Questões da Disforia de Gênero na Infância: Entre Psicanálise e Medicina

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v20iEsp2.e8822

Palavras-chave:

gênero, sexuação, caso clínico, medicina e psicanálise.

Resumo

No que tange à psicanálise, qual é nossa política diante das questões de gênero? Eis a pergunta que esse texto se coloca a partir do trabalho com uma criança encaminhada para diagnóstico após a suspeita da pediatra de que seria portadora de uma disforia de gênero. Retomando as diretrizes que orientam a medicina quanto à questão na atualidade, observando o trabalho analítico dessa criança e situando-nos frente a observações cruciais, tanto de Freud quanto de Lacan, sobre a postura do analista quanto às questões das subjetividades de sua época, discutimos a falácia da binaridade que vige em um mundo biologizante. Orientamo-nos, metodologicamente, de duas formas: a discussão de discursos e o trabalho clínico conforme a pesquisa em psicanálise, isto é, fazer o sujeito falar para, a partir daí, construir possíveis balizas para sua própria identidade, dessa forma é possível atualizar a referência freudiana ao impossível.

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Biografia do Autor

Sonia Alberti, Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Professora Titular e Procientista da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Pesquisadora do CNPq. Preceptora da Residência em Psicologia Clínica Institucional do Instituto de Psicologia da UERJ. Psicanalista Membro da Escola de Psicanálise dos Fóruns do Campo Lacaniano.

Heloene Ferreira da Silva, Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Doutoranda em Psicanálise PGPSA/UERJ, bolsista FAPERJ. Mestre em Psicanálise PGPSA/UERJ. Especialista em Psicologia Clínica Institucional modalidade Residência Hospitalar HUPE/UERJ.

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Publicado

28.11.2020

Como Citar

Alberti, S., & Silva, H. F. da. (2020). Questões da Disforia de Gênero na Infância: Entre Psicanálise e Medicina. Revista Subjetividades, 20(Esp2), Publicado online: 28/11/2020. https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v20iEsp2.e8822

Edição

Seção

Dossiê: O contemporâneo à luz da psicanálise