Biopolítica na Assistência aos Usuários de Álcool e Outras Drogas
DOI:
https://doi.org/10.5020/23590777.15.3.389-397Palavras-chave:
biopolítica, subjetividade, centros de atenção psicossocial, droga, diálogoResumo
Este artigo analisa as estratégias biopolíticas que operam na assistência à saúde das pessoas que fazem uso abusivo de álcool e outras drogas, tendo em vista os aspectos macro e micropolíticos do processo de trabalho em um Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPSad). Trata-se do resultado de pesquisa qualitativa realizada junto a todos os profissionais que atuavam naquele Centro, durante os meses de janeiro a agosto de 2014. Foram realizadas 80 horas de observação, entrevista coletiva com a participação de dez profissionais e 13 entrevistas em profundidade, seguidas da Análise Temática. Constatamos que, apesar da busca de desinstitucionalização dos serviços de saúde mental, há ainda práticas tutelares que persistem na 'lógica manicomial', da qual querem se distanciar. Percebemos que há formas de captura biopolítica que sutilmente operam na assistência a estes usuários. Entre elas, destacamos a 'higienização das ruas', o fortalecimento da dependência à instituição e a supremacia da burocracia em detrimento do cuidado. Assim, no que concerne o aspecto macropolitico, é necessária a concretização de uma rede de atenção articulada, pois, só assim, se conseguirá junto ao usuário construir estratégias efetivas de autonomia, ou melhor, não dependência; tanto das substancias psicoativas e do álcool quanto de um serviço. Em relação ao aspecto micropolitico, a autonomia do usuário se dará por meio da realização de práticas de acolhimento-diálogo, a fim de que a permanência deste na instituição não seja mais necessária.Downloads
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