A “Masculinidade Tóxica” em Questão: Uma Perspectiva Psicanalítica
DOI:
https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v21i1.e10936Palavras-chave:
masculinidade tóxica, gênero, psicanálise.Resumo
O trabalho desenvolvido teve como objetivo investigar a “masculinidade tóxica”, termo que ganhou destaque e uso corrente para se referir à violência e à virilidade como características próprias ao masculino. Seu desenvolvimento consistiu em uma ampla pesquisa bibliográfica, que levantou questões acerca do masculino na psicanálise, direcionando-se às obras de Freud e Lacan, e as possíveis relações com as teorias de gênero. Partindo de uma noção não essencialista acerca da masculinidade, levantamos a hipótese de que a noção de homem ou masculino na psicanálise pode ser pensada a partir de, pelo menos, duas perspectivas: a primeira delas corresponde à tentativa de confirmação do semblante homem, no qual a violência aparece como uma tentativa de reparação do rasgo no semblante masculino; a segunda, a partir da noção de gozo fálico que, ao produzir um conjunto “todohomem”, exibe as contraditórias tentativas de unificação deste conjunto, diante das quais a violência e a virilidade são reconhecidas como características que mantêm a ilusão de unidade. Com este exercício de pensamento, consideramos que lançar luz sobre a complexa dinâmica que se condensa no adjetivo “tóxico”, retira-o do caráter insidioso e inescapável presente em seu uso, possibilitando a formulação de outros posicionamentos possíveis para o exercício da masculinidade.Downloads
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