A Arte de Hélio Oiticica como Experiência de Ócio Estético
DOI:
https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v21i1.e9174Palavras-chave:
arte, Hélio Oiticica, experiência, ócio.Resumo
Na sociedade contemporânea, o imediatismo impõe ao sujeito a urgência de ocupar seu tempo com alguma atividade produtiva. Pela possibilidade de romper com esse automatismo, somos instigados a investigar a potência da arte como experiência de ócio estético. Assim, realizamos um estudo teórico exploratório aliado a uma pesquisa etnográfica na exposição Hélio Oiticica – estrutura, corpo, cor, de 2016, da Universidade de Fortaleza. Do resultado da observação participante realizada na exposição, destacamos dois conceitos utilizados pelo artista, os quais foram vitais para nosso intento: suprassensorial e crelazer. A partir disso, encontramos que a arte de Oiticica focaliza a experiência de interação do sujeito com a obra. Desse modo, rompe com o dualismo obra-público ao convocar o sujeito a se tornar um participador. Assim, inferimos que a obra só se torna obra a partir dessa experiência de interação. O suprassensorial consiste no processo de o sujeito sentir novas percepções, sensações, a partir do seu contato com a arte e na proposta do crelazer, Oiticica convida o participador a mergulhar em um campo de recriação da obra e de sua própria existência a partir da presença do participador, descondicionado. Tal condição fundamenta a proposta do termo “experiência de ócio estético”, que emerge da relação do sujeito com a arte, convocando-o à própria ressignificação na experiência. Consideramos que tais vivências transformadoras potencializam o sujeito, de forma que ele se torna criador do seu tempo, do seu espaço, ao abrir-se ao novo, pois, ao incorporar o papel autoral dessa experiência, poderá presentear-se com um momento especial no meio do tempo veloz da contemporaneidade. A partir do percurso investigativo, somos levados a crer que a arte de Oiticica, como experiência propiciada pelos sentidos, pretende afetar a experiência de vida do participador, abrindo chance ao rompimento com a aceleração e novas autonomias.Downloads
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