Formação como deformação: esgotamento entre Nietzsche e Deleuze
Resumo
O objetivo deste artigo é oferecer ferramentas conceituais que possam ajudar na reflexão acerca da questão da formação como deformação a partir de alguns movimentos na obra de Nietzsche e de Gilles Deleuze. Para Nietzsche, “estamos cansados do homem, nós sofremos do homem”. Com isso, ele quer dizer que o que nos cansa e o que nos faz sofrer é o fato de que o homem se tornou algo como médio, medíocre e insosso. É o diagnóstico de Nietzsche do que emerge no final do século XVIII na cultura. E essa mesmice do homem, este apequenamento do homem, tornou-se a meta da nossa civilização, não um acidente de percurso, mas uma meta. Como resistir a essa forma-homem? Com essa pergunta, Gilles Deleuze diz que: “Resistir significa extrair desse homem as forças de uma vida mais afirmativa”. Para isso tudo, auxilia- nos um filete cortante, um fio tênue e potente que atravessa a obra de Deleuze e se inscreve em uma das maneiras pelas quais ele leu Nietzsche. Na sensibilidade contemporânea, este fio diz respeito a muitas de suas configurações, em sobreposição. Essa linha de força é capaz de amarrar ou desamarrar muitos feixes de fenômenos atuais, problematizando quatro movimentos justapostos na alma dos tempos de agora, permitindo pensar coexistências e simultaneidades. Tratarei detidamente esses movimentos e traçarei um arco histórico para problematizar as formas autodeformantes em sua nocividade e fecundidade na contemporaneidade. Questão tratada por Deleuze no seu último longo texto, publicado em 1992, intitulado “L’épuisé” [“O esgotado”], cujo tema é o esgotamento do possível. O esgotamento não é um estado de prontidão, que guardaria um certo campo pragmático. A ativação no esgotamento é uma vibração intensiva, não é para alguma coisa. É poder dizer um sim à vida, tal como ela seja. Palavras-chave: formação, deformação, forma-homem, esgotamento, vibração intensiva.Downloads
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