Escrita, vestígio e ausência em <em>A amiga genial</em> de Elena Ferrante
DOI:
https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v19i2.e9156Palavras-chave:
Elena Ferrante, escrita, vestígio, psicanáliseResumo
Neste artigo, pretendemos fazer ressoar, com a psicanálise, efeitos da leitura do livro A amiga genial de Elena Ferrante. Encontramos neste romance, em especial no prólogo Apagar os vestígios, a possibilidade de traçar um percurso que nos permite mobilizar elementos capazes de dar contorno à proposição freudiana de que os traços mnêmicos, de que se constitui o aparelho psíquico, inscrevem-se como fruto de um apagamento. Também interessará à tessitura deste texto os fios que nos chegam do trabalho de Lacan com o romance Robinson Crusoé, de Daniel Defoe – trabalho que mobiliza o movimento de ausência-presença-ausência como condição de um registro simbólico. O desaparecimento da personagem Lila Cerullo, narrado nas páginas iniciais do romance de Ferrante, nos permitirá pensar sobre a relação entre perda e criação literária. O significante vestígio que compõe o título do prólogo de A amiga genial indica a passarela que permite colocar em contato o pensamento da escritora italiana e as formulações freudianas sobre o inconsciente. É no rastro desse significante que espraiamos a relação com a literatura, para entrever o que a ficção contemporânea pode dizer para a psicanálise.
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