O enquadre analítico greeniano: Um campo de forças do intrapsíquico ao intersubjetivo
DOI:
https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v24i1.e12651Palavras-chave:
psicanálise, enquadre analítico, pensamento clínico, função objetalizante, André GreenResumo
O artigo propõe aprofundar a concepção de enquadre analítico segundo André Green, apostando na originalidade dos aportes do autor para o tema. Introduzimos a ideia do enquadre analítico como operador conceitual privilegiado para a articulação de formulações teóricas centrais da obra greeniana, tais como: estrutura enquadrante, enquadre interno do analista, pensamento clínico, dupla transferência, metapsicologia dos limites, figuras da terceiridade e funções objetalizante e desobjetalizante. Buscamos demonstrar que a noção de enquadre inevitavelmente condensa aspectos intrapsíquicos e intersubjetivos que estão em jogo na relação analítica, bem como a dinâmica pulsão-objeto. A partir do entendimento das condições fundamentais para a instalação do enquadre analítico e da matriz ativa, o psicanalista poderá eventualmente modificar os elementos variáveis do enquadre e optar pelo dispositivo clínico mais adaptado ao funcionamento psíquico do paciente. No sentido oposto ao da objetalização, que permite a construção do enquadre pela dupla analítica, identificamos que a ação da destrutividade muitas vezes se manifesta por meio de ataques dirigidos ao próprio enquadre, como na posição fóbica central e na síndrome da desertificação psíquica, dois quadros transferenciais característicos dos estados limites. Dessa forma, consideramos teoria clínica e metapsicologia indissociáveis na compreensão das circunstâncias que favorecem o bom funcionamento do enquadre analítico (ou daquelas que resultam em impasses), concluindo que o pensamento de André Green é uma importante referência nesta investigação.
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