Objetos (In)visíveis: Psicanálise, Espetáculo e a Arte de Vik Muniz
DOI:
https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v18i2.6885Palavras-chave:
arte, capitalismo, espetáculo, psicanálise, Vik Muniz.Resumo
As questões propostas neste ensaio nascem de três encontros: o primeiro, com a teoria lacaniana a respeito da constituição do sujeito a partir do campo do Outro; o segundo, com a obra de Guy Debord sobre A Sociedade do Espetáculo; o terceiro, com o trabalho do artista brasileiro Vik Muniz. O que une esses três encontros é o desejo de pensar nas relações do sujeito com o social e nas questões que suscitam a respeito do laço social em nossa sociedade capitalista, na qual visibilidade e cidadania se confundem com a capacidade de consumo. Se o sujeito depende do olhar do outro para se estruturar, e é o poder aquisitivo que, nesse contexto, lhe dá lugar no espaço público, já não basta consumir, é preciso mostrar aquilo que se consome, transformando a si mesmo em objeto consumível. Este ensaio propõe que o espetáculo, conforme o definiu Debord, é o modo como o laço social se apresenta a partir da estrutura que Lacan definiu como discurso capitalista, e que produz efeitos de reificação e de apagamento da singularidade do sujeito através da antecipação de respostas para as questões que o desejo coloca. No entanto, nem todas as imagens que vemos são iguais, nem todas estão submetidas à lógica espetacular. A arte propõe imagens a partir de outro lugar, compartilhado com a psicanálise: aquele que busca desestabilizar o eixo dos discursos prontos e das produções de sentido. E é esta também a proposta de trabalho de Vik Muniz ao criar ilusões que não iludem, mas revelam os elementos que as constituem. Assim, diante dos imperativos do espetáculo, da arte e da psicanálise, ao sustentarem a potência do nome que falta, possibilitam que o sujeito de desejo encontre brechas por onde resistir.
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