O Desamparo na UTI: Uma Análise Psicanalítica da Experiência de Pacientes em um Hospital Universitário
DOI:
https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v21i2.e10551Palavras-chave:
psicanálise, UTI, desamparo, angústia, morte, psicologia hospitalar.Resumo
O desamparo sempre foi um tema central à psicanálise, ao qual Freud se dedicou em textos como “O mal-estar na civilização” (1930/1996e) e “O futuro de uma ilusão” (1927/1996c). A partir desse conceito, realizamos uma pesquisa qualitativa com pacientes que haviam sido internados em uma Unidade de Terapia Intensiva de um hospital universitário. Utilizando do método de análise de conteúdo, as categorias desamparo e enlaçamento pulsional, desamparo e religiosidade, desamparo e finitude, e desamparo e transitoriedade foram analisadas a partir do referencial teórico psicanalítico. A análise nos possibilitou pensar na internação em terapia intensiva como uma vivência de (re)atualização do desamparo inicial que demanda do sujeito-paciente e do psicólogo/psicanalista lidar com questões que remontam à castração e à finitude. Diante da ameaça à vida e das fontes de sofrimento destacadas por Freud, o sujeito internado lança mão de algumas medidas paliativas para tentar amenizar sua angústia: a religiosidade, o apego às lembranças da família, a reflexão acerca da própria vida, fantasias acerca da volta para casa.Downloads
Referências
Bardin, L. (2016). Análise de Conteúdo. São Paulo: Edições 70. (Obra original publicada em 1977)
Campos, C. J. G. (2004). Método de análise de conteúdo: Ferramenta para a análise de dados qualitativos no campo da saúde. Revista Brasileira de Enfermagem, 57, 611-614.
Coppus, A. N. S., & Netto, M. V. R. S. (2016). A inserção do psicanalista em uma unidade de tratamento intensivo. Psicologia: ciência e profissão, 36(1), 88-100.
Fattore, A. F. P. (2017). O analista na UTI: Angústia e o ato analítico. In M. R. Faria (Org.), O psicanalista na instituição, na clínica, no laço social, na arte (pp. 81-88). São Paulo: TORO Editora.
Flick, U. (2002). Entrevista episódica. In M. W. Bauer & G. Gaskell (Orgs.), Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som (pp. 114-126). Rio de Janeiro: Vozes.
Freud, S. (1996a). Além do princípio do prazer. In Edição Standard Brasileira das Obras psicológicas Completas de Sigmund Freud (J. Salomão, Trad., Vol. 18, pp. 135-167). Rio de Janeiro: Imago. (Originalmente publicada em 1920)
Freud, S. (1996b). O estranho. In Edição Standard Brasileira das Obras psicológicas Completas de Sigmund Freud (J. Salomão, Trad., Vol. 17, pp. 237-272). Rio de Janeiro: Imago. (Originalmente publicada em 1919)
Freud, S. (1996c). O futuro de uma ilusão. In Edição Standard Brasileira das Obras psicológicas Completas de Sigmund Freud (J. Salomão, Trad., Vol. 21, pp. 15-63) Rio de Janeiro: Imago. (Originalmente publicada em 1927)
Freud, S. (1996d). Inibições, sintomas e ansiedade. In Edição Standard Brasileira das Obras psicológicas Completas de Sigmund Freud (J. Salomão, Trad., Vol. 14, pp. 82-167). Rio de Janeiro: Imago. (Originalmente publicada em 1926)
Freud, S. (1996e). O mal-estar na civilização. In Edição Standard Brasileira das Obras psicológicas Completas de Sigmund Freud (J. Salomão, Trad., Vol. 21, pp. 67-148). Rio de Janeiro: Imago. (Originalmente publicada em 1930)
Freud, S. (1996f). Reflexões para os tempos de guerra e morte. In Edição Standard Brasileira das Obras psicológicas Completas de Sigmund Freud (J. Salomão, Trad., Vol. 13, pp. 162-182). Rio de Janeiro: Imago. (Originalmente publicada em 1915)
Freud, S. (1996g). Sobre a transitoriedade. In Edição Standard Brasileira das Obras psicológicas Completas de Sigmund Freud (J. Salomão, Trad., Vol. 14, pp. 313-319). Rio de Janeiro: Imago. (Originalmente publicada em 1916)
Freud, S. (1996h). Esboço de psicanálise. In Edição Standard Brasileira das Obras psicológicas Completas de Sigmund Freud (J. Salomão, Trad., Vol. 23, pp. 89-134). Rio de Janeiro: Imago. (Originalmente publicada em 1940)
Freud, S. (1996i). O inconsciente. In Edição Standard Brasileira das Obras psicológicas Completas de Sigmund Freud (J. Salomão, Trad., Vol. 13, pp. 95-128). Rio de Janeiro: Imago. (Originalmente publicada em 1915)
Kehl, M. R. (2010). O tempo e o cão. São Paulo: Boitempo Editorial.
Machado, M. V. (2011). O lugar do psicanalista nos hospitais gerais: Entre os dispositivos clínicos e os dispositivos institucionais. Dissertação de Mestrado, Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília, Brasília, DF.
Moretto, M. L. T. (2019). O que pode um analista no hospital? Belo Horizonte: Artesã.
Pinto, J. M. (2005). Prefácio. In M. D. Moura (Org.), Psicanálise e hospital - novas versões do pai: Reprodução assistida e UTI (pp. 9-14). Belo Horizonte: Autêntica.
Simonetti, A. (2018). Manual de Psicologia hospitalar: O mapa da doença. Belo Horizonte: Artesã.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2021 Revista Subjetividades
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.
Para autores: Cada manuscrito deverá ser acompanhado de uma “Carta de submissão” assinada, onde os autores deverão declarar que o trabalho é original e inédito, se responsabilizarão pelos aspectos éticos do trabalho, assim como por sua autoria, assegurando que o material não está tramitando ou foi enviado a outro periódico ou qualquer outro tipo de publicação.
Quando da aprovação do texto, os autores mantêm os direitos autorais do trabalho e concedem à Revista Subjetividades o direito de primeira publicação do trabalho sob uma licença Creative Commons de Atribuição (CC-BY), a qual permite que o trabalho seja compartilhado e adaptado com o reconhecimento da autoria e publicação inicial na Revista Subjetividades.
Os autores têm a possibilidade de firmar acordos contratuais adicionais e separados para a distribuição não exclusiva da versão publicada na Revista Subjetividades (por exemplo, publicá-la em um repositório institucional ou publicá-la em um livro), com o reconhecimento de sua publicação inicial na Revista Subjetividades.
Os autores concedem, ainda, à Revista Subjetividades uma licença não exclusiva para usar o trabalho da seguinte maneira: (1) vender e/ou distribuir o trabalho em cópias impressas ou em formato eletrônico; (2) distribuir partes ou o trabalho como um todo com o objetivo de promover a revista por meio da internet e outras mídias digitais e; (3) gravar e reproduzir o trabalho em qualquer formato, incluindo mídia digital.
Para leitores: Todo o conteúdo da Revista Subjetividades está registrado sob uma licença Creative Commons Atribuição (CC-BY) que permite compartilhar (copiar e redistribuir o material em qualquer suporte ou formato) e adaptar (remixar, transformar e criar a partir do material para qualquer fim) seu conteúdo, desde que seja reconhecida a autoria do trabalho e que esse foi originalmente publicado na Revista Subjetividades.