Dor e psicanálise: O que enuncia a fibromialgia sobre ser mulher?
DOI:
https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v24i1.e13302Palavras-chave:
dor, psicanálise, corpo, fibromialgia, mulherResumo
Situada entre as chamadas dores físicas e dores psíquicas, a fibromialgia coloca em xeque essa separação, desafiando as ciências biomédicas e denunciando o quanto o corpo dito orgânico é interpelado pela linguagem, sendo, portanto, elemento discursivo. Por ser discurso, a fibromialgia aponta para as significações e formas das sujeitas se relacionarem com o mundo e consigo mesmas, servindo como via de expressão do que é ser mulher. Procurando estabelecer a relação entre a fibromialgia e a subjetivação enquanto mulher na contemporaneidade, a partir de uma perspectiva psicanalítica, esta pesquisa entrevistou três participantes, tomando como base o método clínico-qualitativo. Os resultados apontam para a dor como sinal ambíguo que aparece tanto quando há abuso do próprio corpo no trabalho, quanto também quando esse corpo para, ou seja, deixa de produzir a dor sendo um sinalizador também para a tentativa constante de alcançar um modelo, um ideal, e o abandono de si em busca desses ideais. Ainda, a alta demanda de tarefas, tanto no âmbito público como no privado e a constante disponibilização para o outro, se mostraram pontos em comum nas três narrativas. Por fim, a intensificação das dores da fibromialgia se apresenta como um limite que as obriga a dizer não para os imperativos relacionados a ser mulher na nossa sociedade.
Downloads
Referências
Aragon, L. E. P. (2010). Fibromialgia: Perspectivas de um campo problemático. Interface – Comunicação, Saúde, Educação, 14(32), 155-169. https://doi.org/10.1590/S1414-32832010000100013
Besset, V. L., Gaspard, J., Doucet, C., Veras, M. & Cohen, R. H. P. (2010). Um nome para a dor: fibromialgia. Mal-estar e Subjetividade, 10(4), 1245-1269. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1518-61482010000400009&lng=pt&tlng=pt
Bocchi, J., Salinas, P. & Gorayeb, R. (2003). Ser mulher dói: Relato de um caso clínico de dor crônica vinculada à construção da identidade feminina. Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, 6(2), 26-35. https://doi.org/10.1590/1415-47142003002002
Britto, M. G. A., Santos, N. O. & Lucia, M. C. S. (2014). Evento traumático, fibromialgia e complicações na saúde: Um estudo de caso. Psicologia Hospitalar, 12(1), 26-48. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1677-74092014000100003&lng=pt&tlng=pt
Cavalcante, A. B., Sauer, J. F., Chalot, S. D., Assumpção, A., Lage, L. V., Matsutani, L. A. & Marques, A. P. (2006). A prevalência de fibromialgia: uma revisão de literatura. Revista Brasileira de Reumatologia, 46(1), 40-48. https://doi.org/10.1590/S0482-50042006000100009
Centurion, N. B., Peres, R. S. & Santos, E. J. R. (2020). Significados sobre sexualidade em mulheres com fibromialgia: Ressonâncias da religiosidade e da moralidade. Psicologia em estudo, 25, 01-15. https://doi.org/10.4025/psicolestud.v25i0.44849
Freitas, E. P. & Peres, R. S. (2017). A fibromialgia sob a ótica psicanalítica: Um breve panorama. Polêm!ca, 17(1), 01-15. https://doi.org/10.12957/polemica.2017.28292
Gerhardt, T. E., Ramos, I. C. A., Riquinho, D. L. & Santos, D. L. (2009). Unidade 4 – Estrutura do Projeto de pesquisa. In T. E. Gerhardt & D. T. Silveira (Orgs.), Métodos de pesquisa (pp. 67-90). Editora da UFRGS.
Gomes, D. R. G.,& Próchno, C. C. S. C. (2015). O corpo-doente, o hospital e a psicanálise: desdobramentos contemporâneos?. Saúde e Sociedade, 24(3), 780-791. 10.1590/S0104-12902015134338
Heymann, R. E., Paiva, E. S., Martinez, J. E., Helfenstein, M., Jr., Rezende, M. C., Provenza, J. R. & Souza, E. J. R. (2017). Novas diretrizes para o diagnóstico da fibromialgia. Revista Brasileira de Reumatologia, 57(2), 467-476. 10.1016/j.rbre.2017.07.002
Helfenstein, M., Jr., Goldenfum, M. A. & Siena, C. A. F. (2012). Fibromialgia: aspectos clínicos e ocupacionais. Associação Médica Brasileira, 58(3), 358-365. 10.1590/S0104-42302012000300018
Kilomba, G. (2019). Memórias da plantação: episódios de racismo cotidiano. Cobogó.
Lima, C. P., & Carvalho, C. V. (2008). Fibromialgia: uma abordagem psicológica. Aletheia, (28), 146-158. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-03942008000200012&lng=pt&tlng=pt
Marques, A. P., Santo, A. S. E., Berssaneti, A. A., Matsutani, L. A. & Yuan, S. L. K. (2017). A prevalência da fibromialgia: atualização da revisão de literatura. Revista Brasileira de Reumatologia, 57(4), 356-363. 10.1016/j.rbr.2016.10.004
Messias, C. R., Cunha, F. A., Cremasco, G. S. & Baptista, M. N. (2017). Dor Crônica, Depressão, Saúde Geral e Suporte Social em Pacientes Fibromiálgicos e Oncológicos. Revista Psicologia e Saúde, 12(4), 41-51. 10.20435/pssa.vi.819
Minatti, S. P. (2012). O psicanalista no tratamento da dor. Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, 15(4), 825-837.10.1590/S1415-47142012000400006
Ramminger, T., & Nardi, H. C. (2008). Subjetividade e trabalho: Algumas contribuições conceituais de Michel Foucault. Interface – Comunicação, Saúde, Educação, 12(25), 339-346. 10.1590/S1414-32832008000200009
Santos, N. A., & Rudge, A. M. (2014). Dor na psicanálise: Física ou psíquica?. Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, 17(3), 450-468. 10.1590/1415-4714.2014v17n3p450-5
Semer, N. L. (2012). Dor e sofrimento psíquico: uma reflexão sobre as relações e repercussões corpo e mente. Revista Brasileira de Psicanálise, 46(3), 188-199. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0486-641X2012000300013&lng=pt&tlng=pt
Slompo, T. K. M. S., & Bernardino, L. M. F. (2006). Estudo comparativo entre o quadro clínico contemporâneo “fibromialgia” e o quadro clínico “histeria” descrito por Freud no século XIX. Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, 9(2), 263-278. 10.1590/1415-47142006002006
Turato, E. R. (2013). Tratado da metodologia da pesquisa clínico-qualitativa – Construção teórico-epistemológica, discussão comparada e aplicação nas áreas da saúde e humanas (6a ed.). Vozes.
Vinuto, J. (2014). A amostragem em bola de neve na pesquisa qualitativa: um debate em aberto. Temáticas, 22(44), 203-220. 10.20396/tematicas.v22i44.10977
Zanello, V. (2018). Saúde mental, gênero e dispositivos: cultura e processos de subjetivação. Appris.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Revista Subjetividades
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.
Para autores: Cada manuscrito deverá ser acompanhado de uma “Carta de submissão” assinada, onde os autores deverão declarar que o trabalho é original e inédito, se responsabilizarão pelos aspectos éticos do trabalho, assim como por sua autoria, assegurando que o material não está tramitando ou foi enviado a outro periódico ou qualquer outro tipo de publicação.
Quando da aprovação do texto, os autores mantêm os direitos autorais do trabalho e concedem à Revista Subjetividades o direito de primeira publicação do trabalho sob uma licença Creative Commons de Atribuição (CC-BY), a qual permite que o trabalho seja compartilhado e adaptado com o reconhecimento da autoria e publicação inicial na Revista Subjetividades.
Os autores têm a possibilidade de firmar acordos contratuais adicionais e separados para a distribuição não exclusiva da versão publicada na Revista Subjetividades (por exemplo, publicá-la em um repositório institucional ou publicá-la em um livro), com o reconhecimento de sua publicação inicial na Revista Subjetividades.
Os autores concedem, ainda, à Revista Subjetividades uma licença não exclusiva para usar o trabalho da seguinte maneira: (1) vender e/ou distribuir o trabalho em cópias impressas ou em formato eletrônico; (2) distribuir partes ou o trabalho como um todo com o objetivo de promover a revista por meio da internet e outras mídias digitais e; (3) gravar e reproduzir o trabalho em qualquer formato, incluindo mídia digital.
Para leitores: Todo o conteúdo da Revista Subjetividades está registrado sob uma licença Creative Commons Atribuição (CC-BY) que permite compartilhar (copiar e redistribuir o material em qualquer suporte ou formato) e adaptar (remixar, transformar e criar a partir do material para qualquer fim) seu conteúdo, desde que seja reconhecida a autoria do trabalho e que esse foi originalmente publicado na Revista Subjetividades.