O mal-estar no trabalho: a culpa como mal-estar e a culpa do mal-estar

Autores

  • Waldir Périco UNESP
  • José Sterza Justo UNESP

Palavras-chave:

Trabalho, Mal-estar, Conflito de Classes, Sublimação, Freudo-Marxismo.

Resumo

Trata-se de uma pesquisa teórico-reflexiva que pretende, à luz das teorias Psicanalítica e Freudo-Marxista, pensar o mal-estar no trabalho – efeito de uma civilização repressiva –, bem como suas possibilidades sublimatórias, no contexto das discussões sobre o conflito indivíduo-civilização. O trabalho propicia ao homem o essencial para a sua representação de si e do mundo. Pesquisas atuais indicam a importância de se pensar o trabalho no entendimento do processo saúde/doença física e mental, bem como da subjetividade do homem na atualidade. Entretanto, as organizações de trabalho, usando de entendimentos reducionistas, tendo como cúmplice o Saber/Poder médico-psiquiátrico, tendem a desconsiderar sua parcela de responsabilização na “produção” das enfermidades nos trabalhadores, principalmente as que se referem ao psíquico. Freud, partindo da compreensão das neuroses, destacou que, no conflito indivíduo-civilização, o primeiro paga um alto preço: o mal-estar constante (a culpa como malestar). Ao passo que quem detém a culpa, no sentido social da palavra (a culpa do mal-estar), é a cultura humana, intermediada pelas organizações, sendo estas defensoras dos interesses da minoria detentora dos meios de produção/exploração. Para Freud, o crescimento do sentimento de culpa é inevitável, dada a necessidade da repressão das pulsões para o progresso cultural por meio do trabalho desprazeroso. Entretanto, Reich e Marcuse teorizam uma saída para o pessimismo freudiano acerca do conflito entre o indivíduo e a civilização. Freud não teria ponderado devidamente a natureza sócio-histórica do Princípio de Realidade, considerando este universal. Portanto, o nível de repressão possuiria classe socioeconômica específica: mais-valia para uma minoria e mais-repressão para a grande massa. Um Princípio de Realidade menos repressivo poderia proporcionar um progresso cultural mais justo e humanizador. Continua, como nunca, na pauta de discussão, a possibilidade do trabalho em condições sociais e psicológicas que permitam a redução do mal-estar das massas de trabalhadores no seio da civilização.

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Publicado

25.05.2016

Como Citar

Périco, W., & Justo, J. S. (2016). O mal-estar no trabalho: a culpa como mal-estar e a culpa do mal-estar. Revista Subjetividades, 11(1), 135–169. Recuperado de https://ojs.unifor.br/rmes/article/view/4979

Edição

Seção

Artigos