Apelidos na adolescência: Uma discussão psicanalítica

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v25i2.e14524

Palavras-chave:

adolescente, apelidos, escolas, Psicanálise

Resumo

A adolescência é uma fase caracterizada por intensas transformações físicas e emocionais, tratando-se de um período em que a construção identitária é amplamente determinada pela relação com os pares. Constata-se, neste sentido, que os apelidos têm o potencial de favorecer ou prejudicar a dinâmica psicossocial do adolescente. Sob a ótica psicanalítica, é admitido que o adolescer reedita, na relação com os pares, processos fundamentais de constituição subjetiva: o Complexo de Édipo e o Estádio do Espelho. O presente artigo foi originado de uma pesquisa que teve como objetivo compreender os processos de dar e receber apelidos na adolescência. Tratou-se de um estudo qualitativo, descritivo e exploratório, realizado em uma Escola de Referência em Ensino Médio (EREM) da Região Metropolitana de Recife (RMR) – PE. A amostra foi composta por 9 estudantes, com idade entre 15 e 19 anos, e definida de forma intencional e por saturação teórica. A coleta de dados foi realizada através de entrevista individual face a face, com roteiro semiestruturado e questionário sociodemográfico. Os dados foram analisados a partir da técnica de análise do discurso. Dentre os resultados, destacou-se que a maioria dos apelidos surgiu e/ou circulou entre os 8 e 12 anos de idade, tendo as alcunhas deste período ocupado um lugar de destaque no discurso dos entrevistados. Além disto, foram verificados vários casos em que os apelidos descritos provocaram mudanças significativas na percepção dos pares a respeito do adolescente e na autopercepção do mesmo. Em suma, o estudo revelou que os apelidos são capazes de mediar determinados processos subjacentes à reedição do Complexo de Édipo e do Estádio do Espelho, transformando significados subjacentes às relações do adolescente com os pares e consigo e, com isto, a vivência do adolescer como um todo.

 

Palavras-chave: Adolescente, Apelidos, Escolas, Psicanálise.

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Biografia do Autor

Luis Gustavo Lima de Andrade, Universidade de Pernambuco, Recife, Pernambuco, Brasil

Psicólogo Hospitalar (Complexo Hospitalar Unimed Recife - CHUR). Mestre em Hebiatria pela Universidade de Pernambuco (UPE). Especialista em Psicologia Hospitalar pelo Programa de Residência Multiprofissional em Terapia Intensiva do Real Hospital Português da Universidade Federal de Pernambuco (RHP/UFPE). Especialista em Intervenções Clínicas na Abordagem Psicanalítica pela Faculdade Frassinetti do Recife (FAFIRE). Graduado em Psicologia pela Faculdade Pernambucana de Saúde (FPS).

Viviane Colares Soares de Andrade Amorim, Universidade de Pernambuco, Recife, Pernambuco, Brasil

Graduação em Odontologia pela Universidade Federal de Pernambuco (1987), mestrado em Odontopediatria pela Universidade de Pernambuco (1993) e doutorado em Odontopediatria pela Universidade de Pernambuco (1998). Realizou Pós-doutorado como bolsista da CAPES na University of Iowa, Estados Unidos, na área de Odontopediatria (2001). Exerceu o Cargo de Pró-reitora de Pós-graduação e Pesquisa da Universidade de Pernambuco no período de 2007 a 2014.

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Publicado

27.08.2025

Como Citar

Andrade, L. G. L. de, & Amorim, V. C. S. de A. (2025). Apelidos na adolescência: Uma discussão psicanalítica . Revista Subjetividades, 25(2), 1–12. https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v25i2.e14524

Edição

Seção

Relatos de Pesquisa