Escrita poética e elaboração analítica: fazer com o impossível de ser dito
Resumo
O artigo toma como objeto a impossibilidade envolvida no ato do escritor para aproximá-la da que está em jogo para o sujeito no percurso de uma análise. Recorre aos testemunhos de Guimarães Rosa e Clarice Lispector, entre outros autores, que ao se depararem com uma constante defasagem entre o vivido e seu relato, encontram também com o impossível de alcançar na escrita, ou seja, com uma inatingível completude do texto. Reconhece aí elementos que causam os embaraços com que se depara o escritor para melhor identificar aqueles que rondam o analisante. O objetivo do trabalho não se reduz à mera analogia entre o fazer do escritor e o do paciente, mas busca estender para o trabalho em análise as questões cruciais apresentadas àquele que escreve. Conclui que o escritor, ao ver que nem tudo cabe em palavras, se submete a esse impossível para paradoxalmente achar a via que o leva a sua obra. Trata-se de examinar a operação que resulta nesse achado para iluminarmos a travessia do sujeito do inconsciente.Downloads
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