A servidão mais que voluntária: dispositivos burocráticos em instituição de saúde mental

Autores

  • Iza Maria Abadi de Oliveira PUC-SP
  • Luciane Gheller Veronese UNIJUÍ
  • Claudia Maria de Sousa Palma Universidade Federal de Santa Maria- UFSM

Palavras-chave:

burocracia, modalidades de perversidade, instituição pública, clínica, ética

Resumo

Este trabalho propõe uma reflexão acerca de alguns efeitos do discurso burocrático num funcionamento institucional na clínica da saúde mental. Trata-se de um exercício que exige muitos caminhos a percorrer. Contudo, tentamos indicar alguns pontos deste tema de maior pertinência, uma vez que um pressuposto fundamental da ética psicanalítica é a indissociabilidade entre clínica e política. Para a sustentação deste debate, acompanharemos os estudos de Arendt (1979; 1999; 2006) e as reflexões de Lacan (1998a; 1998b;1991), pois possibilitam inferir que determinadas formas de funcionamento institucional podem conter dispositivos de perversidade, estando em causa o encobrimento do sujeito e estratégias de dominação do Outro, e permitem fazer uma aproximação entre o discurso burocrático e uma modalidade de perversidade. Quando os dispositivos institucionais são transformados em normas rígidas, prevalecendo a impessoalidade e a desautorização da construção de um saber, o paciente as obedecendo subservientemente, se encontra numa posição autônomata, cronificando seu padecimento. Uma das direções clínicas para estas formas de funcionamento pode ser o trabalho com os dejetos institucionais. Ou seja, parece ser um recurso clínico fundamental a escuta daquilo que retorna como efeito de um discurso automatizado, circunscrito na impessoalidade, podendo, assim, indicar palavras que possam estabelecer uma dimensão subjetiva.

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Publicado

24.05.2016

Como Citar

Oliveira, I. M. A. de, Veronese, L. G., & Palma, C. M. de S. (2016). A servidão mais que voluntária: dispositivos burocráticos em instituição de saúde mental. Revista Subjetividades, 9(4), 1343–1354. Recuperado de https://ojs.unifor.br/rmes/article/view/4913

Edição

Seção

Artigos