A Pessoa Medicada e o HIV/AIDS: Subjetividade, Adesão ao Tratamento e Biopolíticas

Autores

  • Ricardo Delgado Marques de Lima Universidade Católica de Pernambuco
  • Maria Cristina Lopes de Almeida Amazonas Universidade Católica de Pernambuco
  • Luciana Leila Fontes Vieira Universidade Federal de Pernambuco

DOI:

https://doi.org/10.5020/23590777.15.3.375-388

Palavras-chave:

aids, processos de subjetivação, adesão ao tratamento, biopolíticas, Foucault

Resumo

O objetivo deste artigo é interrogar as implicações do uso da medicação no processo de subjetivação das pessoas vivendo com HIV/Aids (PVHA) e a adesão ao tratamento. Problematizou-se o lugar central da medicação no discurso da saúde sobre o tratamento dessas pessoas. Trata-se de uma pesquisa qualitativa. Utilizou-se de entrevistas semiestruturadas, com a pergunta disparadora: “como é, para você, viver com o HIV/Aids?”. Foram entrevistados 6 sujeitos, sendo 2 mulheres e 4 homens, todos eles usuários de um SAE (Serviço de Atendimento Especializado em DST/Aids) no Recife-PE. Utilizou-se uma amostragem acidental e intencional. A referência tomada para construir uma teorização a partir dos achados foi inspirada no pensamento de Michel Foucault, especialmente na genealogia do sujeito. Aponta-se como Foucault não possui instrumentos prontos para conduzir suas pesquisas. O que faz são inquirições empíricas precisas sobre áreas e campos muito específicos, sem pretensões globais ou gerais sobre seus campos de estudo. Realizou-se uma analítica do sujeito, e não uma análise do discurso no formato tradicional, que deve ser compreendida como a problematização de processos de subjetivação que se dão pela articulação entre regimes de verdade e formas éticas de relação consigo e com o outro, uma genealogia do sujeito. Destacam-se os referenciais ao biopoder e à biopolítica nesses processos de subjetivação de PVHA. A Aids parece ter circulado como um discurso e serviu como experiências que participaram na formatação de sujeitos, produzindo corpos dóceis e operacionalizando uma governabilidade sobre o corpo individual e da população. Essa gerência da vida fica bem evidente na adesão ao tratamento, observando-se o discurso médico-científico coordenando as formas de subjetivação das PVHA e suas maneiras de conduzir seus tratamentos, o uso da medicação e a adesão, mostrando como o discurso sobre a Aids foi articulado por vários dispositivos e passou a governar a vida.

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Publicado

18.07.2016

Como Citar

de Lima, R. D. M., Amazonas, M. C. L. de A., & Vieira, L. L. F. (2016). A Pessoa Medicada e o HIV/AIDS: Subjetividade, Adesão ao Tratamento e Biopolíticas. Revista Subjetividades, 15(3), 375–388. https://doi.org/10.5020/23590777.15.3.375-388

Edição

Seção

Dossiê: Biopolítica