A construção de personagens homossexuais em telenovelas a partir do cômico
DOI:
https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v19i2.e8801Palavras-chave:
telenovela, homossexualidade, humor, teoria queerResumo
O presente estudo teve por objetivo analisar de que modo aspectos cômicos presentes na performance de personagens homossexuais masculinos convencionam formações discursivas sobre homossexualidade em telenovelas brasileiras. O corpus do estudo contemplou personagens de novelas da faixa das 21h da Rede Globo, a saber, Félix (Amor à vida) e Téo Pereira (Império). A partir de depuração de 30 cenas previamente selecionadas de cada telenovela, foram eleitas e transcritas 15 de cada uma, totalizando 30 cenas. O corpus foi analisado segundo referenciais dos estudos culturais latino-americanos e dos estudos queer. Foram discutidos o arco de desenvolvimento de cada personagem e o papel da comicidade na construção de sua sexualidade, bem como de que modo as formações discursivas presentes nas telenovelas reiteram depreciações morais historicamente atribuídas aos homossexuais. Ainda que possam ser genericamente enquadrados no grupo dos personagens homossexuais constantemente defenestrados, Félix e Téo Pereira apresentam aspectos intersticiais entre a abjeção e a assimilação à lógica familista, recurso utilizado pela cultura da mídia a fim de pasteurizar as diferenças no âmbito das relações de gênero e da sexualidade.
Downloads
Referências
Bauer, M. W., & Aarts, B. (2002). A construção do corpus: Um princípio para a coleta de dados qualitativos. In M. W. Bauer & G. Gaskell (Orgs.), Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: Um manual prático (2a ed., P. A. Guareschi, Trad., pp. 39-63). Petrópolis: Vozes.
Beleli, I. (2009). Eles(as) parecem normais: Visibilidade de gays e lésbicas na mídia. Revista Bagoas, 3(4), 113-130.
Butler, J. (2011). Vida precária. Contemporânea: Revista de Sociologia da UFSCar, 1(1), 13-33.
Butler, J. (2014). Regulações de gênero. Cadernos Pagu, (42), 249-274. doi:10.1590/01048333201400420249
Butler, J. (2016). Quadros de guerra: Quando a vida é passível de luto (S. Lamarão & A. M. Cunha, Trads.). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.
Carrasco, W. (Autor), & Filho, M. M. (Diretor). (2013-2014). Amor à vida. Rio de Janeiro: TV Globo.
Colling, L. (2013). Mais visíveis e mais heteronormativos: A performatividade de gênero das personagens não-heterossexuais nas telenovelas da Rede Globo. In L. Colling & D. Thürler (Orgs.), Estudos e políticas do CUS: Grupo de pesquisa cultura e sexualidade (pp. 87-110). Salvador: Ed. UFBA.
Durão, F. A. (2015). Reflexões sobre a metodologia de pesquisa nos estudos literários. DELTA: Documentação de Estudos em Linguística Teórica e Aplicada, 31(n. esp.), 377-390. doi: 10.1590/0102-445014919759499939
Foucault, M. (2009). A ordem do discurso (19a ed., L. F. A. Sampaio, Trad.). (Original publicado em 1971)
Foucault, M. (2009). História da sexualidade I: A vontade de saber (M. C. T. Albuquerque & J. A. G. Albuquerque, Trads., 19. ed.). Rio de Janeiro: Graal. (Original publicado em 1976)
Foucault, M. (2011). Não ao sexo rei. In M. Foucault, Microfísica do poder (R. Machado, Trad., pp. 229-242). Rio de Janeiro: Graal. (Original publicado em 1979)
Freud, S. (1996). Os chistes e sua relação com o inconsciente (M. Salomão, Trad.). In S. Freud, Edição standard das obras psicológicas completas de Sigmund Freud: Vol 8. Rio de Janeiro: Imago. (Trabalho original publicado em 1905)
Halperin, D. (2000). La política queer de Michel Foucault. In D. Halperin, San Foucault: Para una hagiografía gay (M. Serrichio, Trad., pp. 35-146). Córdoba, Argentina: Ediciones Literales École Lacanienne de Psychanalyse/Cuadernos de Litoral.
Hamburger, E. I. (1998). Diluindo fronteiras: As telenovelas no cotidiano. In: L. M. Schwarcz (Org.), História da vida privada no Brasil: Vol 4. Contrastes da intimidade contemporânea (pp. 439-487). São Paulo: Companhia das Letras.
Hamburger, E. I. (2005). O Brasil antenado: A sociedade das novelas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor.
Kellner, D. (2001). A cultura da mídia – estudos culturais: Identidade e política entre o moderno e o pós-moderno (I. C. Benedetti, Trad.). Bauru, SP: EDUSC.
LaPastina, A., & Joyce, S. (2014). Changing GLBTQ representations: The sexual other in brazilian telenovelas. Lumina: Revista do Programa de Pós-graduação em Comunicação, 8(2), 1-27.
Louro, G. L. (2014). Gênero, sexualidade e educação: Uma perspectiva pós-estruturalista (16a ed.). Petrópolis: Vozes.
Martín-Barbero, J. (2015). Dos meios às mediações: Comunicação, cultura e hegemonia (7a ed., R. Polito & S. Alcides, Trads.). Rio de Janeiro: Ed. UFRJ.
Mesquita, A. M., & Pavia, C. F. (2015). A família homoparental na ficção televisiva: As práticas narrativas do Brasil e da Espanha como relatos das novas representações afetivo-amorosas. Dados, 58(1), 223-255. doi:10.1590/00115258201543
Nascimento, F. (2015). Bicha nem tão má: LGBTs em telenovelas. Rio de Janeiro: Multifoco.
Pallottini, R. (2012). Dramaturgia de televisão (2a ed.). São Paulo: Perspectiva.
Penedo, S. L. (2008). El laberinto queer. La identidad en tiempos de neoliberalismo. Barcelona: Egales Editorial.
Peret, L. E. (2005). De O Rebu à América: 31 anos de homossexualidade em telenovelas da Rede Globo (1974-2005). Contemporânea, 3(2), 33-45. doi: 10.12957/contemporanea.2005.17141
Rose, D. (2002). Análise de imagens em movimento. In M. W. Bauer & G. Gaskell (Orgs.), Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: Um manual prático (2a ed., P. A. Guareschi, Trad., pp. 343-364). Petrópolis: Vozes.
Silva, A. (Autor), & Gomes, R., Vasconcelos, P., & Binder, A. F. (Direção-geral). (2014-2015). Império. Rio de Janeiro: TV Globo.
Spargo, T. (2017). Foucault e a teoria queer (H. R. Candiani, Trad.). Belo Horizonte: Autêntica.
Wilde, O. (2012). O retrato de Dorian Gray (P. Schiller, Trad.). São Paulo: Penguin Classics Companhia das Letras. (Original publicado em 1891)
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Para autores: Cada manuscrito deverá ser acompanhado de uma “Carta de submissão” assinada, onde os autores deverão declarar que o trabalho é original e inédito, se responsabilizarão pelos aspectos éticos do trabalho, assim como por sua autoria, assegurando que o material não está tramitando ou foi enviado a outro periódico ou qualquer outro tipo de publicação.
Quando da aprovação do texto, os autores mantêm os direitos autorais do trabalho e concedem à Revista Subjetividades o direito de primeira publicação do trabalho sob uma licença Creative Commons de Atribuição (CC-BY), a qual permite que o trabalho seja compartilhado e adaptado com o reconhecimento da autoria e publicação inicial na Revista Subjetividades.
Os autores têm a possibilidade de firmar acordos contratuais adicionais e separados para a distribuição não exclusiva da versão publicada na Revista Subjetividades (por exemplo, publicá-la em um repositório institucional ou publicá-la em um livro), com o reconhecimento de sua publicação inicial na Revista Subjetividades.
Os autores concedem, ainda, à Revista Subjetividades uma licença não exclusiva para usar o trabalho da seguinte maneira: (1) vender e/ou distribuir o trabalho em cópias impressas ou em formato eletrônico; (2) distribuir partes ou o trabalho como um todo com o objetivo de promover a revista por meio da internet e outras mídias digitais e; (3) gravar e reproduzir o trabalho em qualquer formato, incluindo mídia digital.
Para leitores: Todo o conteúdo da Revista Subjetividades está registrado sob uma licença Creative Commons Atribuição (CC-BY) que permite compartilhar (copiar e redistribuir o material em qualquer suporte ou formato) e adaptar (remixar, transformar e criar a partir do material para qualquer fim) seu conteúdo, desde que seja reconhecida a autoria do trabalho e que esse foi originalmente publicado na Revista Subjetividades.