(Im)possibilidade de mobilização subjetiva na clínica das patologias do trabalho: o caso das professoras readaptadas

Autores

  • Graziele Alves Amaral Universidade Federal de Goiás (UFG) / Regional Jataí - Unidade Acadêmica Especial de Ciências Humanas e Letras.
  • Ana Magnólia Mendes Universidade de Brasília. Instituto de Psicologia, Departamento de Psicologia Social e do Trabalho.
  • Emílio Peres Facas Universidade de Brasília. Instituto de Psicologia, Departamento de Psicologia Social e do Trabalho.

DOI:

https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v19i2.e8987

Palavras-chave:

mobilização subjetiva, readaptação profissional, clínica do trabalho.

Resumo

A partir da constatação de que os estudos em clínica psicodinâmica do trabalho enfocam trabalhadores em situação de normalidade e não expressam, claramente, como a mobilização subjetiva ocorre a partir da escuta clínica, pretendeu-se, com este artigo, problematizar o conceito dejouriano de mobilização subjetiva em contexto de trabalhadores adoecidos. A pesquisa foi realizada com base no referencial teórico e metodológico da psicodinâmica do trabalho. Foram realizadas 22 sessões de clínica do trabalho com professoras readaptadas do Distrito Federal e os dados foram analisados conforme a técnica de análise clínica do trabalho. A mobilização subjetiva, como um processo de resgate do sentido e do prazer no trabalho, não foi possível de ser alcançada na clínica. Esse resultado se deve ao fato de o trabalho na readaptação se constituir em um trabalho morto, inclusive no sentido de contribuir para o isolamento e a exclusão dessas profissionais, levando ao desmoronamento dos laços sociais e à impossibilidade de uma mobilização coletiva potente o suficiente para mudar as questões estruturais desse não trabalho a que estão submetidas. Apesar de defender a impossibilidade de mobilização subjetiva em um trabalho morto, a grande contribuição da clínica do trabalho realizada foi no sentido de demonstrar a potência política da clínica do trabalho a partir de novos destinos que as professoras adoecidas puderam dar ao sofrimento.

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Biografia do Autor

Graziele Alves Amaral, Universidade Federal de Goiás (UFG) / Regional Jataí - Unidade Acadêmica Especial de Ciências Humanas e Letras.

Professora Adjunta do curso de Psicologia da Universidade Federal de Goiás (UFG) / Regional Jataí - Unidade Acadêmica Especial de Ciências Humanas e Letras.

Doutora em Psicologia Social, do Trabalho e das Organizações pela Universidade de Brasília (UnB), Mestre em Administração pela FEAD, Psicóloga pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Ana Magnólia Mendes, Universidade de Brasília. Instituto de Psicologia, Departamento de Psicologia Social e do Trabalho.

Professora da Universidade de Brasília, Instituto de Psicologia, Departamento de Psicologia Social e do Trabalho e Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social, do Trabalho e das Organizações - PSTO.

Pós-Doutorado na Université de Nice-Sophia Antipolis, Estágio Sênior no Freudian-LacanianInstituteAprès-Coup PsychoanalyticAssociation em parceria com a Schoolof Visual Arts, New York (EUA). Estágio Pós-Doutorado no ConservatoireNationaldesArts et Métiers (CNAM), Paris. Doutorado em Psicologia pela UnB e sanduíche na Universidade de Bath, Inglaterra, mestrado e graduação em Psicologia.

Emílio Peres Facas, Universidade de Brasília. Instituto de Psicologia, Departamento de Psicologia Social e do Trabalho.

Professor da Universidade de Brasília, Instituto de Psicologia, Departamento de Psicologia Social e do Trabalho e Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social, do Trabalho e das Organizações - PSTO.

Psicólogo, Doutor em Psicologia Social, do Trabalho e das Organizações pela Universidade de Brasília com período sanduíche em Université Catholique de Louvain. Mestrado em Psicologia Social, do Trabalho e das Organizações e Graduação em Psicologia pela Universidade de Brasília.

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Publicado

29.08.2019

Como Citar

Amaral, G. A., Mendes, A. M., & Facas, E. P. (2019). (Im)possibilidade de mobilização subjetiva na clínica das patologias do trabalho: o caso das professoras readaptadas. Revista Subjetividades, 19(2), Publicado em: 29/08/2019. https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v19i2.e8987

Edição

Seção

Relatos de Pesquisa