O corpo idealizado de consumo: paradoxos da hipermodernidade

Autores

  • Maria de Fátima Vieira Severiano Universidade Federal do Ceará
  • Mariana Oliveira do Rêgo Universidade Federal do Ceará
  • Érica Vila Real Montefusco Universidade Federal do Ceará

Palavras-chave:

Corpo. Consumo. Hipermodernidade. Transtornos alimentares. Excessos.

Resumo

Em tempos hipermodernos, nos quais reina o paradoxo do “elogio da moderação e da cultura do excesso” (Lipovetsky, 2004), os corpos, cada vez mais, ganham visibilidade e são tratados enquanto mercadoria a ser vendida pela indústria cultural e pela indústria da saúde. A publicidade, não raro, dá a impressão de que um corpo perfeito, veiculado como sinônimo de saúde, bem-estar e felicidade, está ao alcance de todos, desde que seguidas as devidas prescrições. Assim, o corpo é tratado enquanto “corpo rascunho”, que pode ser modelado e remodelado a gosto de seu “proprietário” no intuito de alcançar o modelo ideal. Diante deste contexto, temos por objetivo, neste artigo, refletir criticamente sobre as diversas facetas desse paradoxo expresso na atual modalidade de “bem-estar” / “mal-estar”, com ênfase em seus “excessos”. Adotamos por eixo teórico-metodológico o referencial da Escola de Frankfurt (Teoria Crítica), além de dados coletados em uma pesquisa acerca dos distúrbios de auto-imagem: anorexia, bulimia e vigorexia. Essa investigação qualitativa, realizada em blogs e sites de relacionamentos Orkut de sujeitos portadores dos referidos distúrbios, nos forneceu dados relativos às contemporâneas formas de disciplina/controle, exclusão social/auto-confinamento e metamorfoses corporais, além de depoimentos significativos vinculados à influência das novas tecnologias e dos modelos midiáticos na busca pelo corpo idealizado do consumo. A análise teórico-crítica apontou para a não existência de um verdadeiro paradoxo, mas sim de um excesso de obediência às normas ideais do corpo padrão, que, quando não cumpridas, engendram sentimentos de fracasso e “mal-estar”. O “bem-estar” transmuta-se, pois, em “mal-estar”, numa jornada em que o prazer se associa ao esforço, o sucesso ao controle e a perfeição ao sofrimento.

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Publicado

24.05.2016

Como Citar

Severiano, M. de F. V., Rêgo, M. O. do, & Montefusco, Érica V. R. (2016). O corpo idealizado de consumo: paradoxos da hipermodernidade. Revista Subjetividades, 10(1), 137–165. Recuperado de https://ojs.unifor.br/rmes/article/view/4919

Edição

Seção

Artigos