masculina. (11. ed.). Rio de Janeiro: Bertran Brasil.

Cass, V. (1979). Homosexuality identity formation. Journal of Homosexuality, 4(3), 219-235.

Coleman-Fountain, E. (2014). Understanding Narrative Identity Through Lesbian and Gay Youth. New York: Palgrave Macmillan.

Dufour, L. R. (2000). Sifting Through Tradition: The Creation of Jewish Feminist Identities. Journal for the Scientific Study of Religion, 39(1), 90-106. doi: 10.1111/0021-8294.00008.

Foucault, M. (1978). The History of Sexuality: Vol. I. An introduction. New York: Pantheon.

Freitas, D. F., Coimbra, S., & Fontaine, A. M. (2017). Resilience in LGB youths: A systematic review of protection mechanisms. Paidéia, 27(66), 69-79. doi: 10.1590/1982-43272766201709.

Gagnon, J. H. (1990). Gender Preference in Erotic Relations: The Kinsey Scale and Sexual Scripts. In D. P. McWhirter, S. A. Sanders & J. M. Reinisch, Homosexuality/ Heterosexuality. Concepts of Sexual Orientation (pp. 177-207). New York: Oxford.

Green, J. N. (2000). Além do carnaval: A homossexualidade masculina no Brasil do século XX. São Paulo: UNESP.

Hammack, P. L., Thompson, E., & Pilecki, A. (2009). Configurations of identity among sexual minority youth: Context, desire, and narrative. Journal of Youth and Adolescence, 38, 867-883. doi: 10.1007/s10964-008-9342-3.

Herek, G. M., & Garnets, L. D. (2007). Sexual orientation and mental health. Annual Review of Clinical Psychology, 3, 353-375.

Higa, D., Hoppe, M. J., Lindhorst, T., Mincer, S., Beadnell, B., Morrison, D., Wells, E., Todd, A., & Mountz, S. (2014). Negative and positive factors associated with the well-being of LGBTQ Youth. Youth & Society, 46(5), 663-687. doi:10.1177/0044118X12449630.

Ingraham, C. (Ed.) (2005). Thinking Straight: The Power, Promise and Paradox of Heterosexuality. Abingdon: Routledge.

Isay, R. A. (1998). Tornar-se Gay. O caminho da auto-aceitação. São Paulo: GLS.

Julien, D. (2000). Famille d’origine et homosexualité. In M. Simard & J. Alary (Eds.), Comprendre la famille: Actes du 5e symposium québécois de recherche sur la famille (pp. 210-222). Québec: Presse Universitaire du Québec.

Katz-Wise, S. L., Rosario, M., & Tsappis, M. (2016). Lesbian, Gay, Bisexual, and Transgender Youth and Family Acceptance. Pediatric clinics of North America, 63(6), 1011-1025. doi:10.1016/j.pcl.2016.07.005.

Klein, K., Holtby, A., Cook, K., & Travers, R. (2015). Complicating the Coming Out Narrative: Becoming Oneself in a Heterosexist and Cissexist World. Journal of Homosexuality, 62(3), 297-326. doi: 10.1080/00918369.2014.970829.

Lindseth, A., & Norberg, A. (2004). A phenomenological hermeneutical method for researching lived experience. Scandinavian Journal of Caring Sciences, 18, 145–53. doi: 10.1111/j.1471-6712.2004.00258.x

Lira, A. N. de, & Morais, N. A. de. (2017). Resilience in Lesbian, Gay, and Bisexual (LGB) Populations: An Integrative Literature Review. Sexuality Research and Social Policy, 3, 1-11. doi: 10.1007/s13178-017-0285-x.

Mason, G. (2002). The spectacle of violence: Homophobia, gender and knowledge. London: Routledge.

McAdams, D. P., McLean, K. C. (2013). Narrative Identity. Current Directions in Psychological Science, 22(3) 233-238. doi: 10.1177/0963721413475622

McQueen, P. (2015). Subjectivity, Gender and the Struggle for Recognition. London: Palgrave Macmillan.

Meyer, I. H. (2003). Prejudice, social stress, and mental health in lesbian, gay, and bisexual populations: Conceptual issues and research evidence. Psychological Bulletin, 129, 674-697. doi: 10.1037/0033-2909.129.5.674

Meyer, I. H., & Ouellette, S. C. (2009). Unity and Purpose at the Intersections of Racial/Ethnic and Sexual Identities. In P. L. Hammack, & B. J. Cohler (Eds.), The story of sexual identity: Narrative perspectives on the gay and lesbian life course (pp. 79-106). New York: Oxford.

Murray, S. O. (2007). The comparative sociology of homosexualities. In D. Richardson & S. Seidman, Handbook of lesbian and gay studies (pp. 83-96). London: SAGE Publications.

Naphy, W. (2006). Born to be gay. História da homossexualidade. Lisboa: Edições 70.

Natarelli, T. R. P., Braga, I. F., Oliveira, W. A. de, & Silva, M. A. I. (2015). O impacto da homofobia na saúde do adolescente. Escola Anna Nery Revista de Enfermagem, 19(4), 664-670. doi: 10.5935/1414-8145.20150089.

Orne, J. O. (2011). “You will always have to ‘out’ yourself ”: Reconsidering coming out through strategic outness. Sexualities, 14, 681-703. doi: 10.1177/1363460711420462

Plummer, K. (1995). Telling sexual stories. Power, change and social worlds. New York: Routledge.

Poeschl, G., Venâncio, J., & Costa, D. (2012). Consequências da (não) revelação da homossexualidade e preconceito sexual: O ponto de vista das pessoas homossexuais. Psicologia, 26(1), 33-53.

Polkinghorne, D. E. (1995). Narrative configuration in qualitative analysis. International Journal of Qualitative Studies in Education, 8(1), 5-23, doi:10.1080/0951839950080103.

Read, M. M. (2009). Midlife Lesbian Lifeworlds Narrative Theory and Sexual Identity. In P. L. Hammack, & B. J. Cohler (Eds.), The story of sexual identity: Narrative perspectives on the gay and lesbian life course (pp. 347-373). New York: Oxford.

Reynolds, A. L., & Hanjorgiris, W. F. (2000). Coming out: Lesbian, gay, and bisexual identity development. In R. M. Perez, K. A. DeBord, & K. J. Bieschke (Eds.), Handbook of Counseling and Psychotherapy with lesbian, gay, and bisexual clients (pp. 35-55). doi:10.1037/10339-002.

Ribeiro, L. M., & Scorsolini-Comin, F. (2017). Relações entre Religiosidade e homossexualidade em jovens adultos religiosos. Psicologia & Sociedade, 29, 1-11. doi: 10.1590/1807-0310/2017v29162267.

Richardson, D. (2004). Locating sexualities: From here to normality. Sexualities, 7(4), 391-411.

Ricoeur, P. (2006). Percurso do reconhecimento. São Paulo: Loyola.

Ricoeur, P. (2010). Tempo e narrativa: Vol. 3. O tempo narrado. São Paulo: WMF Martins Fontes. (Originalmente publicado em 1984).

Ricoeur, P. (2013). Teoria da interpretação. O discurso e o excesso de significação. Lisboa: Edições 70. (Originalmente publicado em 2000).

Ricoeur, P. (2014). O si-mesmo como outro. São Paulo: WMF Martins Fontes. (Originalmente publicado em 1990).

Rosenkrantz, D. E., Rostosky, S. S., Riggle, E. D. B., & Cook, J. R. (2016). The positive aspects of intersecting religious/spiritual and LGBTQ identities. Spirituality in Clinical Practice, 3(2), 127-138. doi: 10.1037/scp0000095.

Saewyc, M. E. (2011). Research on adolescence, sexual orientation, health disparities, stigma, and resilience. J Research on Adolescence, 21(1), 256-72. doi:10.1111/j.1532-7795.2010.00727.x.

Savin-Williams, R. C. (2001). Mom, Dad, I’m gay. How families negotiate coming out. Washington: American Psychological Association.

Savin-Williams, R. C. (2006). The New Gay Teenager. Cambridge: Harvard University Press.

Sedgwick, E. K. (2007). Epistemologia do armário. Cad. Pagu, 28, 19-54. doi: 10.1590/S0104-83332007000100003.

Seidman, S. (1993). Identity and Politics in a “Postmodern” Gay Culture: Some Historical and Conceptual Notes. In M. Warner (Ed.), Fear of a queer planet: Queer politics and social theory (pp.105-142). Minneapolis: University of Minnesota Press.

Shilo, G., & Savaya, R. (2011). Effects of Family and Friend Support on LGB Youths’ Mental Health and Sexual Orientation Milestones. Family Relations, 60(3), 318–330. doi:10.1111/j.1741-3729.2011.00648.x.

Soliva, T. B., & Silva Junior, J. B. (2014). Entre revelar e esconder: Pais e filhos em face da descoberta da homossexualidade. Sexualidad, Salud y Sociedad, (17), 124-148. doi: 10.1590/1984-6487.sess.2014.17.08.a.

Szasz, T. S. (1977). The manufacture of madness. A comparative study of the inquisition and the mental health movement. New York: Harper & Row.

VandenBos, G. R. (Ed.). (2015). APA Dictionary of Psychology (2. ed.). Washington: American Psychological Association.

Velez, B. L., Moradi, B., & DeBlaere, C. (2015). Multiple oppressions and the mental health of sexual minority Latina/o individuals. The Counseling Psychologist, 43(1), 7-38. doi: 10.1177/0011000014542836.

Downloads

Publicado

29.08.2019

Como Citar

Zanata Albertini, R., Costa, M. L., & Lopes Miranda, R. (2019). Narrativas fora do armário: a identidade sexual de homens gays na cidade. Revista Subjetividades, 19(2), Atualizado em: 27/06/2020. https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v19i2.e9253

Edição

Seção

Relatos de Pesquisa

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)